Na última quarta-feira (4), Julie Kozack, diretora do Departamento de Comunicações do Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou o “progresso impressionante” das medidas econômicas adotadas pelo presidente golpista da Argentina, Javier Milei. Ela caracterizou o chamado “plano de estabilização econômica” como sendo “ambicioso”.
Além disso, Kozack saudou alguns dos “resultados” que Milei apresentou, na área econômica, durante seu governo. A diretora do FMI disse que a inflação está diminuindo a um ritmo mais rápido do que o esperado, destacando que isso não é suficiente e que é importante continuar “melhorando a qualidade” do ajuste fiscal.
“O progresso até agora tem sido impressionante, com superavits fiscais registrados em janeiro e fevereiro pela 1ª vez em mais de uma década, reconstrução das reservas internacionais, queda da inflação mais rápida do que o previsto e melhorias contínuas nos indicadores de mercado”, declarou Kozack.
O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) dá conta de que a inflação mensal da Argentina fechou fevereiro em 13,2%. Em relação a janeiro, representa uma diminuição, quando a inflação atingiu 20,6%. Comunicações (24,7%), transportes (21,6%) e habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (20,2%) foram os setores que tiveram maior variação mensal.
O que os dados relativos à inflação, bem como a declaração feita por Kozack, escondem são os efeitos que o governo Milei teve no sentido de destruir a vida da população argentina. Para os tubarões do capital financeiro, suas medidas são mil maravilhas; para os trabalhadores, representam um profundo arrocho.
Quer dizer, as declarações feitas pela diretora do FMI, uma das instituições financeiras mais violentas do imperialismo, representam uma aprovação da política carniceira de Milei. Medidas que estão sendo impostas por um processo golpista.
O número de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza saltou de 38% para 50% em três meses. Os salários estão no patamar de 20 anos atrás para padrões argentinos. E, o que talvez seja o dado mais dramático: a venda das farmácias caiu 46%.
A situação toda mostra que, em nome da satisfação de um punhado de bilionários que sequer moram na América do Sul, como é o caso da diretora do FMI, Milei provocará a morte e a desgraça de muita, muita gente. A diminuição da inflação não beneficiará o povo argentino, mas sim os especuladores, que querem um ambiente mais estável para a exploração desenfreada da riqueza argentina. E quem irá pagar por tudo isso serão os pobres.
O problema é que essa devastação também causa problemas para o imperialismo na medida em que radicaliza as massas a lutarem contra o governo golpista de Milei e sua política neoliberal. O FMI mostra possuir preocupações nesse sentido, pois não quer que a situação saia do controle, impedindo a consolidação de sua política no país latino-americano.
É nesse sentido que a diretora do FMI afirma que seu objetivo “continua sendo apoiar os esforços das autoridades para restaurar a estabilidade macroeconômica e estabelecer as bases para um crescimento próspero e inclusivo na Argentina”. A prioridade, entretanto, não é tal “estabilidade”, mas sim rapinar o máximo possível do povo argentino e entregar seu patrimônio ao imperialismo.
Tudo isso acontece em meio a uma paralisia quase que total da esquerda argentina. Incapaz de prever o golpe de Javier Milei, tem se mostrado incapaz, até hoje, de denunciar que vive sob uma ditadura. A “oposição” parlamentar, por sua vez, não é uma oposição de fato. Milei tem conseguido governar até aqui porque conta com amplo apoio mesmo entre os peronistas.
Se a situação permanecer desse jeito, o povo argentino pagará muito alto, de uma maneira poucas vezes vista na história. É preciso desde já se levantar contra o governo Milei de conjunto, exigindo a sua derrubada.