Em janeiro de 2024, o diretor da organização Save the Children divulgou que, desde o dia 7 de outubro, pelo menos 10 crianças perderam ao menos uma de suas pernas por dia devido aos bombardeios genocidas de “Israel” na Faixa de Gaza. “O impacto de ver crianças com tanta dor e não ter os equipamentos, medicamentos para tratá-las ou aliviar a dor é demais até mesmo para profissionais experientes”, afirmou Jason Lee.
Sua declaração foi feita com base nos dados da UNICEF, parte da Organização das Nações Unidas (ONU), que afirmou, em 19 de dezembro de 2023, que cerca de 1.000 crianças haviam perdido uma ou ambas as pernas desde 7 de outubro. Ainda segundo a organização, a maioria das operações de amputação precisaram ser feitas sem anestesia.
De acordo com Lee, o grande número de crianças que perderam suas pernas ocorre por conta de sua fragilidade quando comparado aos adultos. “Seus crânios ainda não estão totalmente formados e seus músculos subdesenvolvidos oferecem menos proteção, então é mais provável que uma explosão destrua órgãos em seu abdômen, mesmo quando não há danos visíveis”, disse.
Isso se soma ao fato de que, como o próprio presidente Lula destacou, crianças e mulheres são um alvo preferencial do Estado nazista de “Israel”. Contribuindo para o aumento do dado em questão.
Nessa quarta-feira (14), a emissora catarense Al Jazeera publicou a história de Hoor Nusseir, bebê de apenas um ano e seis meses e uma das crianças cujos membros precisaram ser amputados.
Após ser retirada dos escombros de sua casa, ela foi a única sobrevivente de toda a sua família, composta por seu pai, sua mãe e três irmãos, assassinados pelos bombardeios de “Israel” em Deir el-Balah, em 27 de janeiro.
Por conta do ataque, os médicos de Gaza tiveram que amputar completamente a sua mão esquerda e os dedos de sua mão direita. A bebê também possui diversos ferimentos em sua cabeça e em suas pernas.
Segundo a Al Jazeera, a medida em que seus jornalistas chegaram perto de Hoor, ela começou a chorar e a tremer. Sua tia, Fátima Nusseir, afirmou que “ela está em profundo choque e tem medo de rostos desconhecidos”.
“Hoor chora pela mãe a noite toda. Ela diz muitas coisas que eu não consigo entender, mas eu entendo quando ela diz: ‘Mamãe! Mamãe!’ […] Eu cuido dela o dia todo, mas ninguém pode substituir sua mãe e seu pai. Meu coração dói de tristeza por ela”, disse Fátima com lágrimas nos olhos.
Os bombardeios israelenses, ao lado do bloqueio criminoso que os sionistas impõem contra a região, fazem com que Hoor não tenha acesso a uma série de procedimentos e cirurgias necessários para seu tratamento. Segundo os médicos do hospital dos Mártires de al-Aqsa, ela precisaria viajar para outro lugar para ter, por exemplo, uma mão protética.
Segundo sua tia, Hoor era um bebê alegre, sociável. Agora, entretanto, pelos traumas que ela passou, ela possui muita dificuldade em ficar perto de outras pessoas. “Perder uma mão em sua tenra idade, junto com sua família, especialmente sua mãe, é devastador”, disse Fátima.
Ela ainda afirma que Hoor chora sem parar, relatando dificuldade em acalmá-la. “Hoor não consegue segurar um brinquedo por conta de suas amputações”, diz Fátima enquanto procura uma maneira de distraí-la.
“Hoor ainda não foi desmamada, então ela dependia ainda mais de sua mãe […] Por que essa criança deve sofrer uma perda tão grande quando ela precisa desesperadamente de seus pais?” lamentou Fátima.
A história de Hoor mostra que as crianças que não são assassinadas pelo Estado nazista israelense, sofrem danos físicos e psicológicos profundos, que provavelmente as acompanharão pelo resto da vida. São casos como esse que mostram o quanto é criminosa a ação genocida da ocupação sionista em Gaza, provando que é preciso lutar pelo fim de “Israel”.