Ontem, dia 29 de janeiro, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro. A operação foi conduzida na residência de férias da família do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e em outros oito endereços, incluindo o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
A família de Bolsonaro, que estava ocupando a casa em Angra dos Reis, saiu para pescar em alto-mar utilizando a lancha da família às 05 da manhã, antes da chegada da PF. A ação é parte da operação Vigilância Aproximada, que teve como seu principal alvo o ex-diretor da Abin da gestão Bolsonaro e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
A operação Vigilância Aproximada investiga a suspeita de que a Abin teria sido usada de maneira pessoal para atender os interesses políticos da família Bolsonaro durante a presidência de Jair Messias Bolsonaro.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é o órgão primordial do sistema de inteligência federal, encarregado de gerar informações estratégicas sobre assuntos sensíveis, como ameaças à democracia, segurança das comunicações governamentais, política externa e terrorismo.
Esta suspeita surgiu durante a gestão do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o qual foi alvo de buscas na Operação Vigilância Aproximada. A PF apreendeu computadores, documentos e pendrives na residência e no escritório de Ramagem. Sete policiais federais que colaboravam com Ramagem na Abin foram afastados por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que está a cargo do caso.
As investigações apontam para a existência de uma organização paralela que teria estabelecido uma estrutura dentro da Abin, utilizando recursos e serviços da agência para atividades ilícitas e de espionagem, incluindo interferência em investigações da PF e produção de informações para benefício político.
Uma das descobertas da investigação foi o uso do software “First Mile” pela Abin para monitorar adversários políticos de Bolsonaro, como Rodrigo Maia, Camilo Santana e governadores de oposição.
Alexandre Ramagem é investigado por supostamente autorizar investigações sem autorização judicial e sem justificativa. A PF encontrou evidências de que essas investigações buscavam validar notícias falsas propagadas por grupos apoiadores de Bolsonaro.
Além disso, a Abin teria sido utilizada para produzir informações que beneficiaram os filhos de Bolsonaro em investigações criminais, como o caso das “rachadinhas” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro e inquéritos relacionados a Jair Renan. O senador nega ter sido favorecido pela Abin.
Flávio Bolsonaro nega qualquer favorecimento por parte da Abin, ressaltando que sua vida foi investigada intensamente por quase cinco anos sem que nada incriminatório fosse encontrado, com as investigações sendo arquivadas pelos tribunais superiores.
“É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro. Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia”, declarou Flávio Bolsonaro, senador pelo PL, ao portal de notícias Estadão.
O ministro da Educação, Camilo Santana, expressou sua preocupação com a espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nesta segunda-feira (29 de janeiro de 2024). De acordo com a Polícia Federal (PF), Santana teria sido um dos políticos monitorados pela agência durante seu mandato como governador do Ceará.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, sobre a operação, que a ordem judicial emitida por Alexandre de Moraes, do STF, é “”ilegal, imoral e genérico”, tendo em vista que a ordem emitida visava a atingir toda a família Bolsonaro, que estava na casa de férias em Angra dos Reis, segundo declaração de Eduardo no X.
“O mandado de apreensão era datado de hoje, 29/JAN. Ou seja, durante o recesso, logo após a super live que pela 1º vez reuniu Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e eu, Alexandre de Moraes escreveu os mandados. Tudo confeccionado entre meia-noite e 06:00h de hoje. Ao que tudo indica, para que todos fossem objeto de busca com base em investigação direcionado ao Carlos”, declarou Eduardo Bolsonaro no X.
Carlos Bolsonaro planeja concorrer à reeleição para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro e assumirá o papel de coordenador da campanha à prefeitura da capital fluminense para Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que é filiado ao mesmo partido que o da família Bolsonaro.