Na última quinta-feira (29), o jornal golpista Folha S. Paulo publicou matéria, de autoria de Djamila Ribeiro, intitulada “Precisamos estar atentas a estratégias que alimentam o patriarcado racista”. À medida que as eleições municipais de 2024 se aproximam, a burguesia aumenta a propaganda de sua política para controlar completamente os partidos e o regime político, utilizando o identitarismo como isca.
Em seu texto, a negra identitária busca apresentar o problema das mulheres a partir de uma suposta pesquisa divulgada pela Folha, a qual demonstraria o Brasil como o país de “maior desigualdade de gênero na América Latina” no parlamento. O percentual de “17,5% de representação feminina” no Legislativo corresponderia a “menos da metade da proporção registrada na Bolívia, no Equador e Argentina”.
A autora da matéria buscou relacionar os “números tão baixos de mulheres nos espaços de poder” com a descriminalização do aborto e o enfrentamento à violência contra a mulher. Destacou ainda que a baixa representatividade de homens negros e indígenas “nas instituições do Estado e em organismo da administração pública direta e indireta continuam sendo um assunto de menor importância para os atuais governos”.
A análise de Djamila Ribeiro apresenta o Brasil como o pior lugar para as mulheres viverem na América Latina, isso porque o país teria o pior índice de representatividade do sexo feminino entre os deputados. O problema que a colunista da Folha não explica é a presença de mulheres de outras nacionalidades como Colômbia, Bolívia, Equador e até mesmo da Argentina que vieram para o Brasil na busca de melhores condições de vida.
Evidentemente que a questão econômica está no centro da situação apresentada, sendo o Brasil o país mais rico e consequente o mais desenvolvido de toda a América Latina. Considerando como verdadeira a referida pesquisa, pode-se concluir que a questão da representatividade no sistema capitalista não se sobrepõe às condições materiais de existência.
A representatividade é apresentada pelos identitários como uma forma de combater o “racismo”, por exemplo. Bastaria equilibrar o número de negros em postos chave de trabalho, como apresentam seus maiores inimigos (banqueiros e grandes capitalistas), que toda opressão desapareceria. Uma política delirante na essência, que propõe reformar a estrutura da sociedade sem colocar fim à desigualdade.
Essa mesma tese é apresentada pelos identitários para resolver o problema das mulheres, ou seja, para colocar fim ao “patriarcado”. A verdadeira intenção escondida na política identitária, que a burguesia desenvolveu nas universidades norte-americanas, se trata de semear confusão no interior do movimento de luta dos oprimidos.
O identitarismo é utilizado pela burguesia, como se vê em toda grande imprensa, na busca de maior controle sobre o regime político. A representatividade está servindo como forma do Tribunal Superior Eleitoral (braço do Superior Tribunal Federal, um poder que não emana do povo) controlar o financiamento de campanha eleitoral e impor restrições aos partidos políticos que são organizações independentes do estado.
O fato de existirem mais homens e pessoas brancas na política está relacionado ao desenvolvimento histórico do país, impor medidas que restringem a participação de partidos, principalmente da esquerda, não resultará conquistas para estes setores. Finalmente, os partidos da burguesia possuem muito recurso financeiro para driblar essas restrições e contratar verdadeiros capitães do mato para atacar a população oprimida.