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Caribe

Haiti imerso em mais uma profunda crise social

Em menos de um mês, mais de 50 mil pessoas fugiram da capital

Pessoas presas em meio a tiroteios no Haiti.

A crise social explode novamente no Haiti. Na noite de segunda-feira, 1º de abril, gangues lançaram um ataque armado, entrando em confronto direto com a polícia na capital, Porto Príncipe. O ataque ocorreu no momento em que o primeiro-ministro Ariel Henry parecia questionar a prometida criação de um conselho de transição, destinado a supervisionar a instalação de um novo governo.

O pânico se espalhou pelo centro de Porto Príncipe, enquanto tiroteios violentos preenchiam as ruas da capital do Haiti, com intensos confrontos ocorrendo perto do palácio nacional. Pelo menos cinco pessoas foram mortas, enquanto muitas ficaram presas por horas no centro da cidade. Pelo menos quatro policiais teriam ficado feridos. A polícia foi forçada a abandonar um veículo blindado, que foi posteriormente incendiado pelas gangues.

Este é apenas mais um episódio do caos instaurado desde o final de fevereiro, quando grupos fortemente armados lançaram uma campanha de violência, atacando postos policiais, prisões e aeroporto. Mais de 1.500 pessoas foram mortas nos primeiros três meses deste ano, e cerca de 60 foram linchadas por grupos de vigilantes que operavam onde não havia presença policial, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).

Mesmo a ajuda humanitária não escapou da onda de violência e saques. “Grupos armados invadiram o principal porto da cidade há uma semana, cortando um dos últimos meios de subsistência restantes da capital para alimentos e suprimentos, enquanto o país se aproxima do colapso”, afirmou a Unicef, órgão da ONU, em um comunicado. No início de março, a organização registrou roubos e ataques direcionados a contêineres que armazenavam itens essenciais para a sobrevivência materna, neonatal e infantil.

No mesmo período, o consulado honorário da Guatemala no Haiti também foi saqueado em meio à crise política. Grupos armados saquearam e incendiaram a residência do diretor-geral da Polícia Nacional do Haiti. Um incêndio atingiu a maior prisão do Haiti, de onde cerca de 3.000 presos escaparam.

Além disso, a Unicef denunciou que gangues estão realizando diversos ataques contra hospitais no país. Segundo a denúncia, os centros de saúde foram destruídos e obrigados a fechar por razões de segurança. A organização alertou que “existem apenas duas salas cirúrgicas funcionais disponíveis, o que representa desafios significativos na prestação de cuidados cirúrgicos à população, incluindo os feridos no fogo cruzado”.

Mais de 50 mil pessoas deixaram Porto Príncipe em três semanas no mês passado, fugindo da violência das gangues na capital haitiana, informou ainda a ONU, somando-se às 116 mil pessoas que a nação caribenha que já havia migrado nos últimos meses. A maior parte dos que deixaram a capital se mudou para a região sul do Haiti.

Dia após dia, os episódios de violência se acumulam, tornando patente a falta de controle por parte das autoridades haitianas e o colapso do regime político.

Pessoas na rua em Porto Príncipe, Haiti.

A crise política se aprofunda em um contexto de muita violência. Com cerca de 80% da população desempregada e 60% analfabeta, o Haiti vem sendo assolado durante décadas pela pobreza, desastres naturais e instabilidade política. O Haiti não teve presidente desde o assassinato de Jovenel Moïse em 2021, não tem parlamento em exercício e sua última eleição foi realizada em 2016.

Henry, herdeiro político indicado por Moïse, chegou ao poder sem passar por eleições. Apoiado pelo imperialismo, ele já prometeu realizar eleições por duas vezes. Na última vez, prometeu deixar o cargo em 7 de fevereiro deste ano, o que não aconteceu. O premiê insinuou que ficaria no governo até agosto de 2025. As gangues exigiram que Henry renunciasse.

Henry, que permanece fora do Haiti, renunciou ao cargo em 11 de março. Em um pronunciamento, afirmou que deixará o poder assim que um conselho de transição for instaurado. No entanto, a formação desse conselho tem sido obstaculizada pela falta de consenso entre os partidos políticos e outras partes interessadas.

Até o momento, as propostas de intervenção militar, colocadas na mesa pelo imperialismo para conter a crise, têm sido rechaçadas pelos países da região. A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) se manifestou de maneira clara sobre a possibilidade de intervenção militar para conter a crise.

Em março, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, à frente da presidência temporária da Celac, exigiu uma ação imediata para resolver a crise no Haiti. A presidente destacou em comunicado que os membros da Celac devem cumprir a Declaração de Kingstown e que “sob nenhuma desculpa” deveriam “permitir uma ação militar que viole o princípio de não intervenção e respeito à autodeterminação dos povos”.

Em 15 de março, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, manifestou a sua solidariedade com a situação no Haiti e afirmou que o povo haitiano tem o direito de encontrar uma solução pacífica e autodeterminada para o conflito que vive. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba emitiu uma declaração oficial sublinhando a responsabilidade histórica das potencias imperialistas em relação a crise no Haiti. “A comunidade internacional tem uma grande dívida para com o Haiti, uma nação caribenha que foi protagonista da primeira independência, revolução antiescravista e social no continente, que sofreu as represálias cruéis e egoístas das potências imperialistas durante mais de dois séculos”.

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