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São Paulo

PM baleia rosto de criança de 7 anos e tenta esconder provas

Vídeo flagra policiais de Tarcísio de Freitas (Republicanos) recolhendo objetos da rua onde a criança foi atingida

Na manhã dessa quarta-feira (17), a Polícia Militar do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) atirou no olho de um menino de sete anos durante uma operação em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. O menino, que estava caminhando em direção à casa de sua babá acompanhado de sua mãe, Luana Carmo Veríssimo, foi encaminhado ao Hospital Campo Limpo. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que seu estado de saúde é estável.

O ataque à criança teria sido resultado de um tiroteio na Viela Passarinho. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que policiais militares realizavam um patrulhamento na região quando foram recebidos a tiros por “criminosos”. Os tais “criminosos”, entretanto, fugiram após a reação dos policiais, que acertaram o menino com, provavelmente, estilhaços.

“Todas as circunstâncias dos fatos estão sendo apuradas para investigar a origem do ferimento da criança”, disse a SSP. O caso está sendo registrado no 89° DP.

Um vídeo publicado nas redes sociais flagra policiais recolhendo provas no local onde a criança foi baleada, na rua Ernest Renan. A gravação mostra cerca de 10 soldados conversando entre si, apontando para lados diferentes e recolhendo itens do chão. Nesse sentido, ao que tudo indica, os agentes de Tarcísio estariam tentando limpar qualquer comprovação de que teriam acertado o garoto. Veja, abaixo, conforme publicado pelo Uol:

Frente a isso, Cláudio Aparecido da Silva, ouvidor da polícia de São Paulo, afirmou que o vídeo mostra uma “tentativa muito grave de fraude processual”. “[Eles parecem procurar ou recolher] estojos de projéteis de arma de fogo”, afirma o ouvidor.

Ele afirmou que solicitará à Corregedoria da PM que aqueles envolvidos no episódio sejam afastados:

“A gente está pedindo o imediato afastamento dos policiais envolvidos na ocorrência e pedindo que a Corregedoria avalie também o afastamento dos policiais que estavam envolvidos nessa tentativa de fraude processual.”

O Diário Causa Operária (DCO) tentou contato com a SSP de São Paulo solicitando esclarecimentos acerca do ocorrido. Até o fechamento desta edição, entretanto, não recebeu resposta.

Gilson Rodrigues, identificado como representante da comunidade, afirmou que uma manifestação será feita ainda na quinta-feira (18), em frente à União dos Moradores. “Vamos pedir uma agenda com o governador. Se ele não nos receber, iremos até o Palácio [dos Bandeirantes]”, disse Rodrigues.

A PM de Tarcísio de Freitas está se consagrando como uma das mais sanguinolentas da história de São Paulo. Nos últimos meses, por meio da chamada “Operação Verão”, foi responsável pela morte de cerca de 56 pessoas na Baixada Santista, a maior chacina do estado desde o Massacre do Carandiru. Tal operação foi feita em retaliação ao suposto assassinato de um policial na região.

Na madrugada do último domingo (14), um soldado da PM desapareceu na Baixada Santista. Frente a isso, começaram a surgir rumores de que o governo retomaria a Operação Escudo. O porta-voz da PM, Emerson Massera, afirmou, em entrevista à TV Band, que:

“A Operação Escudo já foi retomada com todo rigor. A tendência é que ela seja ainda mais reforçada. Nós não descansaremos enquanto os responsáveis por esse crime sejam identificados e respondam efetivamente por ele.”

A Secretaria de Segurança Pública, por sua vez, declarou, em nota, ter aumentado o policiamento na região a partir de segunda-feira (15) como consequência do desaparecimento do soldado. “Cerca de 250 policiais foram deslocados para reforçar o policiamento na região e auxiliar nas buscas”, afirmou.

O governador Tarcísio de Freitas, entretanto, negou a retomada da operação ao conversar com jornalistas na manhã da quarta-feira. “Não, não tem Operação Escudo. Nada disso”, afirmou o governador, que continua: “a busca pelo soldado desaparecido vai continuar. Ontem foi encontrado um corpo, mas não era do PM. Ali tem uma outra questão, não foi uma ocorrência em operação”.

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