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Governo Lula

Mudança nas Forças Armadas não vai acontecer da noite para o dia

Militares têm força política muito grande dentro do regime político brasileiro

Segundo artigo de Tereza Cruvinel publicado no Brasil 247, Lula tem sua melhor hora para fazer a reforma militar. Só falta combinar com os militares! Logo no começo, a autora já se contraria no que diz respeito à suposição de que teria havido uma tentativa de golpe:

“A enxurrada de revelações sobre os planos golpistas de Bolsonaro e de militares de alta patente despertaram perplexidade e revolta mas, no fundo iluminado pela História, foi apenas mais do mesmo. Mais da tutela militar, essa ideia que se consolida a partir da República (1889), de que os militares são intérpretes superiores dos interesses do país, podendo usar da força para interferir na política, substituindo um povo certamente incapaz (aos olhos deles) de fazer escolhas certas [grifo nosso].”

As ameaças de golpes e intervenções militares nunca deixaram de existir. A diferença é que agora, se aproveitando dos eventos de 8 de janeiro, uma parcela da burguesia, que deu o golpe em 2016, tenta tirar da frente Bolsonaro para colocar no lugar uma direita mais manobrável.

A perseguição judicial ao ex-presidente não tem nada a ver com combate ao fascismo ou ao golpismo. Trata-se de uma questão meramente política.

Como escreveu Cruvinel, “É certo que desta vez não houve consenso a favor do golpe, e que os comandantes do Exército e da Aeronáutica resistiram (embora não tenham denunciado os golpistas e tolerado os acampamentos), ao passo que o da Marinha aderiu”. Não houve consenso e também não houve tentativa de golpe. Manifestantes invadiram prédios públicos para desmoralizar o governo, não para derrubá-lo.

Os militares decidem

Quando a jornalista diz que “houve então, digamos, uma expansão dos valores democráticos entre os militares mas o DNA da tutela, que se traduz em ímpetos golpistas, continua lá”, erra na questão dos valores democráticos. Ao que tudo indica, houve, de fato, um cálculo da possibilidade, ou necessidade, de se dar um novo golpe. Se esteve não foi adiante, é porque a cúpula militar avaliou que não havia condições políticas para levá-lo adiante, e não porque algum general gosta da democracia.

Tereza Cruvinel escreve que “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu uma convivência pacífica com eles nos seus oito primeiros anos. Fez concessões e os premiou com investimentos inéditos [o que não impediu que dessem o golpe no PT em 2016]. Mas agora poderia não ter tomado posse, ou poderia ter sido derrubado em 8 de janeiro de 2023, se os golpes tentados tivessem dado certo”. Que golpe se ela mesma havia escrito que “desta vez não houve consenso a favor do golpe”?

“Mudanças”

Após o 8 de janeiro, Lula tirou do comando do Exército o general Arruda, que havia escolhido por critério de antiguidade, substituindo-o por Thomaz Paiva […]”. Após descrever  algumas ‘mudanças’ no comando, Cruvinel diz que “até aqui Lula optou pelos panos quentes. Vem mantendo com eles uma relação amigável, até generosa, preconizada por seu ministro da Defesa, José Múcio”.

Apesar de o governo não ter controle sobre as Forças Armadas, pois essa relação “amigável” é muito mais cautela, a jornalista acredita que “agora, porém, abre-se para Lula uma oportunidade talvez única de enfrentar a questão militar com segurança, fazendo as reformas necessárias à superação da cultura tutelar. O desgaste e o constrangimento das Forças Armadas são enormes. Estão fragilizadas pelas evidências da trama golpista”.

O que a articulista não entende é que a investida da burguesia contra os militares não é porque a burguesia quer o fim das Forças Armadas, nem mesmo porque quer reformá-la. No máximo, querem enfraquecer o bolsonarismo dentro da instituição para colocar figuras mais ligadas ao imperialismo.

Nesse sentido, sua proposta é que Lula faça praticamente o que fez Hugo Chávez na Venezuela, esquecendo que, lá, o presidente venezuelano possuia uma enorme mobilização popular ao seu lado que lhe garantia as condições políticas para fazê-lo. Não basta uma suposta fragilização “pelas evidências da trama golpista”.

O comando das Forças Armadas está sendo preservado, a burguesia não vai atacar a integridade dessa instituição que tem sido a base para todos os golpes no Brasil. No máximo, uma ou outra pessoa poderá ser substituída.

Segundo Cruvinel, “especialistas e estudiosos da questão apontam as providências que seriam necessárias [para as reformas] e sugerem que Lula poderia ter o apoio dos generais que discordaram do golpe”. Mas os generais que “discordaram” do golpe o fizeram por um cálculo, não por amor ou respeito à democracia, nada impede que amanhã tentem derrubar Lula.

A lista…

Em seu artigo, Cruvinel elenca uma série de medidas que deveriam ser adotadas para a reforma das Forças Armadas: “1. Suprimir o artigo 142 da Constituição; 2. Alterar os currículos das academias e escolas militares; 3. Extinguir os serviços de inteligências das três forças, heranças da ditadura e 4. Extinguir a ABIN, sucedânea do SNI que herdou seus vícios”.

Em vez de entrarmos no mérito de cada item, precisamos primeiro responder, mais uma vez, se Lula tem poder para fazer quaisquer reformas substanciais nas Forças Armadas. Até agora, o que vemos é um governo sitiado que mal consegue aprovar medidas provisórias no Congresso, quem dirá reformar o que é, provavelmente, a instituição mais forte de todo o Estado brasileiro.

Onda golpista

Há no mundo uma onda golpista, ela é resultado da crise aguda pela qual passa o imperialismo. Estamos vendo tentativas de golpe e golpes de fato em toda a América Latina, como no caso do Peru que, em estado de sítio, aprovou até mesmo a entrada de tropas norte-americanas em seu território.

O Brasil é um dos países mais importantes do mundo e o imperialismo, que deu o golpe em Dilma Rousseff, não hesitará em fazer o mesmo com Lula, principalmente se ele for tão ingênuo quanto Cruvinel na questão militar e tentar fazer bem mais do que consegue.

O fator essencial, e o que está sendo deixado de lado pela imprensa progressista e pelo próprio governo Lula, é a mobilização do povo. Os trabalhadores não estão sendo chamados a intervir na situação política. Sem esse poder, o governo poderá fazer pouco ou nada contra o avanço da extrema direita e da direita no geral.

Ao contrário do que pensa Tereza Cruvinel, Lula não é Hugo Chávez, não tem a força necessária para mudar as Forças Armadas. E Chávez só fez o que fez porque a população venezuelana o apoiou, essa é a principal lição a ser aprendida.

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