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Dia da Mulher Trabalhadora

‘Nunca vi uma organização dita de esquerda chamar a PM’

Mariah Matos, militante do PCO e do coletivo de mulheres Rosa Luxemburgo, fala sobre os acontecimentos do ato de 8 de Março na Avenida Paulista, em São Paulo

Durante esta semana, este Diário, em parceria com a Causa Operária TV (COTV), publicou uma série de entrevistas com militantes do coletivo de mulheres Rosa Luxemburgo e do Partido da Causa Operária (PCO) que estiveram presentes na manifestação do Dia da Mulher Trabalhadora na Avenida Paulista, em São Paulo.

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Nas entrevistas, as militantes relataram em primeira mão o que de fato aconteceu durante a manifestação, desmentindo as acusações feitas por setores da esquerda pequeno-burguesa de que membros do PCO teriam agredido mulheres de outras organizações. Mais do que isso, os depoimentos em questão deixaram claro que essa esquerda não só censurou o Partido e o Coletivo, proibindo-os de falar no carro de som; como também chamou a Polícia Militar de São Paulo para reprimir os militantes trotskistas.

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Neste artigo, entrevistamos Mariah Matos, militante do Partido da Causa Operária e do coletivo Rosa Luxemburgo que já possui décadas de atuação no movimento popular. Matos também participou da manifestação do 8 de Março, agora, fala principalmente sobre a ação reacionária da esquerda pequeno-burguesa de convocar a PM para reprimir os militantes do PCO. “Nunca vi uma organização dita de esquerda chamar a PM para conter um grupo adversário”, disse.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra, à qual também pode ser assistida no canal da COTV no YouTube:

Você já viu, em algum momento, organizações de esquerda dentro de uma manifestação chamarem a Polícia Militar contra outra organização de esquerda? Eu vim aqui prestar esse depoimento por pura revolta, porque em toda a minha idade – eu milito, desde logo após a adolescência, quando eu comecei a ver que havia uma saída para combater toda a injustiça que os trabalhadores sofrem -, já vi de tudo e eu também já fiz de tudo, já botei fogo em pneu em rodovia, já enfrentamos, na cidade onde eu moro, que é Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, a polícia. Como sempre, a polícia faz o papel dela, que se a gente deixar, eles nos massacram. Mas nunca vi uma organização dita de esquerda chamar a PM para conter um grupo adversário. Isso para mim foi a maior baixeza que um grupo pode cometer. Eu jamais imaginei que iria chegar num ponto da minha vida para testemunhar uma barbaridade dessa.

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Você acha que isso faz com que essa organização que chamou a polícia perca a credencial de esquerdista? Completamente. Essa atitude é uma atitude de extrema direita. Temos muitas divergências e isso é natural. Agora, nós sempre tivemos uma atitude, em relação à polícia, uníssona. Eu não podia admitir que um dia iria acontecer de um grupo chamar a polícia e, ainda por cima, não contentes de passar por esse vexame, por essa coisa inominável de chamar a polícia, aplaudir quando os policiais estavam batendo nos nossos [militantes].

Então, isso para mim é uma revolta muito grande. Eu volto a afirmar que eu só estou aqui para gritar a minha revolta.

E [foi] ainda por cima um ato muito mal feito, sem conteúdo. Eu não vi – que me perdoem se houve alguns discursos lá que valeram a pena – mas eu não vi nenhum. Os próprios jingles que cantavam eram da mais pura baixaria. Eu vou respeitar as pessoas que estão nos ouvindo e não vou cantarolar aqueles absurdos. É uma coisa assim incompreensível. Eles não nos chamaram para participar da organização, eu tenho a impressão até que é porque o PCO iria dar qualidade à organização, aos discursos. Eu tenho certeza disso, ia dar qualidade, que é o que eles não querem, né?

Na verdade, na minha muito modesta opinião, esses grupos estavam ali preparando para as eleições municipais, querendo fazer nomes e manipulando jovens estudantes. Isso me causou pena também, que é de um nível tão baixo que a gente via que aqueles jovenzinhos que estavam fazendo o cordão de isolamento estavam ali porque estavam sendo manipulados e colocados contra o PCO. Se você chegasse ali, se a gente tivesse tempo e não estivesse chovendo e a gente chamasse um jovem daquele, conversasse um pouquinho, ele não saberia por que ele estava atacando o PCO. A minha experiência de vida me mostra isso, que se a gente tivesse chamado algum daqueles estudantes secundaristas, eles provavelmente não saberiam por que eles estavam atacando o PCO.

Você disse que o fato de as organizações que estavam ali terem chamado a polícia mostra que eles não são de esquerda. Do ponto de vista do conteúdo dos discursos e da manifestação, você também acha que estão muito longe de ser de esquerda? Se alguém discordar, eu quero que me corrija, mas eu não vi nada. Eu não vi uma frase que valesse a pena. Para que organizar um ato para não falar nada? Para não trazer nada de novo, para não propor e, principalmente, para não defender as mulheres palestinas, as mães palestinas?

Ninguém falou das mães, dos filhos dessas mães palestinas que estão sendo destroçadas dia a dia. Estão sendo mortos na fila para obter comida, farinha e coisas para comer. Estão sendo mortas numa crueldade. O genocídio que as mulheres palestinas estão sofrendo é uma novidade de vida para mim tão grande quanto esses canalhas – me perdoem a palavra – chamarem a polícia. Eles poderiam chamar segurança particular, aqueles brucutus de porta de boate, podiam chamar todo tipo que fosse de segurança, menos a PM. Então a minha revolta é muito grande.

Você acha que tem uma relação entre o fato de terem chamado a PM contra o PCO e este ser o Partido que mais insiste na luta contra o genocídio na Palestina? Eu não tenho dúvida disso e é de uma covardia. Para mim ficou bem claro que estão já começando a jogar as sementes deles para as questões eleitorais que vão caminhar no mesmo nível de indecência. Então, eu não tenho dúvida disso. É uma covardia muito grande, muito grande. Porque, inclusive, eles não falavam “o PCO não vai falar por isso, por isso e aquilo”. Eles não diziam por que o pessoal não ia falar. Por quê? Qual o perigo?

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