Após a criação fictícia de “Israel”, em 1948, chamada de Nakba, tragédia, como é chamada pelos palestinos, em 1949, a Organização das Nações Unidas (ONU), pressionada pela tragédia dos palestinos, em que mais de 750 mil palestinos foram desterrados, criou a UNRWA, em tradução livre, Agência de Socorro e Obras Públicas das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos no Oriente Próximo.
Financiada pelo próprio imperialismo, a UNRWA obviamente buscava contornar o desastre cometido pelos poderosos, que expulsaram quase um milhão de pessoas de suas casas durante a Nakba, sem contar as pessoas que foram mortas nesta ação.
À época, havia o compromisso, expresso na Declaração de Balfour, de que os palestinos não seriam abandonados à própria sorte. Mas o decorrer dos fatos provou exatamente o contrário, até chegarmos no atual estágio.
A Declaração de Balfour expressava a adesão britânica à causa sionista e os futuros esforços para a constituição de um país judeu na Palestina, desde que fossem respeitados os direitos políticos e religiosos da população não judaica da região, o que não passava de uma carta de intenções, como as décadas seguintes demonstraram. A ideia era defender o sionismo, e pronto.
De acordo com seus documentos fundamentais, essa agência teria como objetivo final fornecer assistência humanitária e proteção aos refugiados palestinos registrados em sua área de operação, tendo em vista a situação de completa miséria que os palestinos ficaram desde então.
Sua área de atuação é (ou era, posto sua franca crise) não apenas todo o território que envolve a Palestina, mas também no Líbano, na Jordânia e na Síria, onde residem outros tantos palestinos refugiados em razão das ações de “Israel” na região. Consta, em números recentes, que quase 6 milhões de palestinos estão registrados como beneficiários das ações da UNRWA, e que tem mais de 500 mil crianças matriculadas em suas escolas, além de serviços de saúde, educação, ajudas emergenciais, infraestrutura, mesmo em tempos de conflito.
Sua finalidade, em tese, seria tornar-se administradora de campos de refugiados, desde sua criação. Os números oficiais apontam que essa agência estaria na administração de quase 70 campos de refugiados.
Em 1950, os refugiados palestinos, segundo os dados da UNRWA, somavam 914.221. Passados 30 anos, em 1980, esse número aumentou para 1.844.318 de refugiados, e,
em apenas uma década (1990), aumentou para 2.422.514, atingindo os 4.618.141 de refugiados palestinos em 2008. Ou seja, o avanço sionista foi brutal.
Ainda em 2018 o governo norte-americano cortou as verbas para sua atuação. Cerca de 300 milhões de dólares que eram enviados anualmente foram suspensos, e a situação tem se agravado. Na realidade, o estrangulamento do funcionamento da UNRWA é uma política intencional do imperialismo para matar os palestinos de fome.
Ainda nesta época, as organizações palestinas denunciaram que o governo norte-americano fornecia para “Israel” 3 bilhões de dólares, somente em recursos militares e de guerra, o que comprova o caráter de enclave, na região, de “Israel”.
Diante da crise que está colocada na região, “Israel” declarou, no final de janeiro, que não quer mais que a agência da ONU desempenhe qualquer papel em Gaza. Rapidamente, os EUA suspenderam o que tinha restado de financiamento à agência, no que foi seguido por outros países, como a Suécia, Noruega e a Alemanha.
O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, chamou o corte de verbas de “chocante” após as medidas que foram adotadas e afirmou que “dois milhões de pessoas dependem dela para sobreviver”. Ou seja, a política do imperialismo é abandonar milhões de pessoas à própria sorte.
Para se ter uma ideia, em 2022 a contribuição conjunta, de todos os países que fazem parte, para a UNRWA, era de pouco mais de 40 milhões de dólares.
Como não poderia ser diferente, diante do genocídio cometido por “Israel” na região, a UNRWA, que era um paliativo para os palestinos, foi desprovida de seus recursos que serviam para fornecer uma ajuda mínima para a população de lá, e foi até mesmo acusada de participar dos atos de 7 de outubro do ano passado.
Os sionistas alegaram que 12 funcionários da organização (UNRWA) tiveram participação nas ações do Hamas contra os sionistas. A base da alegação são depoimentos obtidos sob tortura, obviamente, não poderia deixar de ser diferente vindo dos nazistas da atualidade. O plano geral dos sionistas é acabar com a agência e matar o povo palestino de fome, no que tem apoio dos países imperialistas de conjunto.
É possível ver que os sionistas, por seguirem uma política nazista, não estão dispostos nem a permitir o mínimo de solidariedade internacional para os palestinos. Para o governo de “Israel”, deve-se atacar e assassinar os palestinos, sem permitir que haja nenhum tipo de ajuda, por menor que seja, para os afetados por sua política genocida.