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HISTÓRIA DA PALESTINA

Isvi Ierruda Cuque: ideólogo dos colonos sionistas assassinos

O rabino foi o principal expoente do sionismo religioso, ideologia guia dos colonos sionistas e da atual extrema direita israelense

No dia 19 de fevereiro, o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, anunciou que o Estado sionista irá restringir o acesso de muçulmanos à Mesquita de al-Aqsa, um local sagrado para os muçulmanos de onde Maomé teria subido ao céu por uma noite, no ano de 620, durante o Ramadã, mês igualmente sagrado aos muçulmanos, que celebram a revelação do Alcorão por Alá a Maomé.

Netaniahu, apesar de ele mesmo ser um membro da extrema direita israelense (seu partido, o Likud, vem da linhagem das milícias e organização fascista Irgun e Betar), foi pressionado por Itamar Ben-Gvir (ministro da Segurança Nacional) e setores ainda mais fascistas da política israelense. Não coincidentemente, Ben-Gvir foi um colono na Cisjordânia ocupada. Conforme já exposto por este Diário, o movimento dos colonos faz parte do que há de mais fascista no sionismo. E um dos principais ideólogos do movimento e de suas organizações foi Isvi Ierruda Cuque (Zvi Yehuda Kook).

Filho de Abraão Isaque Cuque (Abraham Isaac Kook), o primeiro rabino-chefe asquenaze no Mandato Britânico sobre a Palestina, Ierruda é o principal expoente do sionismo religioso, a ideologia que serve de base para o setor mais fascista da extrema direita israelense hoje em dia.

Nasceu no Império Russo, na cidade de Zamuel, província de Kovno, onde atualmente é a cidade Zeimelis, no norte da Lituânia, onde seu pai era um rabino e já um proeminente propagandista do sionismo. 

Assim, sua doutrinação religiosa, que serviria de base para o sionismo religioso, atual base ideológica da extrema direita israelense, começou desde cedo.

E não apenas por parte de seu pai. Sua mãe era filha de Eliarru Davi Rabinovits-Teomim (Eliyahu David Rabinowitz-Teomim), o rabino-chefe de Jerusalém à época, junto de Ximuel Salante (Shmuel Salant).

Assim, passou toda sua vida estudando os textos sagrados do judaísmo, mas sempre tendo como norte o sionismo e sua ofensiva colonial sobre a Palestina. Sobre isto, vale mencionar que, após ele e sua família se mudarem para a Letônia no ano de 1896, Ierruda Cuque estudou o Talmud, tendo como professor o Rabino Reuven Gotfreud, que era genro de Yeol Moxé Salomão (Yoel Moshe Salomon), um burguês sionista e fundador de inúmeras colônias sionistas na Palestina. 

Diga-se de passagem que todos estes mencionados acima eram europeus (asquenazes), vindos do leste. O que contribui para desmontar a farsa de que os sionistas que colonizaram a Palestina possuíam algum vínculo territorial histórico com aquela região.

Em 1924, seu pai, Abraão, fundou o Centro do Rabino – A Universidade Central Iexiva (Yeshiva), chamado pelos sionistas de Mercaz HaRav. Eventualmente, este centro se tornou o principal local de doutrinação e difusão do sionismo religioso, a ideologia extremista base do movimento dos colonos e da atual extrema direita.

Contudo, isto demorou vários anos para ocorrer, muito tempo depois da morte de Cuque pai.

Foi a partir do ano de 1967 que o sionismo religioso de Ierruda Cuque começou a crescer de forma significativa.

A conjuntura política era a da Guerra dos Seis Dias, que durou de 5 a 6 de junho daquele ano. “Israel”, apoiado pelo imperialismo, em especial os Estados Unidos, saiu vitorioso da guerra, derrotando o Egito (no caso, a República Árabe Unida), a Síria, a Jordânia, o Iraque e o Líbano. A vitória lhe rendeu conquistas territoriais que intensificou ainda mais a ditadura sionista sobre os palestinos. O Estado sionista capturou e ocupou as Colinas de Golã da Síria, a Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) da Jordânia e a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito.

Por sua influência ideológica nessa política expansionista, Ierruda Cuque recebeu a alcunha de “o teólogo definitivo” da guerra:

Com a conquista territorial realizada pelas forças israelenses de ocupação, o rabino trabalhou exercendo sua crescente influência para que o governo aprovasse a construção de novos assentamentos de colonos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Uma iniciativa que foi bem sucedida e para a qual ele enviou os seus aprendizes do Centro do Rabino.

Na esteira desses fatos, foi criado Guxe Emunim (Gush Emunim), ou “Bloco dos Fiéis”, movimento fascista liderado por Ierruda cuja finalidade era colocar em prática os assentamentos dos colonos sobre os territórios que “Israel” havia roubado na Guerra dos Seis dias.

Tais colonos são basicamente grupos fascistas, que se conformam inclusive em milícias armadas. 

Desde o seu surgimento, sua principal atividade é realizar a expansão territorial de “Israel”, roubando dos palestinos o que ainda resta de suas terras, cuja maior parte já foi roubada pelos sionistas em 1948, durante a Nakba

Nessa ofensiva colonial, os colonos sionistas destroem as plantações dos palestinos (oliveiras, principalmente), impedindo seu meio de subsistência, forçando-os a sair de suas terras. Quando isto não é suficiente, expulsam os palestinos à força de suas fazendas e mesmo moradias urbanas. Nesse processo, atos de violência fascista são regra, abarcando humilhações, roubos de pertences, dinheiro, intimidações, torturas e até mesmo assassinato.

Apesar de o Guxe Emunim ter surgido logo após a guerra, foi formalizado como uma organização apenas no ano de 1974. 

Suas justificativas ideológicas para o expansionismo sionista se resumiam, fundamentalmente, a dois aspectos, um de natureza religiosa e outra de natureza política. 

Do ponto de vista religioso, defendia que Deus, segundo a Torá, queria que os judeus vivessem na Terra de “Israel” (que seria a Palestina). O importante, contudo, é o aspecto político, segundo o qual o Guxe Emunim defendia que as fronteiras do Estado de “Israel” anteriores à Guerra de 1967 não eram suficientes para que o sionismo se defendesse de ameaças externas. Que, no caso, eram a revolta do povo palestino, árabe e muçulmano em geral contra a ditadura sionista.

Apesar de Ierruda Cuque ter morrido em 1982, e de o Guxe Emunim ter acabado oficialmente em 1984, seus seguidores continuaram espalhando sua palavra, já que o Centro do Rabino permaneceu em atividade (e está até os dias atuais, contando com cerca de 500 estudantes). Continuaram influenciando profundamente o movimento dos colonos sionistas.

Conforme já exposto por este Diário, o sionismo religioso serve de base ideológica para a Juventude das Colinas, uma das principais organizações fascistas dos colonos na Cisjordânia, sendo o núcleo fundamental dos ataques que esses milicianos perpetram contra os palestinos. Tal grupo defende a deportação, a vingança e a aniquilação dos gentios que representam uma ameaça ao povo de “Israel”, assim como a criação de um Estado onde só judeus são cidadãos:

Juventude das Colinas: a juventude hitlerista do sionismo

A virulência dos grupos fascistas adeptos do sionismo religioso está de acordo com os próprios ensinamentos de Ierruda Cuque, que defendia uma teologia da guerra, conforme pode ser conferido em alguns de seus escritos:

“Quando há uma grande guerra no mundo, o poder do Messias é despertado. Chegou o tempo do cântico (zamir), a ceifa (zamir) dos tiranos, os ímpios perecem do mundo, e o mundo é revigorado e a voz da rolinha é ouvida em nossa terra.”

“A habilidade exigida do povo judeu é a habilidade de apropriar-se dos poderes das nações, os poderes agressivos de Esaú, e usá-los no caminho para a ‘Jerusalém celestial’.”

É uma ideologia que ainda é ensinada no Centro do Rabino, fundado em 1924. 

Ierruda Cuque foi o presidente do instituto desde que seu pai faleceu até a sua própria morte. Conforme já informado, seus seguidores mantiveram o centro ativo, de forma que foi de lá que saiu grande parte da vanguarda dos colonos fascistas responsáveis pelo roubo de terra diário que o sionismo perpetra contra os palestinos da Cisjordânia.

Assim, o Mercaz HaRav continua exercendo influência sobre a política do Estado de “Israel”. E à medida que a luta de classes se intensifica, com o avanço vitorioso da resistência palestina, a influência do sionismo religioso, através do Centro do Rabino, dos que deram continuidade à política do Guxe Emumim, e da Juventude das Colinas, cresce a cada dia.

A decisão de Netaniahu de restringir o acesso à Mesquita de al-Aqsa durante o Ramadã, nesse sentido, é resultado dessa influência , que se manifestou, nesse caso, através de Ben-Gvir. Da mesma forma, o fato de o primeiro-ministro de “Israel” continuar intensificando o genocídio contra os palestinos, ameaçando invasão terrestre a Rafá, permitindo que colonos impeçam que ajuda humanitária chegue a Gaza, e ainda estimulando que colonos sigam assassinado palestinos na Cisjordânia, mostra que o setor mais fascista de “Israel” exerce cada vez mais influência sobre a política sionista.

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