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Bolívia

Evo Morales: a unificação das massas bolivianas

Folha ataca líder popular boliviano com vistas a manter um regime serviçal do imperialismo, que busca dividir o país e explorá-lo à última gota de sangue dos trabalhadores

No último sábado, dia 9 de março, o jornal golpista Folha de S.Paulo publicou uma coluna intitulada “Evo Morales continua a dividir a Bolívia”, assinada pela jornalista Sylvia Colombo. Apesar de um golpismo tradicional, alguns pontos do emitidos no veículo são interessantes para melhor compreender a situação política e as confusões disseminadas pela burguesia. Diz Colombo:

“Evo Morales já enganou a democracia boliviana duas vezes, em 2014 e 2016. Tentou repetir o truque em 2019 e acabou tendo de renunciar e sair do país. Agora, parece propenso a criar mais caos. Ter deixado a Bolívia em meio a uma baderna social e permitir que o poder fosse parar nas mãos de um governo sem legitimidade (sob Jeanine Áñez) mostrou ser uma imensa irresponsabilidade de sua parte. Trouxe insegurança, falta de comando e instabilidade política, além de espaço para massacres.”

É importante ressaltar o que é apontado na Folha como enganar a democracia: se trata da candidatura de Evo Morales, em quem a população queria votar, e o fez de fato em todas as vezes. Afinal, Evo Morales surgiu da luta da população boliviana contra o imperialismo, tratando-se de uma liderança popular legítima.

Então, o golpe orquestrado pelo imperialismo, apoiado inclusive pela Folha e demais veículos pró-imperialistas, impediu a candidatura de Morales e deslanchou uma violenta ofensiva da extrema direita sobre o povo boliviano e o partido de Evo Morales, o Movimento Ao Socialismo (MAS). A colunista da Folha atribui o golpe organizado contra Morales e o MAS como responsabilidade do próprio golpeado, algo absurdo. O golpe foi resultado da ofensiva imperialista contra um novo mandato de Evo Morales, que ganharia a eleição novamente. Segue Sylvia Colombo na Folha:

“Apesar de já ter tido sua intenção de concorrer novamente em 2025 impedida pela Corte Constitucional, Morales está longe de ter desistido de ser protagonista na vida do país.”

Temos aqui uma farsa básica. Ser protagonista na vida de um país não cabe a uma opinião ou vontade individual. Evo Morales é um protagonista na Bolívia por ser a maior liderança popular do país, surgida da luta da população boliviana. Não cabe a ele querer seguir ou desistir de protagonizá-la, mas ao povo boliviano, que o vê ainda como sua maior liderança. A Folha personaliza a questão para ocultar sua posição, que não se dá em oposição a Evo Morales simplesmente, mas, com essa forma, é de fato um ataque contra os trabalhadores bolivianos de conjunto. De maneira cínica, a Folha então busca disfarçar sua posição reacionária:

“É uma pena que tenha decidido enveredar por esse caminho. Sua primeira eleição, em 2005, foi algo histórico. Num país de maioria indígena, Morales foi o primeiro a ser eleito para o cargo. E, em seu primeiro mandato, transformou o país positivamente.

[…]

“Em vez de colher esses frutos e ir viver em seu sítio no Chapare, a região cocalera onde começou sua carreira política e onde disse que gostaria de passar seus últimos tempos, Morales vem alimentando a cizânia do país, avançando contra as instituições que não mais o obedecem, e brigando com seu sucessor e ex-apadrinhado, o presidente Luis Arce, assim como fizeram em seu momento Álvaro Uribe com Juan Manuel Santos, na Colômbia, e Rafael Correa com Lenín Moreno, no Equador.”

Ora, os golpes recentes na América do Sul protagonizados por vices são um fato. No entanto, a Folha apoia todos eles, sem exceção submissos ao imperialismo, traidores de seus partidos e do eleitorado que os pôs lá.

O artigo cita ainda outra figura, o ex-vice de Evo Morales, com a qual este também teve uma ruptura, taxando-o traidor. Para a colunista da Folha, porém, valeu citá-lo para afirmar que:

“Era urgente que Arce e Morales resolvessem suas diferenças para não destruir […] a conquista de um espaço político para defender os interesses dos indígenas, e que este possa ter uma renovação.”

Uma farsa completa. Não houve conquista alguma por meio de capitulações ao imperialismo ou mediação com seus serviçais. Pelo contrário, a Bolívia passou por uma verdadeira revolução após a privatização da água no país. Desta comoção social e do período que segue, emerge Evo Morales como figura destacada da luta travada naquele momento.

A “renovação” é ainda outro golpe. Evo é uma liderança popular real, fruto das lutas dos trabalhadores bolivianos. Do que se trata, então, a “renovação”? Trata-se da retirada da liderança popular de sua posição, e de sua substituição por outro, que não tem ligação, que não responde às massas trabalhadoras, ou seja, um golpe. Exemplo disto, e não à toa, são os golpes protagonizados por vices e ex-vices do mesmo partido que os cabeças de chapa. Lenin Moreno traiu Rafael Correa e todo o povo do Equador; na Argentina vimos situação semelhante, com a pressão contra a candidatura de Cristina Kirchner.

De fato, a Folha mantém sua posição golpista. Trabalha, assim como seus capachos comprados, para esmagar os povos da América Latina sob as botas do imperialismo. Com isso em vista, todo tipo de malabarismo é usado para confundir os trabalhadores, de modo a impedir que se organizem e identifiquem claramente seus inimigos, para que não lutem por seus interesses. Evo Morales não divide a Bolívia, mas unifica as massas bolivianas contra os serviçais do imperialismo em seu país.

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