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Guerra na Palestina

General renuncia em meio a fracassos militares de ‘Israel’

Após o 7 de outubro, nada parece dar certo para "Israel"

A operação “Dilúvio de al-Aqsa” deflagrada em 7 de outubro, organizada por toda a resistência armada palestina e dirigida pelo maior grupo político da faixa de Gaza, o Hamas, foi um acontecimento histórico que marcou profundamente o atual momento de transição política global. Nesta segunda-feira (22), vemos mais uma repercussão do 7 de outubro, quando o chefe da inteligência militar israelense anunciou sua renúncia, atribuindo diretamente sua demissão à operação da Resistência, tornando-se a primeira figura de alto escalão a deixar o cargo devido a sua incapacidade em prever ou responder rapidamente ao ataque mais mortal da história de Israel. Escreveu o major-general Aharon Haliva em sua carta de demissão, segundo o jornal estadunidense AP News:

A diretoria de inteligência sob meu comando não esteve à altura da tarefa que nos foi confiada. Carrego esse dia sombrio comigo desde então, dia após dia, noite após noite. Levarei a dor horrível da guerra comigo para sempre.

A decisão de Haliva pode ser o prenúncio de mais demissões entre as principais autoridades de segurança israelenses. Em uma breve retrospectiva, lembramos que os palestinos romperam as defesas organizadas pelos israelenses que cercam a faixa de Gaza em 7 de outubro e, após  adentrar o território ocupado pelos sionistas, permaneceram lá sem grande oposição durante horas.  Nesse interregno,  cerca de 1.000 pessoas morreram, a maioria delas pelas mãos do próprio Estado israelense seguindo seu protocolo Aníbal, que preconiza a eliminação de reféns para impedir que estes sejam capturados pelo inimigo e, subsequentemente, ocorra pressão social sobre o governo. No entanto, as forças palestinas conseguiram capturar cerca de 250 prisioneiros, incluindo o general Nimrod Aloni, comandante da unidade sul do exército israelense.

Em resposta a essa ousada operação palestina, o Estado sionista intensificou sua política genocida, lançando uma campanha aérea e posteriormente de armas combinadas contra a faixa de Gaza que assassinou mais de 35 mil civis. Por sua vez, as forças da resistência armada palestina ainda lutam bravamente em Gaza, num conflito que se estende por mais de sete meses e ainda sem um horizonte para terminar, o que continua sendo um grande “banho de água fria” para o alto comando israelense, o primeiro-ministro do país e seu gabinete que anunciaram, como objetivo das incursões em Gaza, a “eliminação do Hamas”, um resultado cada dia menos provável.

Após a resposta militar do eixo da resistência, que retaliou o bombardeio israelense a embaixada do Irã, a situação palestina se agudizou, havendo uma maior amplitude de ações militares dos grupos da resistência armada palestina até mesmo na Cisjordânia, território palestino que historicamente foi a base política do Fatá. Durante a última semana ocorreu uma brutal incursão de três dias no campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarm na Cisjordânia, realizada pelas forças sionistas, cujo objetivo era assassinar líderes da resistência, assim como efetuar prisões em massa como parte do plano israelense para acabar com os focos de insurgência que se desenvolvem.

Nessa incursão, ao menos 14 palestinos foram mortos e dezenas foram detidos pelas forças israelenses. Entre aqueles que tombaram, estava o comandante das Brigadas al-Quds responsável por dirigir a Brigada de Tulkarm, Mohammad Jaber (Abu Shujaa), que foi cercado por longas horas pelos soldados da ocupação sionista em meio a fortes confrontos armados. Em uma declaração do grupo, na sexta-feira, Abu Shujaa estava entre os mártires que tombaram nas mãos dos sionistas.

No entanto, quando as redes sociais receberam a notícia de sua morte, rapidamente usuários que o haviam visto após o incidente, declararam que ele ainda estava vivo. E, não apenas vivo, como também se evadiu da captura tentada pelas forças israelenses.

Esse estado de incerteza se manteve até o sábado (21), quando ocorreram as procissões fúnebres dos mártires tombados no campo de refugiados de Nur Shams. Numa reviravolta digna de João Emanuel Carneiro, Abu Shujaa apareceu entre a multidão que carregava os corpos de seus combatentes, surpreendendo tanto a ocupação israelense quanto os palestinos da Cisjordânia, demonstrando mais uma vez que as forças israelenses não são invencíveis, como foi vendido desde a guerra dos seis dias.

Nesse sentido, a renúncia do major-general Aharon Haliva não ocorre apenas por conta dos ataques de 7 de outubro, como aponta o presidente do Partido da Causa Operária – PCO, Rui Costa Pimenta, a queda do major-general está relacionada com os desenvolvimentos políticos e militares mais recentes, em especial a retaliação iraniana. Além disso, é impossível esconder o avanço da insurgência palestina, que não foi contida em Gaza, se espalhando até a Cisjordânia, um território ocupado diretamente pelos israelenses, apesar dos enclaves palestinos presentes nesta área.

Algo a se destacar é que a Cisjordânia, desde os acordos de Oslo de 1993, tornou-se uma área livre de confrontos armados de grande monta, onde os israelenses conseguiram consolidar sua ocupação com assentamentos ilegais de colonos servindo como postos avançados do Estado sionista entre enclaves do povo palestino. É um acontecimento profundamente significativo o fato de que esta área, antes facilmente controlável, possui focos cada vez maiores de insurgentes palestinos, diretamente ligados aos grupos políticos da faixa de Gaza, em detrimento ao Fatah e outros agrupamentos que abandonaram a luta armada.

Torna-se claro que o povo palestino, em especial a população da Cisjordânia, não possui qualquer ilusão sobre uma resolução pacífica da prolongada ocupação sionista. Ao contrário, a experiência prática da faixa de Gaza provou que apenas a luta armada de libertação nacional é uma saída viável para o povo palestino, apesar dos inúmeros mortos e feridos. Essa dolorosa conclusão, já reverbera no Estado israelense e a renúncia do major-general Aharon Haliva se projeta como uma consequência disso, entre outros reveses que o Estado sionista vem enfrentando desde o dia 7 de outubro de 2023.

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