No último domingo (25), Jair Bolsonaro foi à Avenida Paulista em uma manifestação convocada “em defesa do Estado Democrático de Direito”. Diferentemente do que a esquerda pequeno-burguesa afirmava, o ato foi grande, demonstrando que o bolsonarismo não só não foi derrotado, como é uma força política importante no regime.
Chamou atenção que, na manifestação, havia uma enorme quantidade de bandeiras de “Israel”. Afinal, a extrema direita, no geral, mas, principalmente, no Brasil, é muito ligada ao sionismo, fazendo com que o ato de apoio a Bolsonaro fosse, também, um ato de apoio ao Estado nazista israelense.
Tanto é assim que, no dia seguinte ao ato (26), Israel Katz, ministro de Relações Exteriores de “Israel”, publicou em sua conta oficial no X (antigo Twitter) um elogio à manifestação de Bolsonaro. “Muito obrigado ao povo brasileiro por apoiar Israel. Nem Lula conseguirá nos separar”, diz o chanceler sionista. Na mesma publicação, ele destaca uma foto do ato:
Muito obrigado ao povo brasileiro por apoiar Israel 🇮🇱 Nem @LulaOficial conseguirá nos separar pic.twitter.com/4tX3i0L2bR
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 26, 2024
A postura de Katz é ainda mais um motivo para Lula romper de uma vez por todas as relações diplomáticas do Brasil com o Estado nazista de “Israel”. Afinal, o chanceler está interferindo diretamente na política interna do País, declarando apoio a uma força política inimiga do governo.
Aqui, é preciso explicar algo sobre o ato de Bolsonaro: o ex-presidente convocou a manifestação para se defender dos ataques que vem sofrendo tanto do Supremo Tribunal Federal (STF), quando da Polícia Federal (PF). Nesse sentido, trata-se de uma mobilização de caráter defensivo.
O problema é que, em breve, essa mesma defesa de Bolsonaro pode – e provavelmente vai – tornar-se uma ofensiva que, inevitavelmente, se voltará contra a esquerda e contra o governo do PT. E o endosso do chanceler israelense a essa mobilização contribui para o fortalecimento da extrema direita e, portanto, para essa futura ofensiva.
Se o governo dos Estados Unidos, por exemplo, tivesse afirmado que apoiava as manifestações reacionárias contra a presidenta Dilma durante o golpe de 2016, qual seria a reação normal da mandatária? Empurrar a posição norte-americana para debaixo do tapete ou reagir? Decerto que a segunda opção.
Por outro lado, pensemos no escândalo que seria se um membro do governo russo apoiasse uma manifestação contrária ao governo dos Estados Unidos. Isso abriria uma crise na relação entre os dois países, a Rússia seria, com certeza, acusada de financiar um golpe contra os norte-americanos.
E não é de agora que Katz tem se colocado contra a posição do governo brasileiro. Antes da declaração dessa segunda-feira (26), após Lula comparar acertadamente o genocídio que “Israel” está perpetrando em Gaza com a Alemanha Nazista de Hitler, o chanceler já havia criticado o presidente brasileiro. “Ninguém vai separar nosso povo – nem mesmo você, Lula”, diz outra de suas publicações.
Pouco tempo depois da fala de Lula na Etiópia, o ministro israelense exigiu uma retratação do presidente brasileiro, adotando um tom muito mais agressivo:
“Milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler? […] Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros. Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então, continuará sendo persona non grata em Israel!”
Nesse sentido, não faltam motivos para o governo brasileiro romper todas as suas relações com “Israel”. O genocídio contra o povo palestino, somado à interferência nos assuntos internos do Brasil, são mais do que o suficiente para justificar uma retaliação. Algo que, inclusive, seria importante para a luta política da esquerda contra o sionismo e, consequentemente, contra o bolsonarismo.