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Rio Grande do Sul

Leite ignorou por 6 anos avisos de que enchentes ocorreriam

Prefeitura de Porto Alegre foi alertada em 2018 do risco de falhas no sistema de bombeamento na região central de Porto Alegre em caso de cheia do lago Guaíba

Segundo matéria do jornal burguês Folha de S.Paulo, a “prefeitura de Porto Alegre foi alertada em 2018 do risco de falhas no sistema de bombeamento na região central de Porto Alegre em caso de cheia do lago Guaíba acima da cota de inundação, de 3 metros”, conforme “parecer técnico elaborado em setembro daquele ano por funcionários municipais” (Prefeitura de Porto Alegre foi alertada há seis anos sobre risco de falha no sistema contra enchente, Mariana Zylberkan, 21/5/2024). As afirmações têm como base um documento enviado ao jornal por engenheiros da prefeitura da capital gaúcha, em nova comprovação de que não é uma catástrofe climática ou qualquer coisa parecida o responsável pela tragédia, mas a política criminosa de Eduardo Leite e dos prefeitos gaúchos.

“A Folha teve acesso ao documento assinado por dois engenheiros integrantes da gestão municipal que apontaram a necessidade de rever o projeto de parte do sistema de prevenção de cheias por possível ‘falha na proteção’. Os técnicos se referiam a duas casas de bombas projetadas para escoar a água da chuva do centro da cidade para o Guaíba” (Idem).

Conforme noticiado por este Diário, se funcionando normalmente, o sistema de prevenção de enchentes elaborado nos anos 1960 comporta cheias de até seis metros. A deterioração criminosa do sistema produzida pelos sucessivos governos tucanos, na capital gaúcha e no estado, reduziram essa capacidade à metade.

O resultado da política neoliberal é que 94% das cidades do estado foram atingidas pelas enchentes. Até o último dia 22, 161 pessoas haviam morrido e 85 ainda estavam desaparecidas. 806 pessoas ficaram feridas, em um total de 2,34 milhões de atingidos.

O prefeito de Porto Alegre na época do parecer era Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que, em 2021, foi substituído por Sebastião Melo (MDB), atual chefe do Executivo municipal. Em entrevista coletiva nesta terça, Melo acusou “pessoas de extrema esquerda” de “montar uma narrativa mentirosa” sobre as enchentes em Porto Alegre.

“Nos últimos dias”, disse Melo, “pessoas de esquerda e extrema esquerda tentam montar uma narrativa mentirosa sobre a questão das enchentes em Porto Alegre. Essas pessoas governaram a cidade por 16 anos”, concluiu, referindo-se aos governos municipais petistas, entre 1989 e 2004.

Questionado pelos jornalistas sobre o alerta, Melo afirmou se tratar de uma “narrativa irresponsável” e minimizou o papel das casas de bombas na prevenção dos alagamentos. “Vocês acham realmente que o problema das enchentes em Porto Alegre foi duas casas de bomba? Será que as pessoas não se dão conta que choveu milhões de metros cúbicos no RS e Porto Alegre está no meio?”, perguntou.

A questão, no entanto, não é o quanto choveu, mas por que os sistemas de prevenção não funcionaram. A resposta a esse questionamento é óbvia: não funcionaram por causa da rapina empreendida por Melo, Marchezan e Leite. Os governos de direita desviaram os recursos públicos necessários, entre outras coisas, à manutenção do sistema de prevenção de enchentes. Bancos e outros monopólios são os principais beneficiados pelo neoliberalismo dos governantes direitistas, cuja política econômica não tem outro objetivo além de roubar o erário para benefício dos monopólios.

O resultado da pirataria é que a proteção criada há décadas foi devastada pela falta de manutenção na rede de bombas e comportas criadas para prevenção a novas enchentes. Não foi, como diz o cínico prefeito, apenas “duas casas de bomba”.

Atualmente, o sistema de prevenção contra cheias inclui um muro de concreto armado de 2,65 km de extensão, localizado na avenida Mauá, 14 comportas de aço (metade ao longo do muro) e 23 casas de bomba pela cidade, que têm a função de bombear a água que poderia invadir as ruas pelos bueiros de volta para o rio. Os sucessivos governos neoliberais, no entanto, trataram de destruir toda essa proteção que beneficiava o povo gaúcho, mas nem tanto os banqueiros, a quem a direita serve.

Segundo matéria da revista Carta Capital, “em 2012, o governo federal aprovou um projeto no valor de 226 milhões de reais no Programa de Aceleração do Crescimento, PAC, que nunca foi realizado. Previa a construção de 40 quilômetros de diques e casas de bombas para conter as cheias dos rios Gravataí e Arroio Feijó, além da desapropriação e recuperação urbana-ambiental da área, mas não saíram do papel” (Governo do RS é um festival de mentiras e desnuda a imagem que Leite vende à população, René Ruschel, 21/5/2024).

O caráter criminoso dos governos gaúchos, porém, ultrapassa a prevenção às enchentes, revelando-se, também, na nulidade de ações dedicadas a mitigar o sofrimento do povo gaúcho nesse momento de crise. Na capital gaúcha, um correspondente do Diário Causa Operária (DCO) ouviu moradores e pessoas envolvidas com a mobilização popular criada para lidar com a catástrofe, em meio à inoperância do poder público.

“Assim”, disse ao correspondente um voluntário envolvido com operações de resgate e envio de mantimentos, “não dá para falar que o pessoal da Defesa Civil está completamente parado, o básico eles estão fazendo, mas o grosso dos resgates, 80% deles, é feito pelos civis”.

“Olha”, diz outro voluntário, um ex-militar atuando nas equipes civis de resgate em Porto Alegre, “a mobilização, não só do povo gaúcho e porto-alegrense, como também dos nossos estados do Sul e das outras regiões do País que contribuíram para a nossa logística aqui, tenho para dizer que 90% de atuação, empenho e doações, é tudo pessoal voluntário”. “Sou veterano do exército”, diz, acrescentando por fim, “não estou aqui por força nenhuma, mas é pelo nosso sangue mesmo que chama por atuar”.

O ex-militar participou de operações realizadas por outros voluntários durante 17 dias, levando mantimentos e pessoas para as mais diversas regiões de Porto Alegre. Apenas no 17º dia a Defesa Civil apareceu, segundo o voluntário gaúcho, poucas horas antes da chegada de nosso correspondente. “Falei pra eles ‘aê, até que enfim'”, ironizou.

Com a população abandonada à própria sorte, uma espécie de autogoverno involuntário foi a única saída encontrada pelos gaúchos para o atendimento de necessidades fundamentais, como o resgate de pessoas, feridos, o acolhimento de desabrigados e o transporte de mantimentos como alimentos e remédios. Revela-se assim, na prática, a total inoperância dos governos municipais e estadual para as emergências básicas do povo gaúcho. É preciso exigir o fim dos mandatos dos vampiros que governam as cidades e o estado do Rio Grande do Sul.

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