As eleições de 2024 no Brasil trouxeram à tona um dado preocupante: o número de militares eleitos em cargos públicos, de vereadores a prefeitos, alcançou o maior patamar deste século. De acordo com dados da Nexus, 152 candidatos que traziam em seus nomes algum posto ou graduação militar foram eleitos, representando um aumento de 13% em relação a 2020. Esse crescimento reflete um cenário de avanço da extrema direita, especialmente após o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Esse aumento de militares na política revela que as tentativas de reprimir a politização das Forças Armadas, como proibir a sindicalização de militares ou a participação política, são ilusórias e ineficazes. Medidas repressivas, como leis que tentam impedir a politização militar, não irão deter esse avanço.
Ao invés de depender de legislações que busquem “despolitizar” as Forças Armadas, a esquerda deve abandonar as ilusões de que conseguirá vitórias políticas utilizando-se de leis repressivas. Esse crescimento de militares eleitos mostra que tais medidas, além de ineficazes, desviam o foco do que realmente importa: uma luta política aberta contra a extrema direita, mobilizando os trabalhadores em torno de suas questões concretas.
Entre 2000 e 2024, o número de militares que concorreram a cargos públicos aumentou 36%, muito acima do crescimento total de candidatos, que foi de apenas 14%. O Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, é o que mais elegeu militares, seguido por Republicanos e MDB. Esses números indicam que os militares, alinhados com a extrema direita, estão se consolidando como um bloco de poder dentro do sistema político brasileiro.
O crescimento da presença militar na política não será contido por meio de leis. O verdadeiro caminho para enfrentar a extrema-direita militarizada é pela mobilização política da classe trabalhadora. A esquerda precisa se organizar em torno das demandas materiais dos trabalhadores, como emprego, salário, saúde, educação e moradia, oferecendo uma alternativa real para a população. Apenas com uma política de enfrentamento direto, que vá além de medidas paliativas e leis repressivas, será possível combater o avanço da extrema direita no Brasil.