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Guerra na Palestina

‘Imagem de ‘Israel’ foi destruída’, diz Hanié

Em entrevista ao jornal libanês Al Mayadeen, o dirigente do Hamas fala dos acordos que estão sendo negociados e destaca isolamento global dos invasores

Em entrevista ao órgão de imprensa libanês Al Mayadeen, o principal dirigente do partido Movimento Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), Ismail Hanié, declarou que o partido revolucionário palestino está cumprindo suas condições para o acordo com os prisioneiros. Ao órgão do Líbano, o chefe do Departamento Político do Hamas disse também que não se envolverá em nenhum acordo com “Israel” sem o cumprimento das contrapartidas sionistas. Hanié disse ainda que o governo israelense não recuperará seus prisioneiros em Gaza, exceto por meio de “um acordo honroso”.

A declaração foi divulgada no perfil oficial do Al Mayadeen no X, que pode ser consultado abaixo (em árabe):

 

Hanié destacou a determinação dos revolucionários em exigir um cessar-fogo duradouro e seguro para os palestinos em Gaza. O líder enfatizou ainda insistência da Resistência Palestina na retirada total e no retorno das pessoas deslocadas para Gaza sem quaisquer condições ou obstáculos, juntamente com medidas para alívio e reconstrução da Faixa de Gaza, culminando em um acordo de troca de prisioneiros.

Na entrevista, Hanié abordou também as especulações da imprensa israelense de que o assassinato de seus filhos e netos por “Israel” tem o objetivo de pressionar o Hamas a flexibilizar suas exigências durante as negociações de cessar-fogo, ressaltando que “isso não acontecerá”.

Na última quarta-feira (10), o governo sionista assumiu a autoria de um atentado criminoso, responsável pela morte dos familiares do dirigente do Hamas, que se dirigiam ao campo de refugiados de al-Shati, próximo à cidade de Gaza, onde passavam o feriado sagrado de Eid al-Fitr. “Israel, o filho mimado do Ocidente, não é mais como era antes, e sua imagem foi destruída”, disse ele, acrescentando que o que está acontecendo nos “corredores da diplomacia” indica um isolamento sem precedentes para a entidade sionista.

Hanié disse por fim que o que está acontecendo nos “corredores da diplomacia” indica um isolamento sem precedentes para a entidade de ocupação israelense. A fala acontece em um momento de aprofundamento da crise do apoio imperialista a “Israel”.

Em um desdobramento desta crise, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou uma reunião com o recém-nomeado líder da Irlanda, Simon Harris, em Dublin, nesta sexta-feira (12). Tanto a Espanha quanto a Irlanda confirmaram nas últimas semanas que reconhecerão um Estado palestino, o que deve ser discutido no encontro.

O governo espanhol anunciou que esta é apenas a primeira de muitas reuniões que o premiê espanhol realizará na próxima semana para angariar apoio para o reconhecimento da Palestina. Sánchez também planeja discutir a questão com os primeiros-ministros da Noruega, Irlanda, Portugal, Eslovênia e Bélgica, disse a porta-voz do governo, Pilar Alegria, em entrevista coletiva.

“Queremos acabar com o desastre humanitário em Gaza e ajudar a dar início a um processo de paz política que leve à concretização da solução de dois Estados o mais rápido possível”, disse Alegria.

Atualmente, apenas oito dos 27 membros da União Europeia reconhecem a Palestina como um Estado: Polônia, Bulgária, Romênia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Suécia e Chipre. Se Irlanda, Espanha, Eslovênia e Malta se juntarem a eles, o número de membros da União Europeia que reconhecem o Estado palestino subirá para 12.

A posição, no entanto, tende a ganhar uma força maior com o reconhecimento do Estado palestino por uma nação imperialista, ainda que de menor escalão, como a Espanha, confirmando a fala do revolucionário palestino sobre o crescente isolamento de “Israel” nos “corredores da diplomacia”.

Esse isolamento apresenta tendência de se tornar ainda maior caso os sionistas prossigam com o plano de invadir Rafá, no extremo sul do enclave palestino, na fronteira com o Egito. Apoiando “Israel” de maneira velada, a ditadura egípcia de Abdul Fatah Khalil Al-Sisi já vem sofrendo uma severa pressão interna para intervir caso “Israel” realize a invasão. Em matéria de 13 de fevereiro, o sítio Monitor do Oriente Médio (MEMO) publicou que “diversos políticos e intelectuais do Egito emitiram apelos veementes ao presidente Abdel Fattah el-Sisi para que emita um alerta à comunidade internacional de que o país não pode ignorar os avanços da agressão israelense à cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, na zona de fronteira entre o enclave sitiado e o deserto do Sinai.” (“Sisi sofre pressão doméstica para intervir contra invasão israelense a Rafah”). A matéria diz ainda que:

“‘O presidente deve enviar pessoalmente uma mensagem dissuasiva que demonstre que o Egito não permanecerá ocioso [diante da campanha], ao mesmo tempo que convoque uma cúpula de emergência da Liga Árabe’, argumentou Nafaa [Hassan Nafaa, professor-doutor de Ciências Políticas da Universidade do Cairo]”. (Idem).

Por fim, embora totalmente subordinado ao imperialismo, Sisi se juntou ao rei da Jordânia, Abdullah II e também o presidente francês, Emmanuel Macron, para divulgar um documento no último dia 9 pedindo “cessar-fogo imediato em Gaza” e alertando os sionistas contra “as perigosas consequências de uma ofensiva israelense em Rafá”. Diz a nota conjunta:

“Conforme conclamamos todas as partes a atender todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU, nós alertamos contra as perigosas consequências e uma ofensiva israelense em Rafah, onde cerca de 1,5 milhão de civis palestinos buscaram refúgio. Uma ofensiva desse tipo traria somente mais morte e sofrimento, intensificaria os perigos e as consequências do deslocamento em massa dos habitantes de Gaza e arriscaria uma escalada regional. Nós reiteramos nosso respeito equânime por todas as vidas. Condenamos todas as violações e todos os abusos ao direito humano humanitário internacional, incluindo atos de violência, terrorismo e ataques indiscriminados contra civis. Proteger civis é uma obrigação legal fundamental para todas as partes e a pedra angular do direito humanitário internacional. Violar essa obrigação é absolutamente proibido.” (“Líderes da Jordânia, da França e do Egito pedem cessar-fogo imediato em Gaza”, Abdullah II, Emmanuel Macron e Abdel Fatah El-Sisi, Estado de S. Paulo, 9/4/2024).

Obviamente, só uma pessoa radicalmente ingênua acreditaria que após assistirem um dos massacres mais horrorosos da história, os três chefes de Estado estariam agora preocupados com “mais morte e sofrimento”. Especialmente para egípcios, que estão do outro lado da fronteira de Rafá, a “perigosa consequência” é Sisi acabar emparedado por uma explosão social que o coloque entre intervir ou ser derrubado.

Ainda que com graduações, ambos os casos reforçam a percepção do dirigente do Hamas sobre o beco sem saída para “Israel” imposto pela conjuntura. A posição de força dos palestinos obrigará os invasores a cederem um acordo “honroso” ao final.

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