Por quê estou vendo anúncios no DCO?

‘Israel’

Imperialismo ou extrema direita, quem é genocida?

Na operação em curso para livrar o setor principal do imperialismo por sua responsabilidade direta no genocídio na Faixa de Gaza, um bode expiatório perfeito se apresenta

Na última quarta-feira, dia 21 de fevereiro, o portal Brasil 247 publicou uma coluna assinada por Milton Pomar intitulada “Israel perdeu a guerra. E agora?” Ao contrário do que dá a entender o título do artigo, não se trata de uma peça de ataque ao sionismo e ao imperialismo. Na realidade, o colunista busca preservar a posição imperialista, apontando como verdadeiro fator conflitivo a extrema-direita sionista, um princípio perigoso. Colocaremos alguns trechos para ilustrar:

“Todos os domingos à noite, o programa ‘Fantástico’, da TV Globo, faz propaganda da versão da ‘guerra entre Israel e o Hamas’, denominação inicial da resposta militar contra o ataque terrorista dia 7 de outubro de 2023. A realidade é que a resposta de Israel ao ataque se transformou em assassinato em massa continuado da população na Faixa de Gaza, massacre a anos-luz de distância da delicada ‘desproporção da resposta’ que alguns ainda utilizam na tentativa de mostrar que discordam do que Israel está fazendo”.

“‘Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças’, disse o presidente Lula, em discurso muito criticado por dirigentes da extrema-direita e do governo de Israel exibidos pelo ‘Fantástico’ na noite de 18 de fevereiro.”

Os parágrafos seguidos já demonstram certa incoerência. A Globo, afinal, representa a direita tradicional, democrática, civilizada, no entanto, a mesma Globo reproduz os tais críticos de extrema-direita de Lula sem, é claro, apontar a multiplicidade de seus apoiadores. Mais que isso, é também a Globo, como colocado pelo próprio autor, um fator importante na propaganda da política sionista. Até aqui, a tentativa de jogar a culpa pelo genocídio na extrema-direita e salvaguardar a direita tradicional não é tão escancarada, mas sigamos adiante.

“Sempre é bom lembrar que quem matou Yitzhak Rabin, general e primeiro-ministro israelense que tentou estabelecer um acordo de paz com os palestinos, foi um jovem israelense de extrema-direita. O assassinato ocorreu logo após o encerramento de um comício pela paz […] E as falhas de segurança que facilitaram seu assassinato sempre fizeram pensar haver envolvimento de gente importante da extrema-direita.”

O colunista então cita um filme sobre o fato, que demonstraria, segundo ele: “o contexto da época, que permite compreender que a extrema-direita israelense não quer a paz.”

A essas colocações, se seguem outras, corretas em termos políticos, ao colocar que “Israel” já perdeu a guerra, comparando a situação com o Vietnã, o Afeganistão e o Iraque, e comparando o genocídio cometido pelos sionistas com a operação nazista Barbarossa, que vitimou dezenas de milhões na antiga União Soviética. Uma confusão política, porém, está claramente inserida nas conclusões do artigo.

“Quem perdeu essa guerra não foi apenas o governo, os oficiais das Forças Armadas, polícias e serviço secreto (Mossad), e os políticos de extrema-direita de Israel. Quem perdeu essa guerra foi a população de Israel. Porque apesar de estar viva, íntegra, bem de saúde, estudando, trabalhando, se divertindo, e com planos para o futuro, ela certamente vive com medo. E viver com medo é o pior dos mundos. Dormir com medo, sair de casa com medo, divertir-se com medo”.

“Quanto mais assassinarem pessoas desarmadas, inclusive crianças (até agora já foram mortas mais de dez mil), quanto mais destruírem as cidades, quanto mais aterrorizarem quem não tem mais para onde ir, se superando em covardia e crueldade, mais distantes estaremos todos de uma solução pacífica para o conflito na Palestina, que se arrasta há mais de 70 anos, desde a criação do Estado de Israel”.

“E agora?” (grifo nosso).

Aqui temos uma separação e uma ênfase na extrema-direita sionista, escancaradamente nazista. Contudo, apesar de o regime sionista ter de fato se direcionado à direita fortemente no último período, não é disso que se trata todo o morticínio na Faixa de Gaza.

A base militar imperialista no Oriente Médio, ou “Israel”, foi estabelecida por setores apontados como democráticos do sionismo, como Ben-Gurion. Mais que isso, foram o imperialismo inglês e o norte-americano, e o stalinismo, alinhados, os setores que garantiram o projeto. De lá até aqui, e desde pouco após às origens do sionismo, é o imperialismo, a grande burguesia imperialista, financeira, dita democrática, que promove o sionismo. Quem fornece armas a “Israel”? O governo democrático de Joe Biden, que não é caracterizado como extrema-direita. As bombas e mísseis estão sendo enviados dos EUA, e tal fato é público e notório.

Ora, e o que falar do bloqueio a Gaza? Das várias incursões militares? Toda a opressão de já quase um século foi movida, mantida e intensificada pela política imperialista para controlar o Oriente Médio. Os governos do Estado de “Israel” se alternaram entre os sionistas supostamente democráticos e os extremistas, mas a situação do povo palestino se manteve a mesma ao longo de todo o período. A distinção entre uns e outros é se a limpeza étnica será buscada de maneira velada ou aberta.

A continuidade da ofensiva militar, ademais, é reflexo, mais que da extrema-direita, da posição política ocupada pelo enclave sionista. Enquanto representante do imperialismo e criação totalmente artificial, “Israel” não pode demonstrar fraqueza, uma derrota militar pode selar o fim de sua própria existência. A dominação imperialista pela via militar, o caso de “Israel”, para se manter, deve estar em posição de absoluta superioridade. Caso contrário, sua expulsão é certa.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.