Há uma ofensiva em curso em torno da aprovação do Projeto de Lei 2630, o PL das Fake News. O projeto, que se encontrava desmoralizado desde maio de 2023, quando seu relator, Orlando Silva (PCdoB), foi obrigado a adiar a sua votação devido à falta de apoio, agora voltou a ser exaltado pelo monopólio da imprensa golpista.
A retomada da ofensiva em torno do PL 2630 teve início com a primeira dama do Brasil, Rosângela “Janja” da Silva. Ela, após ter sua conta no X invadida, começou uma campanha pela regulamentação das redes sociais. A direita, no Congresso Nacional, logo prometeu que iria discutir o projeto das “fake news“. O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, por sua vez, afirmou em entrevista que a aprovação do PL seria uma “prioridade”.
Fatos recentes colocaram ainda mais água no moinho do PL das Fake News: uma moça teria se suicidado por causa de uma fofoca espalhada sobre ela nas redes sociais e, por fim, o youtuber PC Siqueira tirou a própria vida após ser vilipendiado e caluniado pelas mesmas pessoas que agora estão defendendo o controle da Internet.
Os dois suicídios, junto com o escândalo feito pela primeira dama, deram lugar a uma campanha orquestrada, organizada pela aprovação de um projeto criminoso como o PL das Fake News. Essa não é, nem de longe, a primeira vez que tal campanha acontece no Brasil. A imprensa brasileira, com a ajuda de outros agentes políticos, sempre se valeu de acontecimentos com grande impacto emocional para desferir ataques contra a população brasileira.
A campanha é sórdida: é a exploração da desgraça alheia para aprovar leis antidemocráticas, e isso precisa de uma resposta. É preciso iniciar, imediatamente, uma campanha pela rejeição do PL 2630. O pacote irá estabelecer uma verdadeira ditadura na Internet que, além de calar a imprensa independente e as pessoas que denunciam os crimes do imperialismo, como os que ocorrem hoje na Faixa de Gaza, também servirá para restabelecer o monopólio da informação no Brasil para os grandes meios de comunicação. Não é à toa que o jornalista Joaquim de Carvalho, que apoia o governo Lula, chama o projeto de “PL da Globo”.
O PL das Fake News, portanto, é um projeto para beneficiar os poderosos, aqueles que, dia e noite, conspiram contra o povo. Apesar disso, não há como negar que uma parte da esquerda nacional está apoiando a iniciativa, como pode ser visto na postura da própria primeira-dama. Mas será a própria esquerda a maior prejudicada.
O Partido dos Trabalhadores (PT), ao decidir encabeçar a campanha pelo PL das “Fake News”, vai acabar marcado como responsável por essa medida draconiana contra a Internet. Trata-se, na verdade, de um casamento grotesco entre o PT e a direita, mas que marcará principalmente o governo Lula, sob o qual acontecem as negociações para a aprovação do projeto.
O PL das Fake News, assim, ao mesmo tempo em que vai estabelecer uma dura censura contra a esquerda e o movimento popular, ainda contribuirá para tornar o governo impopular perante as massas, abrindo o caminho para novas crises.