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Antônio Carlos Silva

Professor de Matemática. Fundador do PCO, integra a sua Executiva Nacional. Atuou na fundação do Coletivo de Negros João Cândido. Liderou a criação e coordenação dos Comitês de Luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. Secretário Sindical Nacional do PCO, coordena a Corrente Sindical Nacional Causa Operária, da CUT.

São Paulo

Não basta ‘greve digital’ para combater ataques de Tarcísio

É nas ruas, aos milhares, com as escolas paradas, que podemos por fim à ditadura nas escolas e conquistar a reposição das perdas salariais (34%) e demais reivindicações

Por Antônio Carlos Silva, da Direção da APEOESP e da Executiva Nacional do PCO

Professores das escolas da rede pública estadual de São Paulo foram convocados pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) a realizarem, nesta semana, uma “greve” que consistiria em não utilizar as plataformas de inteligência artificial implementadas pelo governador tucano bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e por seu secretário de Educação, Renato Feder.

A medida, aprovada em assembleia pela maioria da diretoria, contra a proposta de iniciar uma greve efetiva com paralisação das escolas por tempo indeterminado. Esta última proposta foi defendida por nós, do Educadores em Luta (PCO e simpatizantes), que integramos (como minoria) a direção do Sindicato, e pela maioria dos setores que se reivindicam de oposição. Seria uma resposta à verdadeira ditadura digital que se instalou nas escolas, com os professores submetidos a uma permanente ditadura por parte da burocracia estatal que os obriga, bem como aos alunos, a usarem um conjunto de plataforma digitais desde o ano passado.

O sistema inclui aplicativos e conteúdos aprimorados por inteligência artificial entre outras ferramentas e, além de ser uma ferramenta de desvalorização do trabalho educacional (já que não é colocado como uma ferramenta complementar e opcional deste, mas como um substituto), é imposto com claro conteúdo político reacionário – como no caso da propaganda a favor de movimentos de extrema direita, como o MBL, e erros grosseiros, como citar que na capital do estado, São Paulo, há praias. Este sistema visa garantir lucros bilionários para empresas ligadas aos integrantes do governo, como a Multilaser, que já foi presidida pelo próprio secretário da Educação.

Contra o ensino público…

A “greve dos aplicativos” tem previsão de durar até o dia 19 de maio e a ideia é que os profissionais da educação não usem as tecnologias durante a semana, em todas as escolas.  O que em muitas escolas se viu facilitado pelo fato de que, em centenas de escolas, esse sistema não funciona na maior parte do tempo, o que não diminui a pressão sobre professores e gestores locais para que cumpram as metas impostas pelo governo.

O método imposto pela ditadura nas escolas busca acabar com a relativa autonomia dos professores, impondo conteúdos padronizados – que não levam em consideração as diferentes realidades das comunidades escolares -, impedindo-os de buscar meios diferentes de abordar os conteúdos com os alunos. Além de perseguir o abandono dos livros didáticos, ao ponto de que o material digital chegou a substituir os livros físicos disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC), colocados à disposição pelo governo federal e que só foram retomados após denúncias e protestos do Sindicato e de organizações estudantis.

É parte, portanto, da política de destruição do ensino público e se soma a outras iniciativas, tais como a PEC do governo Tarcísio que reduz os investimentos mínimos na Educação no Estado de 30 para 25%, o que significa um corte de R$10 bilhões no setor e o enorme arrocho salarial que faz com que o estado de São Paulo pague um dos mais baixos pisos salariais do País para os professores.

… e contra os professores

Os aplicativos não são, é claro, a causa da situação atual de penúria de nossa categoria, mas uma das ferramentas que o governo tucano-bolsonarista utiliza para seguir com a política dos governos do PSDB de destruição do ensino público e arrocho salarial dos trabalhadores da Educação em favor do ensino privado, dos bancos e demais tubarões capitalistas e suas máfias que assaltam os cofres públicos abastecidos com os impostos pagos pelos trabalhadores.

Para barrar essa ofensiva, será necessária uma mobilização real da nossa categoria, junto com os demais trabalhadores da Educação e, principalmente, com a juventude estudantil que também sofre duramente as consequências dessa política criminosa nas escolas.

Chega, vamos parar tudo

Dia 24 de maio, a partir das 16 horas, está convocada uma nova assembleia geral na Avenida Paulista, em frente ao Masp, para avaliar o movimento e aprovar novas ações de luta. É preciso superar as meias-medidas, é preciso tratar das ações no Parlamento e no Judiciário apenas como iniciativas complementares e secundárias, como realmente são. O que pode virar o jogo em favor dos professores é a nossa luta, como sempre foi.

É nas ruas, aos milhares, com as escolas paradas, por meio de uma intensa luta política contra o governo de inimigos da Educação e da população que podemos derrotar a ditadura digital nas escolas e conquistar mudanças reais tais como:

  • a reposição de 100% das perdas salariais, 34,5% já! (para que os professores voltem ao nível de 2009, quando seu piso equivalia a 3,26 salários mínimos);
  • Fim da ditadura digital: que professores e a Comunidade Escolar decidam os métodos e ferramentas a serem utilizados em sala de aula (autonomia!);
  • Convocação de todos os aprovados no atual concurso. Salário igual para trabalho igual, fim da diferenciação de salário e direitos entre efetivos e temporários. Pela realização de concurso público para PEB I;
  • Uma só rede, um só salário: extensão da gratificação de 70% paga nas PEIs para todos os professores de todas as escolas;
  • O professor precisa comer: liberação da merenda escolar para todos os trabalhadores nas escolas, tíquete-refeição de R$40 para todos os dias para todos os professores (o “vale-coxinha”, hoje, é de míseros R$12);
  • Não ao corte de verbas: mais verbas para a Educação, verbas públicas somente para as escolas públicas;
  • Abaixo a Reforma privatista do ensino médio (MP 746/2016);
  • Pela revogação integral da LC 1374/2022 – por carreira aberta, justa e transparente;
  • Não às escolas cívico-militares – pela rejeição do PLC 9/2024 na ALESP;
  • Fora Tarcísio e Feder, inimigos da Educação e da população!

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