Oriente Médio

Governo separatista do sul do Iêmen tem um verão de caos

O governo fantoche da Arabia Saudita e dos Emirados Árabes que controla a parte rica em petróleo do pais nem mesmo consegue garantir energia elétrica para o povo

Matéria da jornalista Mawadda Iskandar, publicada no portal The Cradle, denuncia a crise elétrica na região do Iêmen controlada pela Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos como “uma crise fabricada”. A crise ganha caráter especialmente grave para a população diante do severo calor, com temperaturas que chegam a superar os 40 graus celsius.

Apesar de grande parte do país ser controlado pela força revolucionária dos Ansar Alá (“Partidários de Deus” em árabe), o sul do país está na mão de governos fantoches do imperialismo no Oriente Médio. Enquanto pilham os recursos petrolíferos do Iêmen, operam um desmonte de serviços básicos, como o fornecimento de energia elétrica.

Segundo a jornalista, esse desmonte é deliberado e serve para impedir o desenvolvimento econômico nessas áreas. Uma ferramenta para as forças estrangeiras manterem a população do sul do Iêmen sob seu controle. Enquanto apresentam projetos mirabolantes de desenvolvimento para a região, um atrás do outro, as ações do “governo” no sul indicam uma intenção oposta. Oficialmente, a região é administrada pela coalização liderada pelos sauditas, contando com a ação de grupos como o Conselho de Transição do Sul (CTS), que é apoiado pelos Emirados Árabes Unidos.

Como mostra da instabilidade na região, o CTS acusa a Arábia Saudita de ter apreendido geradores de eletricidade que seriam usados na cidade portuária de Adem. A justificativa seria uma suposta incompatibilidade dos geradores com o sistema elétrico do Aeroporto Internacional de Adem, esse foi argumento apresentado pelo Programa Saudita de Reconstrução do Iêmen. Por sua vez, o CTS mediou a contratação de empresas privadas para a produção de energia elétrica, enquanto a coligação entre sauditas e emiradenses roubava o petróleo do país. O governo do Ansar Alá, que controla a capital Sana, estimou que em seis anos de agressões militares estrangeiras no país, os prejuízos no setor petrolífero superaram 45 bilhões de dólares, incluindo mais de 9 bilhões de dólares diretamente em petróleo saqueado do Iêmen.

O controle dos portos usados para a exportação de petróleo e gás, impede a obtenção de recursos financeiros pelo governo iemenita. Ao mesmo tempo, grupos tribais e milícias fundadas pelo CTS interceptam caminhões de abastecimento de combustível que se encaminham para as centrais elétricas em Adem. Essa situação criada pelos grupos ligados a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, apoiados pelo imperialismo, bloqueia a extração de petróleo nos campos de Marib, Hadramout e Shabwa, assim como seu refino em Adem e Safir. Mawadda Iskandar aponta que isso bastaria para produzir os combustíveis necessários para manter o funcionamento regular das centrais elétricas e evitar as importações de combustíveis, que ainda é de qualidade inferior e vem com preços inflacionados.

A jornalista cita o analista político Talib al-Hasni, que aponta para as raízes da atual crise elétrica ainda nos anos 1990, quando o Iêmen foi impedido de descobrir mais poços de petróleo no seu território. Uma das formas de agir do imperialismo, que impede o desenvolvimento econômico nos países atrasados. Assim como tentam fazer diante das potencialmente gigantescas reservas de petróleo do Brasil, sua ação nociva mina o potencial de produção de petróleo do Iêmen. A colaboração do governo de Ali Abdullah Saleh, presidente do Iêmen de 1990 a 2012, foi fundamental para a implementação da política do imperialismo. Não por acaso, o Ansar Alá, grupo chamado pela imprensa de hutis, surgiu em 1994.

Enquanto a população do sul do país sofre com os desmandos dessa ocupação estrangeira, o governo do Ansar Alá superou a crise energética impulsionando a central elétrica de Hodeidá, assistindo assim mais de 80% da população iemenita. A partir de outubro de 2022, o Ansar Alá vem agindo para interromper o roubo aos recursos do país. Uma primeira medida foi ameaçar atacar os navios petroleiros que se aproximassem dos portos controlados pela coligação de grupos controlados por sauditas e emiradenses, e seus aliados.

A mesmo tempo, em benefício da população do sul do país, levou adiante medidas para permitir que as centrais elétrica de Adem, controlada pela coligação estrangeira, fossem abastecidas com combustível proveniente das províncias de Shabua e Marib. Hasni informou ainda sobre o fornecimento de dezenas de tanques de gás de petróleo importados para Aden, enviados justamente pelo Ansar Alá. Segundo o analista político, o grupo que combate as forças pró-imperialistas e presta importante solidariedade à resistência palestina poderia ajudar a reparar e reabilitar a central elétrica de Adem, inclusive fornecendo combustíveis. Seus esforços para assistir seu povo têm esbarrado na sabotagem deliberada dos aliados do imperialismo na região. De tabela, inimigos do povo iemenita e dos povos dos seus próprios países.

Um cenário de devastação bem próprio à política neoliberal que o imperialismo impõe por todo o planeta. Desde o início da guerra civil no Iêmen já morreram centenas de milhares de pessoas, com mais de três milhões de pessoas deslocadas dentro do país. A questão religiosa dos grupos que se insurgem contra o imperialismo é sempre explorado pela imprensa burguesa, que tenta atribuir as ações desses grupos ao desejo de impor seus valores, uma espécie de capricho. E apontam como resultado dessas ações o cenário caótico encontrado em diversas regiões do Oriente Médio. No entanto, o que esses grupos fazem é uma defesa dos interesses nacionais gerais dos seus países de origem. Não por acaso, eles se voltam justamente contra os interesses imperialistas e contra os governos que colaboram com a pilhagem e a dominação dos seus próprios países.

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