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HISTÓRIA DA PALESTINA

Marwan Barghouti, fundador das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa

Em fevereiro 2024, o Hamas pediu a libertação do líder palestino, colocado em confinamento após o episódio. Autoridade Palestina, no entanto, luta contra sua libertação

Recentemente, em meio ao genocídio que “Israel” vem cometendo contra os palestinos desde outubro de 2023, a Autoridade Palestina (AP) foi a público se opor à libertação de Marwan Barghouti em qualquer futuro acordo de troca entre a resistência e a ocupação.

Barghouti é uma figura política proeminente e popular dentro do partido palestino Fatá, atuando como membro tanto de seu Comitê Central quanto do Conselho Legislativo Palestino (CLP). Ele está detido nas prisões israelenses desde a Segunda Intifada em 2002, onde foi condenado a cinco prisões perpétuas por sua atividade revolucionária contra “Israel”.

Já a AP é basicamente uma burocracia que administra o enclave da Cisjordânia, tornado um campo de concentração pelos sionistas, com a ajuda da entidade palestina. Vinha sendo assim em todos os territórios palestinos até que em 2006 a organização foi expulsa da Faixa de Gaza pelo Hamas. 

A AP é presidida por Mahmoud Abbas, um político a serviço de “Israel” e do imperialismo, pessoa que é também o presidente da OLP e do partido Fatá, outrora revolucionário, hoje desempenhando um papel deplorável de apoio aos invasores. Lidera a ala do partido que é totalmente cooptada pelo sionismo e pelo imperialismo. 

Contudo, desde a Operação Dilúvio de Al-Aqsa e o avanço da Revolução Palestina, vem se enfraquecendo cada vez mais essa ala e fortalecendo os setores do Fatá que lutam junto do Hamas, e demais organizações da resistência. 

Tais setores veem em Marwan Barghouti uma liderança que pode assumir o comando do Fatá, livrando os palestinos do odiado e corrupto Abbas. Daí a perseguição ao prisioneiro palestino.

Nascido em 1959, Barghouti entrou para o Fatá aos 15 anos, vindo a ser, eventualmente, um dos co-fundadores do movimento juvenil do partido. Em 1976, em razão de sua militância em defesa do povo palestino, foi preso pela ditadura de “Israel”, cumprindo uma pena de quatro anos nas prisões israelenses.

Contudo, foi na década de 80 que ele se ergueu como líder palestino por sua atuação impulsionando as massas contra “Israel”, durante a Primeira Intifada, levante revolucionário do povo palestino, iniciado em 1987 e finalizado em 1993. Por este papel, foi preso por “Israel” já no primeiro ano da Intifada, sendo deportado para a Jordânia.

Pode voltar para a Cisjordânia em 1994 em razão dos Acordos de Oslo, uma capitulação liderada pela OLP, o Fatá e sua liderança então, Yasser Arafat. Em enorme erro de cálculo, Barghouti defendeu o acordo de paz com “Israel”, ou seja, a capitulação que liquidou a Intifada, apesar de duvidar que os sionistas estivessem dispostos a realizarem as concessões territoriais previstas nos acordos.  

Durante a década de 1990, manteve posição capituladora, embora como membro do Conselho Legislativo Palestino tenha feito oposição às ações ditatoriais da AP contra o seu próprio povo.

Na virada do século, quando o óbvio ficou claro que os Acordos de Oslo eram uma farsa para que a ditadura de “Israel” fosse mantida intacta e o povo palestino continuasse sendo esmagado, Barghouti se desiludiu. A gota d’água foi o fracasso da Cúpula de Camp David, em 25 de julho de 2000, após a qual o líder palestino, que já ocupava a posição de Secretário-Geral do Fatá na Cisjordânia, passou a defender uma nova Intifada, que seria realizada por meio de mobilizações de massas e “novas forças de combates militares”.

Assim, a partir de setembro de 2000, com o início da Segunda Intifada, nova mobilização revolucionária do povo palestino, Barghouti assumiu a liderança da Tanzim, uma milícia armada criada por Yasser Arafat em 1995 a partir de quadros do próprio Fatá. Foi a liderança da luta armada durante a Segunda Intifada que o fez tornar uma verdadeira liderança para o povo palestino.

Barghouti também liderou mobilizações de massas, marchando com milhares de palestinos até postos de controles estabelecidos pela ditadura de “Israel”, as quais sempre eram respondidas com a mais abjeta repressão dos sionistas. Outro método de luta utilizado por Barghouti era fazer dos funerais dos palestinos, verdadeiras manifestações contra o regime ditatorial sionista.

À medida que a repressão de “Israel” contra a Intifada se intensificava, Barghouti exortava os palestinos a realizarem ataques contra as tropas das forças israelenses de ocupação e os colonos fascistas. 

Além do Tanzim, outro grupo armado que travava a luta revolucionária na Cisjordânia eram as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa. Elas foram criadas logo após as vista provocativa de Ariel Sharon à Mesquita de Al-Aqsa, e à repressão que se seguiu, isto é, logo após o estopim da Segunda Intifada.

As milícias eram (e ainda são) ligadas às alas mais combativas do Fatá. O fato de elas terem sido fundadas por Barghouti fez com que “Israel” desatasse uma perseguição de tipo fascista contra ele. Em 2001, o Mossad tentou assassiná-lo, com um míssil disparado contra seu carro, sendo seu segurança assassinado, mas ele não. 

Apesar de ter sobrevivido, acabou preso pelas forças de ocupação em 15 de abril de 2002, sob falsas acusações de ter assassinado pessoalmente dezenas de pessoas. Como forma de protesto, recusou-se a apresentar defesa contra as acusações, limitando-se apenas a denunciar que os processos eram farsescos. Apesar de ter sido absolvido de 21 acusações de homicídio e 33 de ataques, em 2004 ele foi condenado a cinco penas cumulativas de prisão perpétua pelos supostos assassinatos, que jamais foram comprovados.

Na prisão continuou liderando a ala esquerda do Hamas, em oposição a Mahmoud Abbas, buscando promover a unidade do povo palestino. Exemplo disto, 

Durante as tratativas realizadas entre o Hamas e “Israel”, que resultaram na troca do soldado sionista Gilad Shalit por 1.027 prisioneiros palestinos em 2011, o Hamas tentou inúmeras vezes incluir Barghouti no acordo, para que o mesmo fosse libertado. Contudo, “Israel” não aceitou.

Conforme noticiado no jornal International Business Times, em Novembro de 2014, Barghouti instou a AP a pôr fim imediatamente à cooperação de segurança com “Israel” e apelou a uma Terceira Intifada contra o Estado sionista.

Desde outubro de 2023, com a crescente rejeição dos palestinos a Mahmoud Abbas e à atual AP, especialmente após ele ter nomeado um banqueiro pró-imperialista para primeiro-ministro (Mohammad Mustafa), a popularidade de Barghouti e os pedidos por sua libertação vem crescendo.

Segundo noticiado pela emissora catarense Al Jazeera, em 15 de fevereiro de 2024, o Hamas apelou à libertação de Barghouti, mas ele foi colocado em confinamento solitário pelos israelenses.

Em recente protestos em Ramalá, na Cisjordânia, no último dia 25, manifestantes várias organizações seguravam bandeiras com a imagem de Barghouti, entoando dizeres como:

“Ó aqueles que definham nas prisões, amanhã vocês serão libertados em um acordo.”

“Saudação à Brigada em nossa querida Jenin.”

“Toda a Cisjordânia apoia o Hamas!”

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