No último do domingo (19), o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, viajou até a cidade de Dhahran, região leste da Arábia Saudita, para se reunir com o príncipe herdeiro do reino, Mohamed Bin Salman. O encontro teve como objetivo discutir um pacto de cooperação militar estratégico, além de um acordo comercial.
Para o reconhecimento do estado de “Israel” pelo reino saudita e o estabelecimento de relações diplomáticas previstos em tal pacto, a Arábia Saudita exigiria aprovação de um programa nuclear, acesso à alta tecnologia em armamentos e no campo da inteligência artificial norte-americanos, bem como garantias de assistência dos Estados Unidos em possível de contra-ataque.
Após idas e vindas, os governos de ambos os países estariam perto de firmar tal acordo de cooperação. Porém, após a operação Dilúvio al-Aqsa liderada pelos combatentes do Hamas contra bases militares israelenses no último 7 de outubro, a autoridade saudita teria ampliado as exigências para firmar tal acordo. As novas negociações incluiriam o reconhecimento de um Estado palestino independente, no marco das fronteiras estabelecidas em 1967, sendo Jerusalém Oriental sua capital.
Embora Sullivan tenha supostamente como missão persuadir Benjamin Nethaniahu sobre o reconhecimento de um estado palestino, o presidente israelense teria rejeitado repetidas vezes essa possibilidade, alegando que o mesmo se tornaria o “paraíso do terrorismo”.
Essa oposição teria pressionado o governo de Joe Biden a bloquear todos os esforços para reconhecimento da Palestina como Estado-membro de pleno direito na Organização das Nações Unidas (ONU). Em virtude dessa questão, Mohamed Bin Salman teria proposto um pacto mais modesto sem o estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois “países”.
O Príncipe Saudita teria colocado o fim da guerra e entrada de ajuda humanitária na Palestina como uma questão fundamental. O ataque israelense à Rafá, que é uma região densamente povoada, também teria sido apresentado como argumento a mais para constituir um “Plano B”.
O impasse para se firmar um pacto militar estratégico entre os dois países demonstra, por um lado, que o governo da Arábia Saudita está preocupado com o desenvolvimento da situação do conflito na região e não quer ser abandonado pelos Estados Unidos, caso estabeleça tal aliança. Mohamed Bin Salman tem claro a capacidade militar da Irã e não teria como se defender sem total apoio dos Estado Unidos.
Por outro lado, o governo norte-americano sabe da incapacidade de “Israel” atuar de maneira isolada em várias frentes de batalha como no sul do Líbano contra o Hesbolá, o Hamas na Palestina que estão impondo uma derrota no norte de Gaza, além do Iêmen que fechou o Mar Vermelho.
Os Estados Unidos estão sem opções diante da situação, uma verdadeira sinuca de bico, ao mesmo tempo que necessita estabelecer uma aliança com a Arábia Saudita para manter seu enclave no Oriente Médio, sabe os riscos de atender as exigências do príncipe Mohamed Bin Salman.