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Estados Unidos

O resultado da ‘guerra ao terror’ dos EUA na África

Sob o pretexto de combater “terroristas”, intervenção imperialista na verdade criou focos de ação terrorista no continente mais pobre do planeta

O Centro Africano de Estudos Estratégicos, instituição ligada ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, admite no seu levantamento de dados que quanto mais o imperialismo interfere na África, mais mortes acontecem em “ataques terroristas”. Matéria do Press TV mostra dados dessa instituição que mostram que a chamada “Guerra ao Terror”, iniciada no governo de George W. Bush, conseguiu a façanha de aumentar em 100.000 % o número de mortos por “terrorismo”.

O primeiro dado levantado foi o total de apenas 23 vítimas em 9 ataques terroristas ocorridos entre 2002 e 2003, número que contrasta de forma espantosa com as 23.322 ocorridas em 2023. Um aumento de 101.300 % após duas décadas de suposto combate ao terrorismo. Em relação a 2022, os números do ano passado ainda apontam um crescimento de 20%, o que indica que o problema está longe de indicar melhoras.

A matéria cita artigo publicado na Responsible Statecraft que destaca a contradição entre os dados publicados e as afirmações do Comando dos Estados Unidos para a África (AFRICOM) de que estaria impedindo ameaças terroristas no continente e promovendo segurança e estabilidade. O artigo aponta que as principais frentes de ações “antiterroristas” dos Estados Unidos na África foram a Somália e o Sael da África Ocidental, justamente dois lugares onde foram registrados “picos de terrorismo” em 2023.

A região do Sael, uma faixa de 5.400 km de extensão que vai do Atlântico ao Mar Vermelho, concentrou metade das mortes atribuídas a militantes islâmicos no ano passado. O destaque negativo entre os países foi Burquina Fasso, onde ocorreram 7.762 mortes relacionadas a ações “terroristas”, cerca de 67% daquelas ocorridas no Sahel. O país segue recebendo “treinamento militar” do AFRICOM.

Citando o analista Elias Amare, entrevistado pela Press TV, a matéria coloca que as “potência imperialistas ocidentais” não podem resolver o problema do terrorismo na África. Justamente porque “são a fonte do atual aumento” desse “terrorismo”. Amare aponta que “os remanescentes de grupos terroristas contratados pelos Estados Unidos expandiram agora suas atividades e impulsionaram o crescimento do terrorismo, particularmente na região do Sahel”.

Outra citação importante divulgada pela televisão internacional iraniana de sua entrevista com Elias Amare diz respeito aos objetivos reais das ações militares dos Estados Unidos:

“As forças militares ocidentais não foram enviadas para acabar com o terrorismo (na África), o terrorismo é um pretexto para continuar a guerra por procuração e justificar a presença militar das forças imperialistas ocidentais para ocupar a África e controlar seus militares e seus recursos”.

Apesar desse processo ter se tornado cada vez mais nítida ao longo dos anos, chama a atenção a contradição entre órgãos ligados ao mesmo governo nacional. O braço militar dos Estados Unidos diz uma coisa e os dados organizados por um centro de estudos expõe exatamente o oposto. A Responsabible Statecraft afirma em seu artigo que contatou o AFRICOM sobre essa divergência entre as afirmações do Comando e esses dados, porém as perguntas foram repassadas para o Gabinete do Secretário de Defesa, que não havia retornado até a publicação da matéria.

A “guerra ao terror” no final das contas foi apenas um pretexto para uma intensificação na violência militar do imperialismo nos países mais atrasados do mundo, concentrados na África e no Oriente Médio. Pretexto também para um ataque intenso contra os direitos democráticos até mesmo dentro dos países imperialistas, com a aprovação de uma série de legislações repressivas.

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