Imagens feitas pelos próprios palestinos revelam que as forças israelenses de ocupação utilizaram um caminhão de ajuda humanitária para realizar a infiltração no campo de refugiados de Nusseirat, em 8 de junho. Em completo desacordo com o direito internacional, as forças israelenses perpetraram um novo massacre de ao menos 274 palestinos, além de três prisioneiros que eram mantidos no local.
Muito se falou na grande imprensa sobre o resgate de quatro prisioneiros israelenses detidos pelas forças de libertação nacional palestina. O que não foi divulgado é o rastro de morte deixado pelo Estado israelense.
“Um caminhão chegou carregando ajuda humanitária e roupas e, de repente, 10 soldados saíram e atiraram em mim, uma vez no peito e duas vezes nos pés. O bombardeio de artilharia começou, e vi dezenas de cidadãos no chão, inclusive pessoas com a cabeça cortada”, disse aos repórteres um homem palestino que sobreviveu ao massacre. E ele acrescenta:
O caminhão veio do porto norte-americano que a ocupação estabeleceu no Mar de Gaza
A participação direta dos EUA e Reino Unido foi revelada pelas reportagens do Ynet (jornal israelense) e do jornalista Ronen Bergman, do New York Times, publicadas em 10 de junho, detalhando a cooperação da inteligência israelense com os EUA e o Reino Unido na sequência da operação que matou 274 palestinos e resgatou quatro prisioneiros israelenses.
O alardeado “sucesso” da operação deve-se ao bombardeio em massa de áreas onde os civis palestinos se abrigavam, bem como na execução a sangue-frio desses mesmos civis palestinos em suas casas, a maioria delas sem qualquer prisioneiro israelense.
De acordo com os relatórios do Ynet e do New York Times, autoridades israelenses e norte-americanas, tanto militares quanto de inteligência, estabeleceram uma célula mista, triangulando a cooperação entre os três Estados e compartilhando fotografias de veículos aéreos não tripulados (VANTs) e satélites, além do monitoramento de comunicações e qualquer informação adicional que pudesse ajudar a identificar a localização dos prisioneiros.
Vale lembrar que os israelenses detidos pela resistência palestina foram capturados durante a Operação Inundação Al-Aqsa, em 7 de outubro, quando o Hamas e outras organizações da luta de libertação nacional palestina capturaram 253 soldados e civis israelenses para trocá-los por alguns dos milhares de palestinos mantidos em cativeiro nas prisões sionistas.
Após o resgate, os prisioneiros libertados por “Israel” foram levados para o píer flutuante construído pelos EUA usando o mesmo caminhão de ajuda humanitária. Importante ressaltar que os EUA construíram um porto em Gaza, cujo objetivo seria trazer ajuda humanitária para a população faminta. Ao que parece, tanto “Israel”, quanto os EUA rasgam a Convenção de Genebra, ao utilizar transportes médicos/humanitários para o transporte de tropas.
Não seria a primeira vez, só no atual conflito que emergiu no 7 de outubro, que “Israel” macula o direito internacional humanitário. De acordo com o Euro-Med Monitor, ainda em janeiro deste ano, as informações coletadas por sua equipe de campo comprovam o uso da fome por “Israel” como arma de guerra e forma de pressão política contra civis no Território Palestino Ocupado. “Isso é semelhante a um genocídio, e é necessária uma ação imediata para garantir que os palestinos possam ter acesso a alimentos, água e outras necessidades sem impedimentos, intimidações ou alvos”, escreveu o portal.
As Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, disseram em um vídeo postado em seu canal do Telegram, em 9 de junho, que três reféns foram mortos, incluindo um cidadão norte-americano, na operação militar israelense do sábado (8), a mesma que libertou 4 prisioneiros.
O grupo não divulgou os nomes dos mortos, mas o vídeo mostrava o que pareciam ser três cadáveres usando tarjas pretas sobre seus rostos. “Seus prisioneiros não serão libertados a menos que nossos prisioneiros sejam libertados”, acrescentou o vídeo.
A reportagem do New York Times afirmou que 43 dos 253 israelenses detidos pelo Hamas desde 7 de outubro haviam morrido em cativeiro, mas não mencionou quem provavelmente os havia matado, dando a entender que o Hamas havia feito isso.
Mas os israelenses libertados do cativeiro, que não possuíam razão alguma para mentir, declararam que seu maior medo era de serem mortos por bombardeios israelenses e que os membros do Hamas se esforçaram ao máximo para protegê-los.
Ironicamente, o jornal israelense Yedioth Ahronoth descreveu a operação de 8 de junho no campo de refugiados de Nusseirat, que matou 274 palestinos e 3 prisioneiros, como uma “execução quase perfeita em plena luz do dia”.
A motivação do massacre
A razão para um ataque tão desesperado e desastroso, que é vendido como um grande sucesso pela imprensa dos países imperialistas, ainda está em debate. No entanto, para Ismail Hanié, chefe do comitê político (partido) da organização Hamas, “Israel” lançou seu massacre sangrento travestido de operação de resgate no campo de Nusseirat, em Gaza, para bloquear um acordo de cessar-fogo.
Em uma entrevista gravada na rede de comunicação catarense Al Jazeera Arabic, nessa segunda-feira (10), sobre o possível cessar-fogo proposto pelos EUA e as perspectivas de acabar com a guerra, Hanié disse que o Estado sionista atacou o campo de Nusseirat, matando pelo menos 274 palestinos e recuperando quatro prisioneiros israelenses para bloquear qualquer acordo que pudesse pôr fim à guerra.
Ironicamente, esta não é uma posição exclusiva de Hanié. Uma autoridade sênior da Casa Branca disse à NBC News na segunda-feira (10) que a operação provavelmente complicará os esforços para alcançar um cessar-fogo e a troca de prisioneiros entre “Israel” e o Hamas.
A libertação dos quatro prisioneiros israelenses “fortaleceu a determinação do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de continuar com as operações militares, em vez de concordar com um cessar-fogo”, disse a autoridade, confirmando a posição do Hamas que sempre apontou a falta de boa-fé do Estado Israelense para com um cessar-fogo.