Ao equiparar os crimes cometidos por “Israel” na Faixa de Gaza àqueles cometidos pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente Lula tornou-se um dos assuntos mais comentados no mundo desde o último domingo (18). Lula, que vinha adotando uma postura bastante moderada em relação ao genocídio do povo palestino, sendo constantemente cobrado por vários setores da esquerda, acabaria por fazer uma das declarações mais contundentes proferidas por um chefe de Estado desde a Operação Dilúvio de al-Aqsa.
A comparação é correta: as ações de “Israel” em Gaza visam, fundamentalmente, civis. São 30 mil mortos na Palestina, a maioria crianças e mulheres. Hospitais, mesquitas e cemitérios inteiros foram também destruídos. Até armas químicas estão sendo utilizadas. O pesadelo na Faixa de Gaza, ininterrupto há quatro meses, já entrou para a história como um dos mais bárbaros episódios testemunhados pela humanidade.
De maneira cínica, a grande imprensa brasileira mostrou-se escandalizada. Cúmplices de primeira hora do genocídio promovido pelo sionismo, os grandes veículos de comunicação não tardaram em criticar o presidente. Os mais assanhados logo falaram em “antissemitismo”. Os mais discretos disseram, no mínimo, que Lula deveria se retratar. Justo eles, os mesmos órgãos de imprensa que caluniaram a resistência palestina ao longo dos últimos meses e que propositalmente escondem a verdade do povo brasileiro.
As declarações de Lula também despertaram reações na Câmara dos Deputados. Um conjunto de 40 deputados bolsonaristas, a esmagadora maioria filiada ao PL, assinou um protótipo de um pedido de impeachment do presidente da República. Por fim, mas não menos importante, o governo israelense declarou Lula persona non grata e convocou seu embaixador no Brasil.
Essa série de reações revelou, uma vez mais, uma coalizão indissociável na defesa do genocídio do povo palestino. O imperialismo, cujas posições são apresentadas pela imprensa lesa-pátria brasileira, o bolsonarismo, representado por seus deputados, e o sionismo, manifestado pelo próprio governo israelense, estão todos unidos na defesa das maiores atrocidades dos dias de hoje. E estão, naturalmente, unidos no ataque contra aqueles que se voltarem contra o genocídio na Faixa de Gaza.