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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Coluna

Game over: indústria de jogos em colapso

Setor de entretenimento sofre com layoffs no início do ano

O ano começou com mais uma leva de demissões na área de tecnologia. Comentamos isso ao longo do ano passado: juros altos e capital especulativo, de risco, não combinam. No lugar de distribuir dinheiro para todo tipo de ideia megalomaníaca, grandes investidores do mercado financeiro agora preferem extrair máximo valor de seus investimentos e isso vale até mesmo para as grandes: Facebook, Microsoft, Apple e afins. As vítimas deste início de 2024 não foram tão generalizadas. Atingiram um setor particular da alta tecnologia: as produtoras e desenvolvedoras de jogos.

Segundo reporta o Yahoo Finance, a indústria de jogos demitiu mais 7.800 pessoas somente este ano. E só estamos em março! Essa cifra representa já mais da metade do número de demitidos no setor durante 2023. Entre os grandes nomes a mais demitir estão a Electronic Arts, responsável por jogos “pouco conhecidos” como Fifa e outras franquias ligadas a esportes; o misterioso conglomerado sueco Embracer Group, que controla muitos nomes de peso, como Tomb Raider; e a própria a Sony, fabricante de um dos principais consoles de videogame além de publicar e desenvolver uma série de jogos muito conhecidos como God of War. Se olharmos para janeiro veremos a Blizzard na lista de alvos, recém-adquirida pela Microsoft.

O que acontece? Analistas atribuem o problema aos custos exorbitantes de produção de jogos, além do tempo desprendido no desenvolvimento de produções desse porte. Acontece que dez anos atrás, durante o desenvolvimento do último jogo da série Grand Theft Auto, sua quinta edição, lembro-me de ler que mais da metade do orçamento do jogo era destinado ao seu marketing. Para recuperar esse gasto vultuoso, foi necessário lançar e relançar o jogo quase dez vezes. Basta ver que GTAV está publicado oficialmente em três gerações dos consoles da Sony: os Playstations 3, 4 e 5.

O que justifica tanto gasto em marketing? O acesso à produção de jogos com kits de desenvolvimento fez com que um pequeno grupo de pessoas pudesse lançar um novo hit. Basta ver Among Us, um jogo que feito por três pessoas teve uma arrecadação monstruosa após cair no gosto dos streamers durante a pandemia. O marketing, na realidade, é o muro que precisa ser erguido ao redor da audiência para impedir que essa acesse conteúdos além das megas produções dos grandes estúdios. Esse muro precisa ser cada vez mais alto e extenso para bloquear o verdadeiro tsunami de conteúdo semanalmente nas plataformas digitais de jogos. Um fenômeno parecido ocorre com as plataformas de streaming como Netflix, Amazon Prime, Apple+, etc.

Esse investimento para proteger as grandes produções faz com que sua criatividade decaia. Finalmente, o grosso do orçamento está direcionado ao marketing, não ao desenvolvimento de novas experiências. Basta ver que headsets de realidade virtual foram lançados e, por mais que não sejam produtos totalmente desenvolvidos, nenhum grande estúdio conseguiu publicar um jogo que empolgasse a audiência. Isso talvez seja uma injustiça com a Valve e seu Half Life Alyx, mas a Valve é uma empresa à parte, ainda de capital fechado e sua renda vem primariamente de vender jogos de outras produtores em sua plataforma, o Steam.

As demissões são uma tragédia para quem perde o emprego, mas espero que o valor cultural dos jogos – que tanto gosto – cresça. Finalmente, essas pessoas muito capacitadas que abriram mão de sua liberdade criativa para trabalhar nessas grandes produções, assumidamente de grande qualidade técnica, estão livres para aplicar suas habilidades do lado de fora do muro, que rui a cada dia. Quem sabe, nesse futuro, possamos nos empolgar com os próximos grandes lançamentos como há duas décadas. Por hora, sequências, remakes, relançamentos são a ordem do dia. Esse colapso financeiro era inevitável.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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