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Oceania

Níquel, o verdadeiro interesse da França na Nova Caledônia

Nova Caledônia é o terceiro maior produtor mundial de níquel primário, o que inclui o minério bruto e outras formas pouco processadas

Nessa sexta-feira (24), um homem foi assassinado por um policial durante um protesto na Nova Caledônia. Segundo o Ministério Público, já são sete mortos desde o começo das manifestações no país, em 13 de maio, contra a reforma eleitoral imposta pelo governo francês que diminuia o poder da população neocaledônia nas eleições.

Governo Macron já assassinou 6 pessoas na Nova Caledônia

O assassinato em questão ocorreu um dia após Emmanuel Macron, presidente da França, chegar na Nova Caledônia, na quinta-feira (23). Segundo o presidente imperialista, sua visita serviria para tentar restaurar a calma “o quanto antes”.

[Meu objetivo é] estar ao lado da população para que haja o mais rápido possível o retorno à paz, à calma, à segurança. Essa é a prioridade absoluta”, afirmou Macron que, dias antes desta declaração, enviou mais de 1.000 policiais para reprimir a população neocaledônia. No total, já foram enviados cerca de 3.000 policiais.

Durante sua visita, Macron chegou a afirmar que as manifestações são um “movimento de insurreição sem precedentes cujo grau de violência ninguém teria previsto”. O presidente francês ressaltou que não cessará sua intervenção, afirmando que a França vai “até o fim” para tentar “restaurar a calma”.

“Nas próximas horas e dias, novas e intensas operações serão realizadas onde for necessário, e a ordem republicana em sua totalidade será restabelecida porque não há outra escolha”, disse Macron durante uma reunião na capital, Noumea.

Ao mesmo tempo, a pressão causada pela mobilização da população neocaledônia surtiu efeito. Ao final da quinta-feira, Macron afirmou que atrasará a reforma eleitoral e que tentará buscar um novo acordo.

O que está realmente por detrás do conflito na Nova Caledônia? Finalmente, a resposta truculenta da polícia, a serviço de Macron, demonstra que a França quer estabilizar a situação no país o mais rápido possível. E não é à toa: além de sua posição estratégica no Pacífico, perto da China, o território neocaledônio é rico em Níquel. O presidente francês, entretanto, não faz questão de esconder seus objetivos:

“O níquel é uma riqueza para a Nova Caledônia […] É também, e enfatizo isso, um recurso estratégico fundamental para a França e a Europa, em um momento em que levamos a cabo um esforço enorme de reindustrialização”, afirmou Marcon no ano passado durante sua última viagem ao país.

Os grupos que estão nas ruas lutando contra a reforma eleitoral aprovada pelo Parlamento francês também estão lutando contra a tentativa da França de emplacar uma proposta que suspenderia as restrições à exportação de níquel não processado e daria prioridade a remessas para fábricas europeias de baterias para veículos elétricos.

Para se ter uma noção da importância do país, a Nova Caledônia é o terceiro maior produtor mundial de níquel primário, o que inclui o minério bruto e outras formas pouco processadas. E a demanda mundial pelo níquel não para de aumentar, tanto é que, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), ela irá quadruplicar até 2030 por conta da utilização no minério na produção de baterias.

Outra prova da importância da Nova Caledônia para o mercado do níquel é o fato de que, poucos dias após o início das manifestações, as cotações do minério saltaram para seu maior patamar em cerca de nove meses. Na Bolsa de Metais de Londres, os contratos futuros do níquel chegaram a subir cerca de 7%, para 21.150 dólares por tonelada.

A Nova Caledônia já foi palco de protestos similares aos que estão ocorrendo agora. Nos anos 1980, movimentos pró-independência foram às ruas e, assim como hoje, o governo francês os reprimiu com extrema violência. Entretanto, este movimento foi vitorioso no sentido de que, nos anos 1990, a França foi obrigada a impor os limites para a exportação de níquel bruto que agora quer derrubar.

Em relação à influência chinesa sobre o território neocaledônio, Macron também não é nada sútil ao externalizar suas preocupações:

“Questões de independência são questões de décadas passadas”, disse. “Se a independência significa resolver amanhã ter uma base chinesa aqui ou ficar na dependência de outras frotas, boa sorte!”

Finalmente, a reforma eleitoral imposta pela França tem como objetivo fortalecer o poder político dos franceses para que o país possa roubar ainda mais o níquel da Nova Caledônia. É algo que já foi feito no passado: após a Segunda Guerra Mundial, no fim dos anos 1960, o governo francês, em resposta a um boom na demanda por níquel, promoveu uma onda de migração dos cidadãos franceses para o território neocaledônio.

Uma estratégia, assim como a atual, de diminuir o poder da maioria kanak, povo nativo que representa mais de 40% da população, e garantir o controle sobre os depósitos de níquel do país.

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