A onda de bombardeios dos caças F-35 israelenses sobre o território do Líbano já causou a morte de mais de 2000 civis, o deslocamento de um milhão de pessoas e a destruição dos bairros do sul de Beirute. E tudo isto é possível graças ao apoio ativo do imperialismo norte-americano e europeu.
Os fatos são claros. Esta nova agressão, que prossegue o genocídio perpetrado em Gaza e na Cisjordânia, visa engendrar a todo o custo uma nova correlação de forças na Ásia Ocidental. O projeto de criar a Grande Israel, já foi claramente exposto na ONU por Netanyahu, com mapas explicativos onde se opõe a situação atual, considerada um inferno, com a situação futura, pintada como o próprio paraíso. Trata-se da ocupação, por Israel, ou seja, pelo imperialismo, de partes significativas dos países do entorno de Israel, como Jordânia, Egito, Síria, Iraque, etc. Não é um sonho delirante como pregam alguns, é um projeto concreto e em andamento, defendido com pretexto de princípios religiosos, mas com base em supremacismo racial dos “brancos e civilizados israelenses” em relação aos “animais” e” inferiores árabes”, “terroristas e maus”.
O projeto, na verdade, atende aos interesses imperialistas dos EUA e da UE na sua busca de uma hegemonia mundial unipolar, que passa pela destruição da China e da Rússia. O que Israel pretende é o sonho dos imperialistas desde sempre, controlar uma parte significativa da Ásia Ocidental, e demolir de vez a unidade dos povos árabes e persas contra a dominação capitalista. E esse é o objetivo do sionismo e se o preço a pagar for a morte de milhões de mulheres, homens e crianças inocentes, que assim seja.
A trajetória do Líbano: destruição e morte
O Líbano é um país destruído por anos de guerras e invasões de todos os tipos. Antes da Guerra Civil Libanesa (1975-1990), o país vivia um período de relativa calma e prosperidade, impulsionado pelo turismo, agricultura e serviços bancários. Por causa de seu poder financeiro e diversidade, o Líbano era conhecido em seu auge como o “Suíça do Oriente”. O país atraiu muitos turistas, de forma que a capital Beirute era referida como “Paris do Oriente Médio”.
A guerra civil (1975-1990) foi influenciada por fatores internos e interesses de países vizinhos como Israel, Egito e Síria. Internamente, a presença dos palestinos foi crucial tanto no início quanto na condução da guerra.
O “Pacto Nacional” de 1943, que estabeleceu um sistema político confessional que representa a base do sistema político libanês, onde o Presidente do Líbano é um Cristão Maronita; seguido pelo Primeiro Ministro, um Muçulmano Sunita e o Presidente da Câmara dos Deputados, um Muçulmano Xiita, acabou por favorecer muçulmanos sunitas e cristãos maronitas, exacerbando as disputas por poder.
A Guerra dos Seis Dias em 1967, ocorreu entre 5 e 10 de junho de 1967, e foi ganha por Israel contra Egito, Síria e Jordânia. O Setembro Negro se deu entre o exército jordaniano, sob o comando do Rei Hussein, e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que estava baseada na Jordânia, com a expulsão da OLP para o Líbano. Ambos os conflitos aumentaram enormemente a migração de palestinos para o Líbano, intensificando a instabilidade. Os refugiados, marginalizados e confinados em campos, se ergueram em armas contra Israel.
Em 1982, Israel invadiu o Líbano para destruir a infraestrutura da OLP e apoiar Bashir Gemayel na presidência do Líbano. A guerra civil terminou com a expulsão da OLP, a ocupação síria (1975-2005), a criação de um território tampão por Israel (1982-2000). Em meio aos conflitos internos, as forças israelenses invadiram o sul do Líbano em 1978, e novamente em 1982, com o pretexto de expulsar os guerrilheiros palestinos que usavam a região como base para atacar Israel.
Após a primeira incursão, as forças israelenses conseguiram estabelecer uma zona de ocupação estreita que ia até o rio Litani, que corre pela região do Vale do Bekaa e outras áreas do sul libanês. Em resposta, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 425, que pedia a retirada imediata das forças israelenses. Também estabeleceu a Força Interina da ONU no Líbano (Unifil), que opera até hoje. Na época, os israelenses armaram e financiaram o Exército do Sul do Líbano (SLA), composto por cristãos libaneses. Grupos palestinos, enquanto isso, eram apoiados pela Síria.
E em 6 de junho de 1982, Israel invadiu o Líbano pela segunda vez, dessa vez em uma incursão de maior escala, que chegou até Beirute. A operação militar é hoje descrita por alguns especialistas como a mais desastrosa da história de Israel e apelidada de “Vietnã israelense”, em alusão à invasão dos EUA ao país asiático. Em meio à incursão, as forças israelenses sitiaram por sete semanas a parte ocidental da capital libanesa, onde a OLP mantinha sua sede, cortando comida, água e energia. Os EUA intermediaram um acordo a partir do qual os líderes da OLP e cerca de 14 mil combatentes deixaram o Líbano para a Tunísia em agosto e setembro de 1982.
A situação ficou mais crítica depois que o recém-eleito presidente do Líbano e aliado de Israel, Bashir Gemayel, foi assassinado em um atentado com uma bomba em Beirute. Logo após o anúncio da morte de Gemayel, Begin e Sharon decidiram invadir Beirute Ocidental e pouco mais de 24 horas depois anunciaram a tomada militar da cidade. Foi nesse momento que também ocorreu o que é considerado o episódio de maior atrocidade dos 15 anos de guerra civil no Líbano: os massacres nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, que deixaram um número estimado entre 800 e 3,5 mil mortos.
Os assassinatos foram cometidos por combatentes da milícia das Forças Libanesas (LF, na sigla em inglês), ligada ao grupo cristão Falange, em um ato de vingança pela morte do presidente Bashir Gemayel, que também era líder das LF. O Exército israelense foi acusado de ajudar a milícia durante o massacre
Após as mortes nos campos de Sabra e Chatila, o governo israelense se viu sob forte pressão dos governos dos EUA e da Europa e da opinião pública interna. Israel então retirou suas forças de Beirute, antes de uma retirada final em 2000. O governo libanês era fraco e instável, incapaz de impedir que a Síria aprofundasse seu controle sobre o país.
Na luta contra a ocupação israelense um grupo rompeu com o Movimento Amal, um grupo político que se tornou uma das mais importantes milícias muçulmanas xiitas durante a guerra civil libanesa, e formaram um movimento que foi denominado Amal Islâmico. Pouco depois, essa organização aliou-se a outros grupos e criou o Hesbolá.
O grupo anunciou oficialmente a sua criação em 1985, publicando uma “carta aberta” que identificava os Estados Unidos e a antiga União Soviética (URSS) como os principais inimigos do Islã. No polêmico manifesto, o Hesbolá também levantou a destruição de Israel como um objetivo fundamental. “Este inimigo é o maior perigo para as nossas gerações futuras e para o destino das nossas terras, especialmente porque glorifica as ideias de colonização e expansão, iniciadas na Palestina.” Em 1992, participou pela primeira vez nas eleições nacionais, obtendo mais assentos do que qualquer outro partido. A organização emitiu um novo manifesto político em 2009, após conquistar 10 assentos no Parlamento, para destacar a “visão política” do grupo.
O grupo militante libanês havia entrado em confronto direto pela última vez com Israel em 2006. Naquele ano, militantes do Hesbolá lançaram um ataque transfronteiriço no qual oito soldados israelenses foram mortos e outros dois raptados. O Hesbolá exigiu a libertação dos prisioneiros libaneses em troca de soldados israelenses. Mas a resposta de Israel ao ataque foi rápida e violenta. Aviões de guerra israelenses bombardearam redutos do Hesbolá no sul do Líbano e nos subúrbios ao sul de Beirute, enquanto o Hesbolá disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel. Mais de 1.125 libaneses, a maioria deles civis, morreram durante os 34 dias de conflito, bem como 119 soldados israelenses e 45 civis. O exército de Israel sofreu uma derrota total e se retirou das terras ocupadas.
Em 1990 firmou-se o Acordo de Taif que fez mudanças importantes no poder político do Líbano.
O acordo reduziu os poderes do presidente, que é tradicionalmente um cristão maronita, e transferiu parte do poder executivo para o Conselho de Ministros, que deve ser composto de forma igualitária entre cristãos e muçulmanos.
O número de assentos no parlamento foi aumentado de 99 para 128, com uma divisão igual entre cristãos e muçulmanos. O acordo previa o desarmamento de todas as milícias, embora isso não tenha sido completamente implementado. O acordo também abordou a presença militar síria no Líbano, estabelecendo um quadro para a retirada gradual das tropas sírias.
O Líbano é um dos países cuja própria existência vem sendo colocada em questão. Fustigado pelo imperialismo norte-americano, de um lado, pelas regulares ações militares de Israel, por outro, o Líbano passa desde 2019 por uma enorme crise econômica que praticamente destruiu a economia do país. Depois da derrota dos EUA na guerra contra a Síria, Washington se voltou então para a guerra econômica em larga escala. Foi decretada a chamada Lei César que entrou em vigor em junho de 2020, e prevê sanções aos aliados e ao próprio regime sírio, de Bashar al-Assad. Essas sanções buscam intervir nas relações econômicas e diplomáticas da Síria, para evitar investimentos e fornecimento de materiais para o país. Para o Líbano isto significou, desde então, estar sob cerco econômico, já que faz fronteiras apenas com Israel, considerado inimigo do país, e a Síria.
Além disso, os EUA impuseram sanções aos libaneses ricos que vivem no exterior e a mais de um banco, provocando na população um grande medo de ser acusada de apoiar o terrorismo ou de ver suas economias confiscadas pelas autoridades norte-americanas no exterior. Isso levou o Líbano a uma escassez de vários bilhões de dólares em dinheiro que os membros da família costumavam mandar do exterior para seus parentes.
Outro problema crônico do Líbano é o fornecimento de energia elétrica, que é limitado a 5h por dia no máximo devido à incapacidade de gerar dólares para comprar óleo diesel para termoelétricas e a interferência dos EUA, que impede o acesso do gás ou petroleo do Irã ou Síria, devido às sanções a estes países.
O terrorismo de Israel
Os bombardeios recentes de Israel no Líbano foram precedidos de vários avisos de que a invasão do Líbano por Israel era uma prioridade, para retirar o Hesbolá da fronteira do sul do Líbano, de onde eles atacavam Israel visando o fim do genocídio em Gaza. Antes disso, Israel realizou um atentado terrorista contra civis libaneses, fazendo explodir milhares de pagers e walkie-talkies que eles portavam. Antes do atentado, os pagers hackeados por Israel, enviaram mensagens pedindo para as pessoas aproximarem-nos o mais possível de seus rostos. O resultado foi, além de centenas de mortos, milhares de feridos, uma grande parte deles cegos pela explosão. Descobriu-se depois que os aparelhos foram sabotados por Israel, que introduziram explosivos e códigos que permitissem seu acionamento à distância. Antes disso, no início do ano, foram divulgadas as habilidades de Israel de utilizar os celulares hackeados para obter informações dos membros do Hesbolá visando assassinatos seletivos de suas lideranças. A liderança da resistência libanesa estimulou que seus membros não usassem celulares. A compra dos pagers foi feita com suborno de alguns militantes do Hesbolá que foram descobertos e eliminados, após o atentado.
O começo do genocídio
Os bombardeios de Israel se iniciaram em 23 de setembro passado, se caracterizando pela amplitude das áreas atingidas e pela intensidade com uso de bombas de imenso poder explosivo. O grande alvo atingido foi o assassinato do principal líder político e religioso do Hesbolá, Hassan Nasrallah.
O desenrolar dos eventos foi brutal. Já são vários dias de bombardeios devastadores que transformaram em pesadelo a vida de milhões de pessoas indefesas, que tiveram de abandonar suas casas às pressas e tentar chegar a algum lugar seguro. Muitos estão dormindo nas ruas porque assim calculam que possam se evadir a tempo. Os bombardeios são feitos com requintes de crueldade, geralmente de madrugada e são precedidos por intensos ruídos dos aviões, para acordar as pessoas. Os bombardeios são direcionados para zonas residenciais, escolas, no centro e na periferia de Beirute e em várias outras cidades e regiões. A máquina criminosa de destruição do regime de Netanyahu mantém os ataques porque sabe que age de acordo com as orientações de Washington, e a garantia de impunidade total.
Não se trata de um delírio de um líder acuado pelas pressões que recebe da população israelense e da opinião pública internacional. Trata-se da realização dos planos do imperialismo norte-americano e europeu, que se sente livre para atuar sem se preocupar com possíveis impactos eleitorais nos seus países. Nos EUA, a matança recebeu o aval bipartidário para continuar. Só assim se explica que os poderosos serviços secretos sionistas, que demonstraram nos últimos dias a sua capacidade de infiltração e o seu poder destrutivo, possibilitando os assassinatos dirigentes e militantes do Hamas e do Hesbolá com uma precisão raramente vista continuem orientando a ação do poderio militar aéreo israelense. O que está por detrás do genocídio sionista em Gaza, da ofensiva sangrenta na Cisjordânia nos últimos meses e, agora, desta nova carnificina no Líbano é resultado da ação da cúpula do imperialismo norte-americano. Estão determinados a acabar com a vida de mais dezenas de milhares de pessoas. É uma loucura, mas segue uma lógica. A lógica implacável do imperialismo.
Os apelos cínicos de Biden e Kamala Harris a uma “intervenção controlada”, a “limitar as baixas civis”, a declarar uma “trégua humanitária”, etc., como fizeram quando a invasão de Gaza começou, só podem merecer repulsa, indignação e denúncia da verdade. Sem as suas armas, dinheiro e cobertura diplomática, o governo sionista de Israel não poderia continuar a utilizar o seu poder destrutivo em Gaza, nem teria pensado em invadir o Líbano.
Ao mesmo tempo que o exército sionista iniciava a sua invasão, o governo dos EUA anunciava o aumento do seu contingente militar no Médio Oriente em mais 3.000 soldados, elevando-o para 43.000. As declarações de vários porta-vozes da administração Biden, e, em geral, do imperialismo estado-unidense, deixam bem claro o motivo deste destacamento: “A proteção das forças estado-unidenses já destacadas na região” e “se necessário, a defesa de Israel”, explicou a porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh.
Anteriormente, o Secretário da Defesa Lloyd Austin ameaçou “o Irã, os seus parceiros ou as milícias que apoia”. Esta mensagem não se dirige apenas ao regime iraniano, ao Hesbolá, ao Hamas ou aos Houthis iemenitas. Dirige-se também a todos os governos árabes que, perante o verdadeiro holocausto que o povo palestino está a viver às mãos do regime sionista, têm até agora olhado para o outro lado, limitando-se a declarações de condenação e a derramar lágrimas de crocodilo.
As contradições da posição chinesa
Não é muito claro o papel do governo chinês nesse conflito. Recentemente, a China mediou um encontro histórico entre 14 facções palestinas, incluindo o Hamas e o Fatah, em Pequim. Esse encontro resultou na assinatura de uma declaração de reconciliação nacional, visando fortalecer a unidade entre as facções palestinas. Além disso, a China tem mantido uma postura de apoio ao direito dos palestinos à autodeterminação e à criação de um Estado soberano. Em várias ocasiões, representantes chineses reafirmaram o apoio à solução de dois Estados e pediram um cessar-fogo imediato e o respeito ao direito internacional e humanitário.
A China é o segundo maior parceiro comercial de Israel no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. No Leste Asiático, a China é o maior parceiro comercial de Israel. O volume de comércio entre os dois países aumentou de US$ 50 milhões em 1992 para mais de US$ 15 bilhões em 2023. Israel e China estão em negociações para um acordo de livre comércio, que visa aumentar ainda mais os investimentos e as vendas entre os dois países. Além do comércio, Israel e China têm uma cooperação significativa em áreas como tecnologia e defesa. A China utiliza a tecnologia avançada de Israel, especialmente em setores como cibersegurança e agricultura. As empresas chinesas têm investido em várias startups e projetos de infraestrutura em Israel, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país. A pressão de Pequim sobre o governo israelense para que ele pare a agressão contra os povos de Gaza e do Líbano seria muito eficaz e, no entanto, não se tem qualquer informação que isso esteja acontecendo
A ofensiva do Irã
A invasão do Líbano e as ameaças sionistas e norte-americanas ao Irã têm o potencial mudar toda esta situação. O nível de provocação israelense ultrapassou todas as linhas vermelhas. E a resposta do Irã foi rápida: Teerã lançou mais de 200 mísseis balísticos contra instalações militares em Tel Aviv, que, ao contrário do que a mídia ocidental sustenta, teve grande efeito militar, com a destruição de pelo menos 20 caças F-35 de Israel.
É o maior ataque em solo israelita e todas as suas consequências materiais ainda não são conhecidas. Mas a política é clara. O Irã certamente não deve ter agido contra a vontade da China e mesmo da Rússia, que possui o álibi de ter em Israel cerca de um milhão e meio de russos para não tomar uma atitude mais ofensiva contra o país. Desta forma, a ação militar do Irã é um aviso sério a Tel Aviv e a Washington de que os seus “inimigos preferenciais “não aceitarão os planos sionistas sem resistência. A agressão contra o Líbano e a perspectiva de um massacre da sua população e de dezenas de milhares de apoiantes do Hesbolá são demasiado insuportáveis, podendo desencadear uma 3ª. Guerra mundial de consequências imprevisíveis.
A importância da solidariedade
Não podemos confiar nas instituições e partidos burgueses. A única maneira de parar o massacre do povo palestiniano e a invasão do Líbano é continuar a construir um movimento de solidariedade internacional cada vez mais massivo e forte.
Devemos apoiar a luta das massas oprimidas do Líbano, de Gaza e da Cisjordânia e o seu legítimo direito à resistência armada contra os seus agressores e opressores. A causa palestina e libanesa faz parte da luta pela revolução socialista mundial. Só derrubando o Estado sionista, os seus aliados imperialistas e os regimes burgueses árabes, poderemos acabar com esta barbárie.
A tarefa é clara. As ruas do mundo, dos EUA, da Europa e do mundo árabe têm de voltar a se agitar. É preciso combinar as manifestações com greves de trabalhadores em todos os países, como foi feito na Espanha recentemente. É preciso pressionar os governos a cortarem suas relações comerciais e econômicas com Israel enquanto continuar o genocídio de Gaza e do Líbano.