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HISTÓRIA DA PALESTINA

Gush Emunim: fascistas que tentaram explodir 5 ônibus palestinos

Grupo atuou até meados da década de 80, defendendo uma política ultra fascista para o Estado de "Israel"

Com a intensificação do genocídio promovido por “Israel” contra o povo palestino na Faixa de Gaza após o dia 7 de outubro de 2023, tornou-se cada vez mais claro ao mundo o carácter fascista do Estado sionista. Para tentar impedir uma desmoralização ainda maior do enclave no Oriente Médio, o imperialismo iniciou uma campanha para afirmar que a culpa do genocídio era de Netaniahu, e não do Estado de “Israel” como um todo.

Fato é que “Israel” foi fundado por meio do extermínio sistemático do povo palestino, algo que está presente em toda a história do sionismo na Palestina. Neste artigo, falaremos sobre o Gush Emunim (“O Bloco dos Fiéis”), um grupo fascista de judeus que desempenhou um papel importante para estabelecer assentamentos sionistas na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e nas Colinas de Golã.

Fundado oficialmente em 1974, o Gush Emunim foi criado em cima do ímpeto sionista após a Guerra de Seis Dias, em 1967, quando “Israel” roubou a Cisjordânia, o Monte de Sinei, as Colinas de Golã, resultando na reunificação de Jerusalém.

“A rápida vitória de Israel […] foi vista por muitos israelenses como um evento sobrenatural. Eles simplesmente não conseguiram acreditar que tudo aquilo era real. Judeus sionistas religiosos ficaram especialmente atordoados”, afirma Ehud Sprinzak em seu artigo Fundamentalismo, terrorismo e democracia: o caso do subterrâneo de Gush Emunim.

Foi com a vitória sionista da Guerra de Outubro, em 1973, que esse movimento decidiu se organizar formalmente, procurando se opor a qualquer concessão que “Israel” fizesse no sentido de retornar qualquer terra que roubou dos árabes.

“No meio do clima público sombrio ocasionado pelas primeiras concessões territoriais na Península do Sinai (exigidas pelo acordo de retirada com o Egito), os fundadores do Gush Emunim decidiram opor-se a novas concessões territoriais e promover a extensão da soberania israelita sobre os territórios ocupados”, afirma Sprinzak, citado pelo historiador antissionista Ilan Pappé em artigo para o Palestine Chronicle.

Com isso, em 1974, o Gush Emunim foi fundado em Kfar Etzion, um assentamento na Cisjordânia que foi roubado por “Israel” durante a Guerra dos Seis Dias. No começo, a organização fascista era uma facção dentro do Partido Nacional Religioso (PNR), que, naquela época, estava na coalizão que governava “Israel”, formada, principalmente, por representantes do trabalhismo.

Não demorou muito para o Gush Emunim romper com o PNR por não achar que o partido defendia com tanta veemência o assalto de novas terras para os sionistas, tornando-se uma organização independente.

A partir daí, o grupo fascista começou a fazer uma campanha pela colonização de terras palestinas, não só ocupando territórios na Palestina para pressionar o governo a fazer o mesmo, como também fazendo manifestações em prol da criação de novos assentamentos sionistas.

Com a vitória do Likud, em 1977, o Gush Emunim teve sua atividade sionista impulsionada pelo governo:

“A vitória do Likud nas eleições de maio de 1977 e a declaração do primeiro-ministro Menachem Begin de que ‘teremos muitos mais Elon Morehs’ induziram os líderes do Gush Emunim a acreditar com toda a sinceridade que o seu período extralegal tinha terminado. O regime concedeu-lhes plena legitimidade. Eles foram autorizados a colonizar Samaria. A sua organização de colonização, Amana, foi legitimada como um movimento oficial de colonização. Muitos deles saudaram esta aceitação oficial e ficaram felizes por abandonar a sua imagem extremista”, diz Sprinzak.

É interessante notar que, muitas vezes, para esconder seu caráter fascista e colonizador, o governo israelense, ao mesmo tempo em que, publicamente, se opunha a grupos como o Gush Emunim, financiava estas organizações para fazer seu trabalho sujo.

Com os Acordos de Camp David, em 17 de setembro de 1978, quando “Israel” retirou suas tropas da Península de Sinai, o Gush Emunim, sentindo-se traído pelo governo do Likud, entrou em crise. Finalmente, a organização era tão fascista que não bastava o fato de que o Estado sionista havia conseguido, por meio da capitulação egípcia, permissão para transitar livremente pelo Canal de Suez. Para os fascistas do Gush Emunim, não se podia ceder nada aos árabes.

Nesse sentido, eles começaram a organizar atentados contra o povo palestino. Em 1980, por exemplo, como retaliação a uma ação da resistência palestina, os membros da Gush Emunim planejaram explodir os carros de cinco autoridades da Cisjordânia para deixá-los aleijados. Dois deles ficaram efetivamente aleijados (o prefeito Shakaa de Nablus e o prefeito Karim Khalef de Ramala), enquanto os outros três conseguiram se salvar.

Depois disso, em seu plano mais ousado, os membros da organização fascista se planejaram para explodir o Domo da Rocha, um dos locais mais sagrados para o islamismo, que fica ao lado da Mesquita de al-Aqsa, no Monte do Templo.

“Embora o ‘caso dos prefeitos’ não tivesse relação direta com a ideia paradigmática do grupo, a conspiração do Monte do Templo, aparentemente estimulou o ânimo dos conspiradores, pois os colonos na Judéia e Samaria aplaudiram-no esmagadoramente. O grupo retomou assim os preparativos para o ataque ao Domo da Rocha. Na verdade, Etzion, que planejou a planta [da organização dos explosivos], e Livni, especialista em explosivos, estudaram o Monte do Templo e o Domo da Rocha nos mínimos detalhes durante dois anos. Após dezenas de caminhadas de vigilância até ao monte, um estudo cuidadoso da construção da mesquita e o roubo de uma enorme quantidade de explosivos de um campo militar nas Colinas de Golã, foi elaborado um plano de ataque completo. Vinte e oito bombas de precisão foram fabricadas para destruir o Domo sem causar qualquer dano ao seu entorno. Os arquitetos da operação planejaram aproximar-se do local silenciosamente, mas estavam prontos para matar os guardas, se necessário. Para isso, adquiriram silenciadores especiais para Uzi e botijões de gás. Mais de vinte pessoas iriam participar na operação. Desde que o momento da evacuação final israelense dos colonatos judaicos no Sinai, acordado no tratado de paz, se aproximava rapidamente, a operação, que poderia impedi-la e reverter todo o processo de paz, deveria ocorrer o mais tardar no início de 1982”, diz Sprinzak.

A operação, entretanto, não foi para frente por discordâncias entre os membros que a tornaram inviável. O grupo fascista, então, fez sua última grande operação: tentaram explodir cinco ônibus cheios de passageiros árabes. Antes disso, entretanto, a organização foi desmantelada pelos serviços de inteligência israelenses, que prenderam seus membros.

Apesar disso, e mostrando que as prisões em questão não passaram de uma divergência secundária quanto ao método que deveria ser adotado para fortalecer o Estado sionista, a Gush Emunim, apesar de não oficialmente, existe até hoje.

Em outubro de 2017, por exemplo, o primeiro-ministro Netaniahu nomeou um dos fundadores do movimento, Pinchas Wallerstein, para presidir um comitê criado para legalizar as terras que os “colonos” (isto é, a extrema extrema direita sionista) roubou dos palestinos na Cisjordânia. Demonstrando que a ideologia do Gush Emunim ainda influencia a política israelense.

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