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Guerra em Gaza

Identitarismo foge da questão palestina e segue contra Lula

Os identitários têm muita dificuldade em falar da Palestina, pois apesar do gigantesco racismo do sionismo, a conta bancaria do imperialismo é maior

A fala de Lula sobre a Faixa de Gaza, comprando as ações de “Israel” com o nazismo, foi divulgada no mundo inteiro. Os identitários, assanhados por atacar Lula, tem dificuldade de comentar sobre a questão palestina, pois, apesar de o racismo israelense ser gigantesco, o financiamento do sionismo às ONGs é ainda maior. Por isso, alguns resolvem atacar Lula como racista, ao invés de apenas defender sua posição em relação à Palestina. Foi o caso de André Santana, que publicou o texto Lula acerta ao acusar genocídio em Gaza, mas erra ao relativizar escravidão no UOL.

O autor pega o gancho de Lula e afirma: “diferente do pronunciamento sobre o conflito em Gaza, em que nada faz diminuir o horror do Holocausto judeu, Lula relativizou em duas ocasiões a escravidão de povos africanos, cujas consequências determinam as persistentes desigualdades raciais no Brasil e a violência ainda sentida pelos negros brasileiros”. Aqui já fica claro a farsa: um assunto não tem relação nenhuma com o outro. O autor apenas usa o tema que está em alta para criticar o presidente Lula por outras questões.

Ele então cita os casos: “em março de 2023, durante discurso na 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, Lula afirmou que a escravidão, apesar de ter sido uma desgraça, teve uma consequência boa, a miscigenação”. Ele não argumenta por que isso seria errado. Melhor seria viver como nos EUA? Ou talvez como na África do Sul? A miscigenação é uma grande virtude do povo brasileiro, isso é até mesmo reconhecido internacionalmente.

Ele continua: “depois, em julho, o absurdo foi ainda pior, pois ocorreu em solo africano. Em viagem a Cabo Verde, Lula disse ter ‘profunda gratidão’ à África pelo que foi produzido durante o período da escravidão no Brasil e ainda prometeu retribuir ao continente os ‘benefícios’ da tragédia escravocrata, transferindo tecnologia e formação de profissionais”. Dessa vez. ele pelo menos tenta argumentar. O problema seria a “relativização do horror sofrido pelo povo africano, que desrespeita a dor sofrida ainda hoje pelos seus descendentes espalhados pelo mundo”.

Primeiro, é preciso afirmar o fato. O povo negro da África construiu o Brasil, foram os trabalhadores durante séculos, é um fato. Lula não só reconhece isso como promete retribuir por algo que não foi culpa sua. Isso é, na verdade, até um argumento identitário. A tese tradicionalmente de esquerda seria: os povos oprimidos são todos um, devemos ajudar todos que pudermos. Os cubanos foram lutar pela Angola não por “retribuição histórica”, mas porque a política correta era defender a Angola contra o apartheid.

Mas até a fala aceitável para o identitarismo é criticada. Isso indica que o autor apenas quer criticar o presidente por qualquer coisa. Afinal, o que é mais importante: que Lula fale a política identitária ou que coloque o Estado brasileiro como ferramenta para desenvolver a África? Para o identitário, o que importa não é a realidade, mas sim se algum africano imaginário ficou ofendido.

Então, o identitário do UOL abre o jogo e afirma que Lula teve “total desprezo às reivindicações dos movimentos negros na negativa à indicação de uma juíza negra para vaga no STF”. O texto começa falando sobre a Faixa de Gaza e termina afirmando que Lula deveria ter indicado uma lava-jatista para o STF.

Ele segue: “o racismo institucional conservado nas estruturas de poder do Brasil, mesmo quando sob gestões progressistas, tratam de minimizar diariamente o genocídio negro e indígena em curso no país”. E ainda “basta ver o tratamento dado pelos governantes, de esquerda ou de direita, às chacinas nas favelas e às mortes de jovens negros nas operações policiais pelo Brasil. Basta ter a sensibilidade de olhar a perseguição aos indígenas da Amazônia e em outros territórios brasileiros, a exemplo do sul da Bahia“.

Finalmente se chega a algo real. O assassinato de negros e ínios no Brasil é um problema que deve ser combatido. Mas a questão é: como se combate o “racismo institucional”? Essa tese confusa e identitária afasta os trabalhadores da cidade e do campo do combate real. Quem está por detrás da polícia? Quem está por detrás dos pistoleiros que matam índios? É preciso combater as classes que são as inimigas dos negros, dos índios e de todos os oprimidos no Brasil. No primeiro caso é a própria burguesia, que controla o aparato de repressão, no segundo, especificamente os latifundiários.

Isso nunca é dito por nenhum identitário, que trabalha apenas no idealismo. Criticar o tal do “racismo institucional” e atacar o presidente Lula não avança em nada a luta do negro. O presidente, como representante da classe operária, é aliado dos negros e de todos os oprimidos. Para avançar a luta do negro de forma real não são necessárias críticas esdrúxulas a colocações de Lula, mas sim uma luta concreta pela libertação do negro. Uma luta pelo fim da polícia, por emprego, salário, moradia e, enfim, todas as principais reivindicações dessa população.

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