Em entrevista à Rede TV, concedida ao jornalista Kennedy Alencar, o presidente Lula definiu como “grande” o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), realizado no último domingo (25), na Avenida Paulista.
“Eles fizeram uma manifestação grande em São Paulo”, afirmou o petista. “Mesmo quem não quiser acreditar, é só ver a imagem. Como as pessoas chegaram lá, é outros 500“.
A declaração de Lula vai de encontro com o que vários outros articulistas da esquerda nacional disseram, inclusive daqueles ligados ao Partido dos Trabalhadores e ao próprio governo. Para eles, o ato de Bolsonaro teria “flopado” – isto é, fracassado – e não mereceria grande importância. Outros setores até chegaram a reconhecer que o ato foi grande, mas negaram que teria grande repercussão na situação política nacional.
O ato do dia 25 de fevereiro foi convocado pelo ex-presidente em reação às investigações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal contra ele e seus aliados. Em mais de uma oportunidade, o presidente Lula destacou a necessidade de se respeitar o devido processo legal, mesmo no caso de um adversário político.
Na entrevista a Kennedy Alencar, Lula afirmou que “eles todos com muito medo, muito cuidado […] De qualquer forma, é importante a gente ficar atento, porque essa gente está demonstrando que não está para brincadeira”.
Os bolsonaristas, no entanto, não parecem estar com medo. Muito pelo contrário: o ato do dia 25 de fevereiro foi, claramente, uma manifestação que tinha como objetivo dar início a uma campanha política. Isto é, a partir dali, Bolsonaro e seus apoiadores tomarão um conjunto de iniciativas para procurar encurralar os seus adversários políticos. Independentemente da discussão sobre o “medo” dos bolsonaristas, o importante da declaração de Lula é que ele destaca que “é importante a gente ficar atento”.
É preciso, na verdade, mais que ficar atento. A manifestação de fato deve acender um alerta para a esquerda. Não um alerta no sentido de que os bolsonaristas tentarão dar um golpe de Estado, mas de que a correlação de forças está ficando cada vez mais desfavorável para a esquerda. Bolsonaro provou, no fim das contas, que tem muita capacidade de mobilização.
É preciso fazer o mesmo. No dia 24 de março, várias organizações da esquerda e do movimento popular estão convocando um ato público contra a extrema direita. É preciso, portanto, dar um caráter concreto a esse ato e transformá-lo em uma grande mobilização: é preciso colocar na ordem do dia as necessidades do povo trabalhador, como o aumento do salário mínimo; as questões de soberania nacional, como a reestatização da Eletrobrás; e a luta contra a extrema direita, que, neste momento, é representada de maneira inconfundível pelo sionismo e a defesa do genocídio na Faixa de Gaza.