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HISTÓRIA DA PALESTINA

O apartheid sionista antes da criação de ‘Israel’ – Parte 2

Os sionistas criaram a segregação dentro da classe operária, uma política ultra reacionária que oprimia os palestinos, mas que era negativa para todos os trabalhadores 

Antes da criação do Estado de “Israel”, já havia centenas de milhares de sionistas na Palestina que era governada diretamente pelos ingleses. Nessa situação, já havia se estabelecido um apartheid no país, semelhante ao que existe hoje na Cisjordânia ocupada. Um grupo de esquerda que se denominava Grupo de Palestinos Socialistas escreveu, em 1944, uma carta aberta para denunciar essa realidade. Seu título é Sionismo: entreposto do imperialismo. Na parte um desse artigo, foi descrita a questão dos camponeses, agora, o foco são as cidades.

A carta começa: “os sionistas declaram com orgulho que transformaram a Palestina em um país industrial. Mas há uma pergunta muito simples que surge na mente de cada operário árabe: qual é a sua participação nesse desenvolvimento? Apenas 18.000 pessoas estão ocupadas na indústria árabe, das quais 10.000 são trabalhadores. Isso por si só mostra quão pequenos são esses empreendimentos ‘industriais’. A maioria deles ocupa de 1 a 2 trabalhadores, e nenhum deles mais de 100. O capital dessa indústria é de £2.500.000, ou uma média de apenas £5-600 por estabelecimento. É uma indústria primitiva com pouca maquinaria, operada principalmente de forma manual. (Abramovitz-Gelfat – A Economia Árabe; página 61, Hebraico)”.

Semelhante ao descrito na parte 1 a situação da indústria para os palestinos era um grande atraso. Os sionistas criavam uma sociedade paralela muito mais moderna e segregavam a população loca: “por outro lado, 60.000 pessoas trabalham na indústria judaica e sua produção atingiu o valor de £40.000.000. Está equipada com as mais modernas máquinas”. Ou seja, mesmo com a população muito menor, a participação na indústria era muito maior. Além disso, o capital em relação ao número de trabalhadores era 5,3 vezes maior.

A carta segue comparando a Palestina com o país vizinho: “o atraso da indústria árabe na Palestina é ainda mais evidente por uma comparação com a indústria egípcia. Por exemplo, em junho de 1942, uma investigação sobre 250 grandes empreendimentos industriais egípcios revelou um capital investido de £125 milhões, ou seja, uma média de £500.000. Se você comparar as fábricas têxteis de Mahalla Kobra, no Egito, que empregam vinte mil trabalhadores, com as oficinas de tecelagem de Majdal, perto de Gaza, com um a dois trabalhadores cada, você terá uma ideia da enorme diferença!

Ou seja, o desenvolvimento econômico da Palestina era inferior até mesmo do que dos países árabes vizinhos. O sionismo apenas gerava o crescimento econômico para a população europeia privilegiada pelos colonizadores britânicos. Ou seja, na prática, já existia um apartheid entre essas duas populações. Por isso os palestinos haviam realizado uma Revolução em 1936 contra o imperialismo britânico e o sionismo, que acabou sendo derrotada.

É interessante, pois no início do sionismo a ala esquerda, de tipo social democrata, era dominante e assim realizam uma grande propaganda de defesa dos trabalhadores, apesar de, na prática, imporem o apartheid. O artigo cita: “Ben Gurion [criador de ‘Israel’] frequentemente fez declarações com tom socialista, como esta: ‘Os trabalhadores judeus nunca poderão trabalhar 8 horas por dia se os árabes puderem trabalhar 10 e 12 horas por dia. O trabalhador judeu não poderá ter seus 30 piastras por dia se o árabe fizer esse trabalho por 15 piastras e menos.’ (Nossa Terra e Nossos Vizinhos, página 74)”. Isso é verdade, mas os sionistas não tinham como objetivo melhor a qualidade de vida dos operários judeus europeus. O que eles queriam era uma base no Oriente Médio e para isso era preciso dividir os operários judeus dos palestinos como forma de criar o Estado de “Israel”.

A política da central sindical demonstra isso: “e não apenas isso. Na página 79 lemos: A Histadrut (Federação Geral dos Trabalhadores Judeus em Eretz Israel) está disposta a aceitar todos os trabalhadores da Palestina, sem distinção de nacionalidade e religião. No entanto, essas são apenas palavras vazias destinadas a encobrir os fatos. Na cidade de Telavive, onde há 200.000 habitantes, não há um único trabalhador árabe; nenhum empreendimento industrial pertencente à Histadrut emprega árabes; nenhuma cooperativa ligada à Histadrut tem membros árabes. E quando a Solel Boneh (a agência contratante da Histadrut), que contrata milhões de libras, é obrigada a empregar trabalhadores árabes para contratos militares, governamentais e municipais, ela paga a esses trabalhadores árabes um terço a metade do salário de um trabalhador judeu pelo mesmo trabalho. Os membros do Partido Trabalhista Britânico sabem disso?

A farsa está escancarada. Antes da limpeza étnica na Palestina já existia a segregação na Palestina. Telavive era, na verdade, a cidade de Jafa, a capital econômica da Palestina. Ou seja, na principal economia do país a segregação da classe operária era gigantesca. Basicamente, os europeus tinha direito aos melhores empregos industriais, enquanto os palestinos eram relegados ao desemprego ou ao subemprego. Anos depois essa população seria a principal vítima monstruosa limpeza étnica de 800 mil palestinos, a Nakba.

O mandato britânico da Palestina criou uma situação muito semelhante aquela da África do Sul. A diferença é que invés de britânicos colonizando o país eram judeus de diversos países da Europa, mas a diferença e muito pequena. A África do Sul declarou independência e criou o apartheid. “Israel” declarou independência e realizou uma limpeza étnica gigantesca para sustentar o apartheid. Anos depois invadiu Gaza e a Cisjordânia e criou um regime ainda mais brutal. As bases disso, como de quase todas as monstruosidades do imperialismo, foram assentadas pelos britânicos.

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