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Manifestação de Bolsonaro

Minimizar o ato bolsonarista é desculpa para não fazer nada

Colunista se nega a crer que Bolsonaro demonstrou força no último ato, em que lotou a Avenida Paulista

Um setor da esquerda pequeno-burguesa está em total  negação diante da força política que o bolsonarismo demonstrou em sua manifestação no dia 25 de fevereiro, embora o ex-presidente tenha lotado a Avenida Paulista – coisa que nem todas as organizações de esquerda do país juntas conseguiriam fazer nos últimos meses. Na tarefa de tentar negar a polarização do país, muitas pessoas procuram desmerecer o ocorrido e encampam a ideia de que não deveria haver nenhum tipo de reação por parte da esquerda.

É o caso do colunista do sítio Brasil 247, Chico Cavalcante, que publicou na quinta-feira (7) uma coluna com o título “Não foi uma demonstração de força”, onde ele procura demonstrar que colocar dezenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista não tem a menor importância.

Para comprovar numericamente, Cavalcante compara os supostos números do ato bolsonarista (180 mil pessoas na Paulista, uma projeção talvez até exageradamente alta) com a população da Grande São Paulo. Tendo em vista que São Paulo tem cerca de 20 milhões de pessoas, um ato de 180 mil pessoas seria apenas um fragmento da população paulista. O argumento é absurdo, pois implicaria no fato de que nunca, então, houve nenhuma manifestação realmente grande no Brasil, país com mais de 200 milhões de habitantes.

Segundo a consideração dele, cerca de 10 milhões de pessoas estariam no escopo da mobilização da direita, e eles teriam conseguido levar apenas cerca de 2% de sua capacidade total. Para Chico Cavalcante, isso não seria uma demonstração de força, mas de que Bolsonaro está na “inércia”. Ele compara com o dia do Orgulho LGBT, com supostamente 4 milhões de frequentadores e que é uma festa divulgada amplamente pela imprensa nacional e internacional.

Outro fator citado pelo colunista era que os presentes eram todos de uma determinada faixa etária e grupo social: “(…) o grupo era majoritariamente masculino, branco, com nível socioeconômico acima da média, de meia-idade ou idosos, católicos e assumidamente de extrema direita”.

O primeiro erro crasso de análise cometido por Chico Cavalcante se encontra justamente em seu absurdo cálculo numérico. O critério não deveria ser o número de habitantes da cidade de São Paulo, mas o tamanho médio que têm tido os atos públicos dos últimos anos. E, nesse sentido, o ato de Bolsonaro (embora não haja unanimidade nos números) foi consideravelmente grande.

Além disso, é importante levar em consideração que o número de pessoas mobilizadas em uma manifestação nunca será o número total (ou sequer a maioria) de pessoas que manifestam apoio à causa que está sendo defendida. Ainda mais em se tratando da primeira manifestação que ocorre após um período longo sem grandes mobilizações, é apenas uma quantidade limitada de pessoas – as mais dispostas e decididas – que tomará as ruas.

Nesse sentido, dizer que a manifestação de Bolsonaro não foi uma demonstração de força pelo simples fato de que ela não atingiu uma determinada porcentagem da população de São Paulo é bastante absurdo. É uma tentativa de negar a realidade para não encará-la e não enfrentá-la.

O colunista também se esquece da força política de determinadas colocações de Bolsonaro diante da população normal: para muitos que ali estavam ou que assistiram o ocorrido, aquilo era um ato em defesa da democracia e dos direitos democráticos da população. O fato de Bolsonaro e outros oradores chamarem a atenção para os “pobre coitados” encarcerados por Alexandre de Moraes de forma desumana e cruel, com apoio de toda a esquerda nacional, tem um impacto muito grande entre os seus apoiadores e até entre setores indecisos, mas que enxergam nisso uma reivindicação justa.

Outra questão é o próprio fato de Bolsonaro estar hoje sendo politicamente perseguido pelo Judiciário – um poder que não foi eleito por ninguém e que representa tudo aquilo de mais reacionário e anti-povo que existe no país. É o Judiciário o responsável pela super-lotação, pelo assassinato promovido pelas PMs nas favelas, pelas prisões injustas, pelas condições sub-humanas que se encontra nas cadeias brasileiras e diversas outras mazelas.

O fato de uma parte da esquerda se colocar ao lado desses juízes sanguinários para perseguir Bolsonaro e alguns bolsonaristas que realizaram uma simples manifestação de rua no 8 de janeiro de 2023, tem um impacto muito negativo na relação do povo com a esquerda. Embora o PCO tenha avisado durante todo esse período que essa perseguição toda a Bolsonaro apenas o fortaleceria (a exemplo de Donald Trump nos EUA), a esquerda pequeno-burguesa não quis acreditar e continuou atuando como líderes de torcida de uma escola norte-americana enquanto Xandão e o STF levavam adiante as piores arbitrariedades de que se teve notícia na história recente do país.

Por fim, Chico Cavalcante mostra sua intenção final com a sua tese de que lotar a Avenida Paulista não tem nenhuma importância na luta política nacional. Ele diz: “Obviamente a esquerda pode cometer um erro que ajude a mudar os fatos: aceitar a provocação da direita e entrar em uma queda de braços com os apoiadores do derrotado inelegível”. Para ele, “Não há conveniência alguma” em realizar um ato no dia 23 de março, agrupando toda a esquerda nacional para dar uma resposta política a Bolsonaro. Segundo ele, isso seria “competir com quem perdeu as eleições e está prestes a ser condenado, possivelmente preso”.

No entanto, é aí que ele se engana. O tamanho da mobilização na Paulista é justamente a prova de que não teve efeito nenhum toda a perseguição a Bolsonaro, o que inclui todos os processos aos quais ele tem sido submetido, a sua inelegibilidade, toda a campanha da imprensa contra ele e a atuação do Judiciário contra os manifestantes do 8 de janeiro. Se houve um efeito foi o oposto, aumentou sua popularidade.

Bolsonaro continua com seus apoiadores em pé de guerra e é preciso dar uma resposta política a isso. Deve-se sair às ruas no dia 23 de março, não com a palavra de ordem submetida aos interesses do STF de “prisão a Bolsonaro” ou “sem anistia”, mas sim com uma plataforma política que enfrente o bolsonarismo de frente e explore sua principal fraqueza: o apoio ao genocídio em “Israel”. O PCO convoca a todos, portanto, a saírem às ruas no dia 23 defendendo a Palestina e denunciando o novo holocausto promovido pelo nazista Benjamin Netaniahu.

Enquanto Chico Cavalcante propõe que sentemos em casa e esperemos o Judiciário lutar contra o bolsonarismo no lugar da esquerda, o PCO propõe que o povo tome às ruas e coloque os bolsonaristas em seu devido lugar. É preciso mobilizar a classe operária para o enfrentamento com o bolsonarismo, que deve apenas se intensificar nesse próximo período.

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