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Renato Farac

Membro na Direção Nacional do Partido da Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Coluna

Imperialismo quer barrar recuperação da BR-319

Imperialismo e suas ONGs querem impedir de todas as maneiras uma das principais obras de integração nacional e desenvolvimento da região Norte do Brasil

Após a vitória de Lula nas eleições presidências, uma série de medidas de desenvolvimento nacional foram iniciadas. Um deles é o asfaltamento da BR-319, que liga a capital do Amazonas, Manaus, à capital de Rondônia, Porto Velho.

O governo Lula incluiu no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estudos para a pavimentação da Rodovia BR-319, fato que está gerando uma grande mobilização do imperialismo e dos seus capachos no Brasil para impedir mais uma vez o asfaltamento dessa importante obra de integração nacional e de desenvolvimento econômico.

Hoje não há impedimento financeiro para a conclusão das obras, mas sim uma pressão do imperialismo e seus capachos, como as ONG’s e seus representantes dentro do governo, que barram o início do asfaltamento e recuperação da BR-319.

Figura: condições atuais da BR-319.

Uma obra de extrema importância

A BR-319 foi construída entre os anos de 1968 e 1976 durante a ditadura militar e era vista como estratégica para o Plano de Integração Nacional. Sua importância era tão grande que foi a única asfaltada por completo em seus oito anos de construção. São 885 km de extensão conectam Manaus (AM) a Porto Velho (RO), interligando 22 municípios em uma das regiões mais isoladas e inexploradas do país, diminuindo muito o tempo de viagem entre essas duas capitais e tirando do isolamento milhares de famílias que estão nessa região e tem grande dificuldade em se deslocar e implantar atividades econômicas para melhoria das condições de vida.

A Rodovia BR-319 interliga 22 municípios na Floresta Amazônica, na região do interflúvio dos Rios Madeira e Purus. O tempo de uma viagem de Manaus a Porto Velho era estimada em 12 horas. Hoje se encontra totalmente abandonada e com trechos intransitáveis, e locais onde a floresta tomou conta da estrada. Em determinada época do ano, diversas comunidades ficam isoladas e sofrem com desabastecimento de produtos básicos.

Há inúmeras denúncias de sabotagem e destruição da BR-319, desde empresas tirando o asfalto e até explosões para inviabilizar a passagem pela rodovia. A BR-319, além de ligar a região Norte ao restante do Brasil por estradas, também tem uma importância para a integração da América Latina. Com seu término em Manaus, pode ser integrada com a BR-174 que corta Amazonas e Roraima e chega até a fronteira com a Venezuela.

Figura: BR 319 e a ligação com outras importantes rodovias do Brasil.

Várias tentativas de asfaltamento

A partir de meados da década de 90, aconteceram várias tentativas fracassadas de reabertura ao tráfego por meio de programas de infraestrutura. Somente no primeiro governo Lula é que os programas do governo para asfaltamento da BR-319 saíram do papel. Em 2007, Lula anunciou como parte do Programa de Aceleração do Crescimento e, em 2008, o Exército começou a asfaltar 190 quilômetros próximos à cidade de Humaitá, e outros 215 quilômetros mais ao norte, levando a Manaus.

Todos os requisitos ambientais e sociais cumpridos

O imperialismo, sob a cobertura do discurso ambiental, através de suas ONG’s justificam não asfaltar e recuperar a BR-319 devido aos impactos ambientais e dos povos indígenas da região, mas, se analisarmos os dados, já houve grande avanço para impedir o desmatamento desenfreado e grilagem das terras indígenas.

Segundo os dados de uma entidade controlada pelas ONG’s do imperialismo, o Observatório da BR-319, são 69 Terras Indígenas onde vivem 18 povos, incluindo indivíduos totalmente isolados, e 41 Unidades de Conservação.

A maior parte dessas áreas foi criada ou regularizada nos anos do governo Lula como condicionante e pressão do imperialismo para atrasar a obra. Este fato é “esquecido” pelas ONG’s em seus próprios relatórios. Um trecho da publicação Análise da Implementação de Unidades de Conservação sob Influência da Rodovia BR-319 afirma que:

“A criação de UCs na região foi efetivada, objetivando-se principalmente a mitigação de potenciais impactos socioambientais associados à recuperação e reconstrução dessa rodovia, considerando a Área de Limitação Administrativa Provisória. Anteriormente à criação da Alap, o território contava com aproximadamente 20% de sua área total (3 milhões de ha) destinada na forma de áreas protegidas (Terras Indígenas e Unidades de Conservação) e outros 6% na forma de assentamentos. Atualmente, aproximadamente 55% desse território (8,44 milhões de ha) é constituído por áreas protegidas e outros 17% por assentamentos (Figura 1). Adicionalmente, foram celebrados termos de compromissos entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e órgãos gestores, com repasse de recursos financeiros para a implementação inicial das UCs criadas (SDS, 2014)”.

Figura: milhões de hectares de áreas de conservação foram criadas como condicionante e nem assim o imperialismo permite as obras.

Figura: situação das demarcações no entorno da BR-319. Quase todas as terras indígenas não possuem problema de demarcação ou fundiário.

São milhões de hectares somente de unidades de conservação no entorno da BR-319 criados para impedir desmatamento e grilagem de terras. Além disso, quase a totalidade das 69 terras indígenas no entorno já foram homologadas e não possuem problemas fundiários. Fato que é totalmente oposto na maior parte das terras indígenas fora da região. Existem ainda os assentamentos criados que perfazem a maior parte da área de impacto direto da BR-319, ou seja, o discurso “ambientalista” atualmente é apenas para impedir o desenvolvimento e integração da região ao restante do Brasil.

 

Figura: Quase todo o entorno da BR 319 (dentro da linha pontilhada) é de unidades de conservação (verde escuro), terras indígenas (roxo) e assentamentos (amarelo). Somente o verde claro são terras sem destinação.

Imperialismo ataca a integração e desenvolvimento nacional

Para além da questão ambiental, é preciso observar quais os interesses que estão por trás da enorme quantidade de ONG’s na região amazônica e no interesse de países que nunca se interessaram pela questão ambiental e não se preocupam em destruir países inteiros e matar milhões de pessoas para que seus monopólios continuem lucrando.

Quem se beneficiaria com a manutenção da região amazônica como um grande santuário ecológico, um vazio demográfico e com suas riquezas naturais, em particular minerais não sendo exploradas?

A única certeza é que não seria a população brasileira e, muito menos, os índios que vivem na região.

Um governo nacionalista é um empecilho para a exploração desses recursos pelos monopólios mundiais do imperialismo, como os EUA e países europeus. Um bom exemplo é a Petrobrás e a campanha contra a exploração do petróleo no Brasil devido o discurso ambientalista do ‘aquecimento global’.

Utilizam o discurso ambiental para que seus monopólios possam encontrar as condições adequadas e a situação política favorável para explorar essa riqueza gigantesca sem deixar desenvolvimento para a região e para o Brasil.

Outro fator importante é manter a região amazônica como um grande vazio demográfico, porque é mais fácil tomar uma região em que não há pessoas ou um sentimento nacional, portanto, passível de invasão. E o fato é que diversos discursos já foram dados pelo imperialismo que a Amazônia é somente dos brasileiros e que precisa de regras e governança internacional.

O governo do PT precisa romper com as ONG’s e o identitarismo

Fica evidente a influência e financiamento do imperialismo nas organizações ambientalistas e identitárias. O governo do PT está repleto dessas entidades dentro do governo e de seus ministérios, que forçam o governo a não tomar medidas de desenvolvimento e de melhora das condições de vida da população.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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