A crise mundial do imperialismo tem mostrado que, assim como um animal acuado, ele tende a ficar cada vez mais feroz. Ultimamente tem crescido freneticamente as campanhas golpistas na América Latina através de ONGs ligadas diretamente a esse setor da burguesia mundial, que não quer perder seu controle e poder sobre os países oprimidos.
Este ano haverá eleições na Venezuela e a imprensa imperialista já está fazendo todo um estardalhaço. Neste momento se assiste a uma ofensiva gigantesca da imprensa e dos governos imperialistas contra o governo venezuelano de Nicolás Maduro. Com a decisão do TSJ da Venezuela, em 26 de janeiro, que proibiu Maria Corina Machado de participar das eleições no país, proibindo-a também de ocupar cargo público por 15 anos, choveram críticas contra o regime chavista.
A decisão baseia-se em alegações de que María Corina Machado teria participado de um esquema de corrupção vinculado a Juan Guaidó, durante o período de 2019 a 2023, quando esse cidadão, como parte de uma manobra golpista do imperialismo, se autoproclamou presidente da Venezuela. Até onde se sabe, Guaidó estaria foragido da Venezuela e morando em Miami, nos Estados Unidos.
Outro ponto que está sendo utilizado amplamente para difamar e tentar provar que o presidente da Venezuela é um ditador, autoritário e sanguinário, foi a prisão da ativista e também presidente da ONG Control Ciudadano – Controle Cidadão -, Rocío San Miguel, no último sábado (10), acusada de traição à pátria, terrorismo e conspiração. Segundo os advogados de Rocío San Miguel, ela permanecerá presa no serviço de inteligência bolivariano em El Helicoide.
Ainda de acordo com os seus advogados, sua filha, Miranda Díaz San Miguel, o marido de Rocío, Víctor Díaz Paruta, e seus irmãos Miguel San Miguel e Alberto San Miguel, foram libertos um dia antes, com a condição de se apresentarem à Justiça periodicamente, proibição de sair do país e de falar com a imprensa. Seu ex-marido, Alejandro González de Canales, também foi preso. Contudo, encontra-se encarcerado nas celas da Diretoria de Contra Inteligência Militar, em Caracas.
Canales, está sendo investigado pela suposta revelação de segredos políticos e militares relativos à segurança da Nação e obstrução da administração da justiça. Todas as prisões estão seguindo a operação “Brazalete Blanco” – Pulseira Branca. O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, disse no domingo (11) que San Miguel havia sido presa por “supostamente estar vinculada e referenciada no plano de conspiração e tentativa de assassinato (…) com o objetivo de atentar contra a vida do chefe de Estado Nicolas Maduro e outras autoridades de alto escalão”.
Não é segredo para ninguém como agem as ONGS imperialistas para destruir economias de países inteiros e desestabilizar e derrubar governos legítimos. Tanto a candidata da oposição ao governo Maduro e a suposta ativista são duas funcionárias dessas ONGs que são ligadas diretamente à CIA. Uma das maiores, o NED, National Endowment for Democracy, de acordo com documentos publicados pelo jornal The Guardian em 2020, entregou fundos em 2011 para festivais de rock venezuelanos, através de outras organizações, fundações e associações civis, com o objetivo de minar culturalmente o governo bolivariano e atrair potenciais operadores políticos entre a juventude da oposição.
A atuação das ONGs na Venezuela são amplas, sendo várias delas notoriamente ligadas ao imperialismo, trabalhando ativamente para derrubar o regime chavista. Em 2002 começam os processos desestabilizadores dessas ONGs no país latino americano. O Jornal Dossier Sul, revela várias dessas informações em relação à atuação e os financiadores dessas organizações em um artigo publicado em julho de 2021, com o seguinte título: “O verdadeiro papel das ONGs na Venezuela”.
“Organizações como a “Súmate”, nascida em 2002 e presidida por María Corina Machado até não muito tempo atrás, que orientou seu raio de ação para a tentativa de desacreditar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e que recebeu financiamento do NED; e como a “Humano y Libre”, fundada em maio de 2002, cujo diretor foi Gustavo Arroyo Tovar, que serviu como canal financeiro para grupos de guarimberos em 2007, são organizações que hoje estão registradas nos Estados Unidos como corporações.” aponta o Dossier Sul.
Já a ONG, Controle Cidadão, presidida por Rocío San Miguel, é financiada pela USAID, (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) que é um braço da CIA, e tem como objetivo principal é minar as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) e as diversas instituições de inteligência e defesa do país. Segundo o Dossier Sul, o relacionamento de Rocío San Miguel com os Estados Unidos é bem próximo, tendo ela inclusive se encontrado com Barack Obama durante a VII Cúpula das Américas.
“Seu relacionamento com os Estados Unidos se reflete no comunicado enviado (vazado pelo WikiLeaks) em 2007 pelo ex-embaixador dos EUA na Venezuela, William Brownfield, ao Comando Sul e ao Secretário de Assuntos do Hemisfério Ocidental (entre outros), onde San Miguel é denunciado como um “parceiro ativo da USAID”, afirma o Dossier Sul.
Vários países imperialistas têm se pronunciado contra a prisão dessa inimiga do povo venezuelano. Os EUA, por exemplo, disseram estar “profundamente preocupados”. “Estamos observando isso muito, muito de perto”, disse o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, aos repórteres. Outra organização capacho do imperialismo que também se pronunciou foi a ONU, “o paradeiro de San Miguel permanece desconhecido, o que pode qualificar sua detenção como um desaparecimento forçado”.
Por outro lado, o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, afirmou no seu X que Washington “protege e briga autores de atos de terrorismo e intervencionismo”. “Hoje o governo dos EUA está protegendo a ampara terroristas, que confessam seus crimes e as ordens que receberam para prejudicar nosso povo. Eles são cúmplices dos autores intelectuais e materiais dos atos de terrorismo e intervencionismo contra a Venezuela” – afirmou Gil.
O chanceler da Venezuela ainda complementa em outra postagem na mesma rede social que a CIA e a DEA (Agência antidrogas dos Estados Unidos), “têm conspirado a partir de Miami e da Colômbia, junto com opositores de extrema direita venezuelana para assassinar o presidente Nicolás Maduro e outros funcionários do governo”, como foi denunciado pelo Ministério Público da Venezuela no final do mês passado.
Sendo assim, a prisão e cassação das duas agentes do imperialismo na Venezuela não é nada mais que a prevenção ou mesmo precaução do governo de Nicolás Maduro, no enfrentamento contra as investidas de golpe e assassinato de pessoas do próprio governo chavista.