Por quê estou vendo anúncios no DCO?

São Paulo

Operação que resultou na maior chacina desde Carandiru termina

No total, desde fevereiro deste ano, 56 pessoas foram assassinadas pela polícia a serviço do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Na última segunda-feira (1º), a Operação Verão, responsável pela maior chacina que o estado de São Paulo já viu desde o Massacre do Carandiru, chegou ao fim. No total, desde fevereiro deste ano, 56 pessoas foram assassinadas pela polícia a serviço do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Ao anunciar o fim da operação, Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, afirmou que o efetivo policial na Baixada Santista será ampliado em 341 policiais que, segundo a pasta, passarão a atuar de maneira permanente nas cidades da região.

“A operação cumpriu os seus objetivos, seja capturar alvos identificados por um trabalho de inteligência conjunto entre as polícias como reduzir os índices criminais na Baixada Santista. Agora, com a ampliação do efetivo, podemos dar continuidade a esse combate, que será constante”, afirmou Derrite em seu anúncio.

Segundo o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do Ministério Público Estadual, a operação foi responsável por uma alta de 86% no número de assassinatos cometidos pela PM em São Paulo no primeiro trimestre de 2024. Em comparação com 2023, apenas na Baixada Santista, houve um aumento de 427%. Já em relação a todo o estado de São Paulo, o incremento foi de 86%.

Além dos assassinatos, a operação também foi responsável pela prisão de 1.025 pessoas, incluindo 47 menores de idade. Ademais, segundo as Polícias Civil e Militar, foram apreendidas 2,6 toneladas de drogas e 119 armas de fogo.

Os últimos dados citados estão sendo utilizados pelo governo Tarcísio como “prova” de que a operação teria sido um grande sucesso, que todos os assassinatos cometidos pela polícia teriam sido justificados por este resultado. Muito pelo contrário, fato é que, desde fevereiro, surgiram dezenas de denúncias, principalmente por parte dos moradores da Baixada Santista, que mostram que a PM cometeu execuções, torturou pessoas e forjou uma série de provas.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a última vítima da operação foi Edneia Fernandes Silva, mãe de seis filhos que estava estudando para ser enfermeira, que foi baleada por policiais. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Tarcísio afirmou que ela teria sido atingida em meio a um tiroteio entre policiais militares e dois homens que, supostamente, dispararam cinco vezes contra os agentes fascistas.

Entretanto, essa é a mesma história contada pela polícia desde o começo da operação: “suspeitos” armados atiraram contra a polícia que revidou e os assassinou. Uma justificativa que, diga-se de passagem, deixa implícito que a polícia atua na Baixada Santista para assassinar a população. Afinal, não conseguiram evitar que nenhum confronto tivesse baixas?

Denúncia que reforça a hipótese de que a versão da polícia é mentirosa é a de que várias pessoas que foram assassinadas durante a operação já chegaram mortas aos hospitais ou quando foram atendidas pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU). Ou seja, os policiais estariam tentando despistar os peritos que investigam as circunstâncias das mortes dessas pessoas alterando a cena do crime para que seja mais difícil determinar se houve uma execução e em que circunstâncias ela se deu.

Até mesmo um oficial da Polícia Militar, em entrevista ao G1, reconheceu o crime:

“A perícia num local de crime é fundamental para a resposta, até no sentido de responsabilizar quem cometeu aquele crime. Uma violação de local de crime acaba atrapalhando toda a cadeia de provas. Isso é péssimo para a Polícia Militar, para o sistema de Justiça. Isso é péssimo para manter o local de crime preservar o local de crime de modo que a perícia consiga fazer o seu trabalho é fundamental para o ciclo de polícia e para o ciclo também de percepção criminal. Então, nossa preocupação é grande, é um problema que nós refutamos da máxima gravidade e temos o máximo interesse também em fazer com que o local continue sendo preservado, até que a perícia faça todo o seu trabalho.”

Outra denúncia, feita por parentes de vítimas do massacre da PM, mostram que policiais militares invadiram os enterros de Jefferson Ramos Miranda e Leonel Andrade, baleados e torturados até a morte no meio da rua no dia 9 de fevereiro:

“Além da ação truculenta que a gente conseguiu aferir que efetivamente está acontecendo, percebemos que pós ação truculenta, há um processo de aterrorização das pessoas e inibição para que não digam o que estão vivenciando”, afirma Claudio Silva, ouvidor da Polícia de São Paulo. Segundo ele, o vídeo em que policiais invadem o enterro de Emerson “é uma prova de intimidação concreta e contundente”.

“Além da invasão do cemitério durante o sepultamento, o que inclusive é um ato que contraria a legislação, familiares relatam que a polícia tem passado na casa das vítimas, que as casas têm sido reviradas”, alerta Dimitri Sales, presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (Condepe). “Uma das famílias chegou em casa e estava tudo fora do lugar, objetos quebrados”.

Cabe relembrar que, no começo da operação, no dia 11 de fevereiro, moradores da Baixada Santista denunciaram a uma comitiva formada pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo, Defensoria Pública e por alguns parlamentares que os policiais estavam executando e torturando as vítimas:

“As comunidades por onde a gente passou estão narrando que os policiais falam abertamente nas ameaças que fazem aos jovens usuários de drogas, aos aviõezinhos, que [a polícia] vai vingar o policial morto, que vai deixar filho sem pai, como aconteceu do outro lado, do lado deles. A gente está assistindo a uma operação de vingança e barbárie. A gente ouve aqui relatos absurdos de violência e de tortura, é assustador”, afirmou a deputada Mônica Seixas (PSOL) à Agência Brasil.

No fim, esta operação é uma operação corriqueira da polícia: inventam desculpas e forjam provas para justificar uma matança generalizada contra os trabalhadores. Dessa vez, entretanto, esse tipo de atuação tomou proporções enormes, entrando para a história, como foi dito, como o maior massacre feito pela polícia no estado de São Paulo desde o Massacre do Carandiru.

O Diário Causa Operária tentou entrar em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo solicitando esclarecimentos acerca do número de assassinados e das denúncias feitas pelos moradores contra a PM. A pasta respondeu com a seguinte mensagem:

Prezado,

 

Nosso posicionamento será por meio da matéria publicada em nosso site:

 

Operação Verão é finalizada e contabiliza mais de mil presos e 2,6 toneladas de drogas apreendidas
Ação contou com reforço de policiais para combater a criminalidade e reduziu em 25% os roubos na Baixada Santista
https://www.ssp.sp.gov.br/noticia/57092

No artigo no sítio da SSP, todavia, não há nenhuma explicação acerca do altíssimo número de pessoas assassinadas, tampouco acerca das denúncias feitas pelos moradores da Baixada Santista.

O verdadeiro posicionamento do governo acerca da chacina, entretanto, veio depois, com uma declaração que Derrite, o chefe da pasta, deu à imprensa: “eu nem sabia que eram 56”, disse.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.