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HISTÓRIA DA PALESTINA

O discurso de George Habash, líder da FPLP, no 1º de maio

“Declaramos ao povo iraniano, aos líderes da revolução, ao Imã Khomeini, que a posição das massas palestinas e árabes sinceras é apoiar a Revolução Iraniana”

No ano de 1980 a resistência palestina se organizava principalmente no Líbano e na Síria. Os campos refugiados de palestinos eram o grande foco revolucionário árabe no Oriente Médio. No ano anterior a revolução havia chegado ao Irã, um país persa. Assim no seu discurso de 1º de Maio, o secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, George Habash, realizou um discurso tocando nas principais questões políticas daquele momento que é muito interessante por mostrar como questão palestina sempre foi central.

Ele começa: “hoje, enquanto celebramos o primeiro de maio, nos orgulhamos do papel desempenhado pela classe trabalhadora palestina na pátria ocupada, ao confrontar os esquemas do inimigo sionista racista para desarraigar nosso povo e explorar a classe trabalhadora palestina em suas fábricas sem fornecer os direitos mínimos ao trabalhador”. Obviamente o chamado aos trabalhadores palestinos é crucial no 1º de maio, sua ação deveria ser feita de forma conjunta com a guerrilha que se organizava nos países vizinho.

É interessante que o bloco socialista era uma grande referência para a FPLP: “hoje, o sistema socialista representa mais de 1/3 da produção industrial mundial. Se considerarmos que os países onde o socialismo foi estabelecido eram principalmente países agrícolas atrasados, percebemos a extensão do progresso e das conquistas da classe trabalhadora nesses países. Veja o que aconteceu no mundo nos últimos cinco anos. Vietnã, Laos, Kampuchea, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Etiópia, depois a Revolução Iraniana, Afeganistão, Nicarágua e Zimbábue. Estas são as vitórias concretas alcançadas pelos movimentos de libertação nacional”.

De fato após a crise de 1974 se abriu uma enorme etapa revolucionária. No Oriente Médio o Irã foi o grande foco e isso deu força para o surgimento de novos movimentos revolucionários islâmicos, o Hamas e o Hesbolá sendo os mais importantes.

Então o líder da FPLP declara apoio total à Revolução Iraniana: “a mesma conspiração imperialista pode ser aplicada à revolução do povo iraniano. Esta revolução alcançou vitórias não apenas para os povos iranianos, mas também para a Revolução Palestina e para o Mundo Árabe. É uma revolução anti-imperialista, que esmagou o regime traidor do Xá e a SAVAK [polícia secreta]. É uma revolução contra o sionismo e abalou a estratégia imperialista na área. Portanto, o imperialismo tenta liquidar a Revolução Iraniana, esses esquemas agressivos começaram no deserto de Lout e não vão parar”.

Ele então coloca com todas as letras: “declaramos ao povo iraniano, aos líderes da revolução, ao Imã Khomeini, que a posição das massas palestinas e árabes sinceras é apoiar a Revolução Iraniana. Também declaramos que qualquer regime árabe que trame contra essa revolução viola a posição das massas árabes e as trai”.

Sobre as questões da Palestina propriamente o principal era o recém assinado acordo de Camp David, entre Egito e “Israel”. Ele afirmou: “é impossível entender a política de Camp David e o plano para confrontá-la sem relacionar o que está ocorrendo em nossa área ao que está acontecendo no nível internacional. Devido à crise que o imperialismo norte-americano enfrenta e seus interesses vitais nesta área, a aliança imperialista-sionista foi intensificada. Esta é uma necessidade urgente para o imperialismo”.

E continua: “podemos derrotar a aliança imperialista-sionista, sem dúvida, se virmos claramente as condições objetivas atuais. O elo central da crise árabe é o estado de desunião das forças patrióticas árabes. Esta desunião é o que possibilitou a Sadat marchar na linha de Camp David, proporcionando aos imperialistas a oportunidade de realizar um golpe violento contra o movimento nacional árabe. Hoje, em nossa luta, enfrentamos três forças principais: os imperialistas, os sionistas e as forças reacionárias árabes”.

É o tripé que oprime o Oriente Médio até hoje. A ditadura do Xá era crucial mas ela foi derrubada com a revolução, restaram os regimes árabes reacionários, os sionistas e as próprias tropas norte-americanas que nunca saíram da região. Sadat foi a transição do fim do nacionalismo árabe que morreu junto com Nasser. Camp David foi a capitulação final do Egito. Os palestinos se mantivera como a linha de frente da luta dos árabes.

O discurso chama a união anti-imperialista: “sob essas condições, defendemos a formação de uma Frente Nacional Progressista e Patriótica Árabe como uma necessidade urgente, sem que nenhuma força patriótica esteja excluída dela. Sem dúvida, o núcleo da Frente será formado pelas forças que têm uma visão clara e um programa revolucionário. Em tal Frente, as principais forças devem ser a OLP, as forças da Resistência Libanesa e as forças patrióticas e progressistas árabes. Uma Frente que luta por nosso direito ao retorno à Palestina e pelo estabelecimento de uma sociedade democrática patriótica que sirva ao progresso, à paz e à estabilidade”.

Esse plano aconteceu décadas depois sendo a principal força o Hamas e não a OLP. O Fatá, que dirigia a OLP, foi derrotado politicamente durante a década de 1980 e assinou os acordos de Oslo com “Israel”. Mas a política da FPLP estava totalmente correta, unir todas as forças contra o imperialismo.

O discurso fecha com o chamado a lutar contra o regime político criado após Camp David: “o Primeiro de Maio de 1980 não é uma celebração, mas uma ocasião para convocar as massas trabalhadoras para a luta contra os planos imperialistas e sionistas. A classe trabalhadora, junto com o campesinato e as massas populares, são as forças capazes de liderar a resistência à conspiração de Camp David, como são as forças progressistas árabes e mundiais”.

E termina: “com a unidade de nossa classe trabalhadora e de nossas massas, com a unidade das forças revolucionárias árabes e internacionais, somos capazes de deter o avanço do imperialismo e do sionismo. E juntos podemos derrotar os esquemas imperialistas e sionistas que visam subjugar os povos e destruir a paz mundial”.

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