Genocídio em Gaza

Rafá: 1,5 milhão de palestinos sob bombardeio de ‘Israel’

Plano sionista é invadir Rafa, cidade ao sul de Gaza na fronteira com o Egito, onde mais de 1,5 milhão de refugiados palestinos estão abrigados

Na última quinta-feira (15) o mundo testemunhou estarrecido a invasão de tropas sionistas do hospital Nasser, localizado na cidade de Khan Yunis, ao sul de Gaza. Ao menos cinco pacientes morreram logo após a entrada das forças de ocupação naquele que é o último grande hospital em operação no enclave palestino, devido ao corte do fornecimento de energia.

As Forças de Defesa de “Israel” prenderam 20 supostos militantes do Hamas no complexo hospitalar, o que justificaria o cerco de três semanas que mantiveram sobre o local. Os militantes palestinos, por outro lado, sustentaram sua posição de que mantém distância entre suas atividades militares e instituições públicas e civis, além do setor de saúde pública, segundo reporta o portal de notícias Al Jazeera.

“A energia elétrica foi cortada em todo o complexo médico. Muitos pacientes em UTIs e aqueles que recebem oxigênio e também aqueles em diálise ficam lutando por suas vidas desde as 3h”, relatou o médico Nahed Abu Taima à reportagem de Al Jazeera. O cerco e a invasão do hospital em Khan Yunis remonta à brutal invasão do hospital de Al Shifa, com a exceção de que agora não há mais para onde levar os pacientes. “Estamos desamparados, incapazes de fornecer qualquer forma de assistência médica aos pacientes dentro do hospital ou às vítimas que chegam ao hospital a cada minuto”, continua Taima, em desespero, dado que o hospital onde trabalha era a última esperança de doentes, feridos e refugiados procurando abrigo na região.

Mais terríveis que a invasão foi a véspera, quando as forças sionistas enviaram um refém algemado às instalações sitiadas para dizer àqueles que lá estavam terem 24 horas para evacuar os prédios. “[O exército israelense] enviou um refém com as mãos algemadas ao hospital, pedindo-lhe que nos dissesse que deveríamos evacuar. E quando as pessoas começaram realmente a evacuar, abriram fogo e dispararam contra as pessoas. E eles mataram o refém [que haviam enviado para dentro] também”, relatou, em estado de chope, o médico Ahmed al-Moghrabi também a Al Jazeera. A reportagem destaca que os corpos de inúmeras pessoas assassinadas por franco-atiradores israelenses estavam nas imediações do hospital há dias, mas que era muito inseguro tentar retirá-los de lá.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi ontem (18), em suas redes sociais denunciar que dois dias anteriores: “a equipe da OMS não havia sido autorizada a entrar no hospital para avaliar a condição dos pacientes e das necessidades médicas críticas, apesar de ter chegado ao complexo hospitalar para entregar combustível”. Segundo o ministério da Saúde de Gaza, o hospital Nasser foi transformado num posto militar israelense após a detenção de um grande efetivo de profissionais da saúde que lá trabalhavam.

A ofensiva em Khan Yunis gerou mais refugiados, a maioria dos quais se dirigiram à cidade de Rafa, na fronteira de Gaza com o Egito. A cidade, que agora abriga cerca de 1,5 milhão de refugiados (praticamente 75% da população de Gaza antes do início dos ataques sionistas), é um dos poucos lugares com alguma infraestrutura capaz de receber mais pessoas por sua proximidade à fronteira, por onde entram insumos que abastecem — ainda que precariamente — quem habita a cidade. A maioria dos refugiados encontra-se acampada nos arredores da cidade.

Apesar disso, Rafa não foi poupada pelos sionistas que promovem um genocídio contra o povo palestino. Na última segunda-feira (12), a cidade teve duas mesquitas e dezenas de casas atingidas por bombardeios israelenses em “operação especial” das Forças de Defesa de “Israel” que supostamente resgataram dois reféns. O número de vidas palestinas ceifadas pela operação ultrapassa a marca da centena.

Repúdio

“Nós não estamos vivendo, os mortos estão melhores que nós”, relatou Mahmoud Khalil Amer, acampado próximo ao cemitério de Rafa. Em reportagem surpreendentemente sóbria sobre o genocídio pela emissora norte-americana CNN, outro entrevistado, Mohammad Jamal Abu Tour, explicou que os recursos que chegam a Gaza por Rafa não estão disponíveis nas demais cidades do enclave. “Se formos à cidade de Gaza, a Khan Yunis ou a El Nuseirat, não encontraremos os suprimentos que nos foram fornecidos aqui em Rafah”, acrescentou. “Continuamos ouvindo que na Cidade de Gaza eles não conseguem encontrar água potável e que comem grama, bebem do mar, que Deus os ajude”.

Tamanhos atos de brutalidade, um genocídio televisionado, provocaram inúmeras manifestações de repúdio ao redor do mundo. Logo após os bombardeios a Rafa, no dia 13, milhares de italianos realizaram um protesto em frente à câmara dos deputados exigindo que o governo da Itália atue para parar os bombardeios. O governo fascista liderado por Giorgia Meloni realizou votação no mesmo dia que terminou por não reconhecer o genocídio cometido por “Israel” e não condenar o regime sionista por seus atos.

No sábado (17), dezenas de milhares foram às ruas, com destaque para Istambul, Madri e Londres, onde os organizadores estimam ter havido mais de 200 mil manifestantes no que seria o terceiro maior protesto desde o início das ações de Israel.

A escalada de violência fez com que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que até então mantinha uma posição relativamente passiva diante dos crimes de “Israel” comparasse as ações sionistas com o que “Hitler fez quando decidiu matar os judeus”.

Não acabou

Para o governo nazista de “Israel”, sob o comando de Benjamim Netaniahu, o derramamento de sangue inocente está longe de acabar. Segundo as próprias autoridades israelenses, as forças ocupantes pretendem invadir Rafa por terra, caso a resistência palestina não liberte seus reféns até o início do feriado muçulmano sagrado do Ramadã, a ocorrer em março.

“Aqueles que querem impedir-nos de operar em Rafah estão basicamente nos dizendo: percam a guerra”, disse Netanyahu em coletiva de imprensa no sábado (17). “É verdade que há muita oposição no exterior, mas este é exatamente o momento em que precisamos dizer que não faremos metade ou um terço do trabalho.”

Ainda segundo o chefe de Estado sionista, o Hamas tem centro de operações na cidade, o que justificaria mais um ato de brutalidade como os testemunhados na última semana.

Num acréscimo de crueldade, segundo o jornal israelense Haaretz, Netaniahu teria concordado com seu ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Guivir, com a proposta de limitar a entrada de israelenses árabes no complexo da mesquita de Al Aqsa durante o Ramadã. Dando indícios de que seu projeto de destruir o terceiro local mais sagrado da religião islâmica para erguer um “novo Templo de Salomão” pode vir a se concretizar. A operação de 7 de outubro, realizada pela resistência palestina sob a liderança do Hamas, foi batizada de Dilúvio de Al Aqsa em referência à crescente repressão policial a fiéis que visitavam a mesquita para realizar suas preces durante o Ramadã nos últimos anos.

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