Previous slide
Next slide

Antônio Vicente Pietroforte

Professor Titular da USP (Universidade de São Paulo). Possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1989), mestrado em Linguística pela Universidade de São Paulo (1997) e doutorado em Linguística pela Universidade de São Paulo (2001).

Coluna

Os quadrinhos de Kiko Garcia

O terror brasileiro nos quadrinhos da nova geração

Em 1976, quando a Rio Gráfica Editora lançou a revista Kripta, eu tinha por volta de 12 anos de idade, pude acompanhar todos os números e, para quem teve a mesma sorte, certamente se lembra da arte e dos roteiros fantásticos; aquela Kripta brasileira dialogava com as famosas revistas estadunidenses Creepy e Eerie, dos anos 1960, em que monstrengos apresentavam, regularmente, histórias em quadrinhos de terror e ficção científica.

Kiko Garcia, com sua produção independente, a revista Catacumba, refere-se àquela tradição de HQs de terror, contudo, embora fazendo menções às revistas estadunidenses, os trabalhos do Kiko são diferentes por, pelo menos, dois motivos, isto é, os temas e o traço. Enquanto nos quadrinhos de terror estrangeiros e, por decorrência disso, em várias HQs brasileiras, há a presença constante de vampiros, lobisomens, múmias e zumbis, Kiko Garcia evita essas personagens; o único morto-vivo da Catacumba é o simpático apresentador das histórias.

Isso não significa insistir no folclore, tematizando sacis, curupiras ou boitatás, visto que, na Catacumba 1, o tema é o pavor na escada, na 2, loiras macabras, e na 3, antiquários dos horrores, todos eles assuntos habituais em narrativas de terror; nessas circunstâncias, a Catacumba se faz brasileira devido às personagens e ambientações, cuja maioria se refere ao Brasil da virada do século XIX para o século XX. Na Catacumba 1, por exemplo, em “Terror na Escada”, uma das personagens é o famoso ladrão anarquista Gino Meneghetti, quem revolucionou os conceitos de assalto e assaltante, no início do século XX, na cidade de São Paulo; na Catacumba 2, a história “A Loira do Asfalto” se passa em rodovias brasileiras, com os típicos postos de gasolina e borracharias; na Catacumba 3, no primeiro quadrinho da história “O Anel da Falecida”, há a imagem de um galinheiro, ainda comum nos quintais de algumas casas do interior.

Quanto ao traço do desenhista, o leitor atento, certamente, perceberá a diferença entre os traços largos do Kiko Garcia e o modo realista dos desenhos de Frank Frazetta e Steve Ditko, autores da já mencionada revista de terror estadunidense Eerie. No terror de Creepy e Eerie, os traços, apesar das particularidades de cada artista, são bastante realistas, enfatizando-se, assim, as tramas encenadas pelos roteiristas. No Brasil, contrariamente, autores de terror feito Flavio Colin ou Julio Shimamoto diferenciam-se, principalmente, pela singularidade das ilustrações; ao que tudo indica, o Kiko Garcia, com traço próximo da xilogravura característica do nordeste brasileiro, segue pelos mesmos caminhos.

Por fim, os trabalhos do Kiko Garcia se encontram na internet, bastando acessar o site https://www.kikomics.com.br/

 

 

 

 

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.