De acordo com um colunista do UOL, Jamil Chade, o Brasil teria ganhado o “status de exemplo na luta contra a extrema direita”. Para ele, organizações internacionais ligadas diretamente com o imperialismo – que são os maiores golpistas do mundo – estariam classificando o Brasil como uma democracia sólida, pois vem combatendo as supostas investidas “golpistas” da extrema direita.
O texto usa como exemplo para confirmar a tese de que no Brasil a democracia é consolidada e que o governo estaria trabalhando para combater o golpismo, a operação contra o núcleo bolsonarista colocada em marcha na última semana pelo Supremo Tribunal Federal junto com a Polícia Federal. Trata-se de mais uma parte da perseguição política que o ex-presidente Bolsonaro tem sofrido desde que perdeu as eleições no país, em 2022.
Tudo que tem sido feito pelas instituições brasileiras contra Bolsonaro é uma cópia intensificada da perseguição que o imperialismo vem fazendo contra Donald Trump. Contudo, a única coisa que esses colunistas ainda não enxergaram ou não querem enxergar é que a popularidade de Trump só cresceu com a perseguição, de forma que ele é o principal candidato cotado para vencer as eleições norte-americanas. Efeito este, que diante de tantos abusos do judiciário contra políticos e parlamentares no país, pode também ocorrer no Brasil em relação ao bolsonarismo.
Segundo o colunista, um diplomata europeu teria lhe dito em condição de anonimato que “o Brasil passou a ser acompanhado por muitos no exterior, justamente como um campo de testes sobre como lidar com a extrema direita e elementos claramente autoritários”. Outro diplomata, afirma que o Brasil pode ser um “símbolo” de resistência democrática. “O que vemos é um compromisso com a democracia e que pode servir de exemplo”.
Outra justificativa do jornalista do UOL, é que instituições como a ONU e a OEA teriam se pronunciado em defesa da democracia no país após as manifestações da extrema-direita de 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes. Para ele, as ações do judiciário na prisão e perseguição contra aqueles que participaram do ato e que disseminam informação falsa na internet é um exemplo a ser seguido na luta contra a extrema-direita.
As instituições referidas têm um longo histórico não só de apoio, mas de participação direta em golpes de Estado contra governos de países oprimidos de todo o mundo. Ou seja, sabendo a história dessas organizações, é fácil perceber que a tese de que o Brasil estaria combatendo o golpismo está vindo dos setores mais golpistas do planeta, sendo então puro conto da Carochinha.
O golpe de Estado de 2016, este sim efetivado de forma clara e com o “Supremo com tudo”, junto com as ações da Polícia Federal, do judiciário brasileiro, do imperialismo, da imprensa e da direita golpista no país, não teria sido um golpe. Derrubar a Dilma Rousseff de forma arbitrária e ilegal, impedir através do judiciário – uma das maiores farsas jurídicas que este país já viu – que o atual presidente, Lula, não concorresse às eleições de 2018, não são um problema para este colunista.
Por causa de algum motivo desconhecido, todos esses que levaram o país para uma crise política e financeira sem tamanho a partir de 2016 estariam agora do lado do povo e combatendo os golpistas. Conforme setores delirantes da esquerda e de ditos progressistas, Alexandre de Moraes, que é produto real do golpe contra a Dilma (afinal, foi indicado de Michel Temer para o cargo que ocupa atualmente), seria hoje o maior defensor da democracia.
A questão chega a ser ridícula! Nem precisamos entrar no mérito do histórico deste cidadão que ocupa hoje uma cadeira no STF e preside o TSE. As medidas que estão sendo tomadas pela justiça brasileira contra esses supostos golpistas são autoritárias, reacionárias e totalmente ameaçadoras para justamente aquilo que acreditam estar defendendo, a democracia. É uma sucessão de arbitrariedades e ilegalidades à revelia da lei e da constituição do país.
Um dos pontos que o jornalista do UOL coloca como se ainda fosse um desafio no Brasil para combater a extrema-direita seria o combate à desinformação – leia-se, censurar as redes sociais e controlar o que pode ser dito na internet. Porém, apesar de toda a censura que já vemos nas redes, há pessoas que se esforçam diariamente para que o impedimento à liberdade de expressão no Brasil se torne oficial, através do PL das “Fake News”.
Ou seja, existe ainda todo um esforço da burguesia e do imperialismo para continuar seus ataques aos direitos democráticos da população brasileira, através de agentes do imperialismo, como Moraes, com a justificativa de estar combatendo o golpismo que eles mesmo desataram em 2016 contra o Partido dos Trabalhadores, que acabou levando Bolsonaro ao poder. Há quem acredite no conto de fadas que estes golpistas são democráticos.