A ação truculenta da Polícia Militar do Estado de São Paulo causou a morte de Albert Wanderson de Moraes Baltman e Manuella Souza Carvalho, um adolescente de 18 anos e uma menina de 13, respectivamente, na madrugada da última segunda-feira (13), no bairro de São Mateus, na zona leste da capital paulista.
A família de Manuella conseguiu acesso às câmeras de segurança que havia no local e constataram que a viatura da PM seguia a motocicleta da dupla, em alta velocidade, quando se pode ouvir um estrondo alto e a sirene da polícia foi repentinamente silenciada.
Segundo alguns vizinhos do local que presenciaram a batida da viatura na moto do casal, a PM, ao invés de socorrer os dois feridos, procurou a vizinhança para saber quem teria câmeras que com registros do ocorrido para coagi-los a não entregar as imagens para ninguém.
Além da coação aos vizinhos, que acabaram não cedendo às ameaças, o Boletim de Ocorrência registrado no 49º Distrito Policial pelo policial Jhonnes Hipólito não menciona a perseguição da viatura e diz afirma que “o motorista da moto parece ter perdido o controle do veículo, que subiu na calçada e colidiu contra duas barras de ferro e um poste”, segundo o registro no boletim.
O Boletim de Ocorrência ainda indicaria que a viatura teria chegado ao local do ocorrido após a decorrência do fato, para prestar socorro aos acidentados.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo não se pronunciou sobre as imagens mostradas pelas câmeras e limitou se a corroborar as informações do BO fraudulento e a dizer que “qualquer denúncia sobre a conduta dos policiais deve ser notificada à Corregedoria da Instituição para as medidas cabíveis“.
De acordo com os dados oficiais, apenas nos três primeiros meses de 2024 a PM do estado de São Paulo já matou pelo menos 177 pessoas, número que normalmente conta com ampla margem de erro, conforme constatado pela atuação fraudulenta da polícia em diversos casos, indicando prática comum a corporação.
É preciso lembrar também que grande parte das prisões feitas no país são baseadas simplesmente na palavra dos policiais, dispositivo jurídico anti-democrático e que contribui para o encarceramento em massa da população operária pobre, geralmente jovens e negros.
É preciso sair às ruas, organizar a população para pedir o fim da polícia militar. O problema não são os policiais, é o fato de que existem policiais.