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EUA

‘Estudo’ da NASA mostra a quem interessa a histeria climática

Agência comandada por militares norte-americanos produz documento para chantagear nações atrasadas por meio da demagogia ambiental, mas peca pelo exagero e recua

A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA, na sigla em inglês), órgão ligado às forças armadas norte-americanas, publicou um estudo intitulado Too Hot to Handle: How Climate Change May Make Some Places Too Hot to Live (9/3/2022) destacando que “à medida que o clima da Terra se aquece, as incidências de calor e umidade extremos estão aumentando, com consequências significativas para a saúde humana”, como consequência do “aquecimento global”. Deixando claro o interesse político do estudo, entretanto, o artigo continua: “as áreas mais vulneráveis incluem o sul da Ásia, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho por volta de 2050; e o leste da China, partes do sudeste asiático e o Brasil até 2070 [grifo nosso].

Além do Brasil, a China é diretamente citada e de maneira velada, Irã (Golfo Pérsico) e o Mundo Árabe (Mar Vermelho). Exceto a Rússia, todos os países centrais para a luta anti-imperialista e especialmente as mais importantes nações atrasadas são, dessa forma, pressionadas pela chantagem de caráter ambiental, colocando luzes para um observador atento da verdadeira natureza dessa campanha, que curiosamente, poupa os países mais industrializados e ataca os que lutam para se desenvolver.

O perigo de uma catástrofe iminente é explicado pelo artigo produzido pelos militares norte-americanos: “os níveis extremos de estresse por calor mais do que dobraram nos últimos 40 anos”, levando “os cientistas que realizam estudos climáticos globais estão analisando cada vez mais outra medida de estresse térmico chamada temperatura de bulbo úmido”.

O termo novo, “bulbo úmido”, refere-se a temperatura mais baixa à qual um objeto pode se resfriar quando a umidade evapora dele”, explica o estudo da NASA, acrescentando ainda que, “quanto mais baixa for a temperatura de bulbo úmido, mais fácil será para nós nos resfriarmos”, o que será feito “por meio da transpiração quando está quente e úmido”

“Pense em quando você sai de um banho quente”, explica o estudo da NASA: “a água evapora do seu corpo e você se sente mais fresco. Mas se o ambiente estiver quente ou úmido (ou ambos), é mais difícil sentir-se fresco. Essa sensação está diretamente relacionada ao que a temperatura de bulbo úmido está medindo”.

Com base nessas afirmações (reforçando, originárias das forças armadas da principal nação imperialista do planeta), artigos se proliferaram na Internet, anunciando eventos catastróficos como “o Brasil poderá se tornar inabitável devido aos efeitos do aquecimento global” (Nasa: Brasil pode ficar inabitável em 50 anos por aquecimento global, Giovanna Estrela, Metrópoles, 23/7/2024). Além do direitista Metrópoles, outros órgãos também repercutiram a informação, caso do Correio Braziliense

“Utilizando dados de satélites, pesquisadores da agência espacial norte-americana (Nasa) mapearam os lugares do mundo que podem se tornar inabitáveis nas próximas décadas por causa do aumento das temperaturas. O Brasil está incluído em publicação de 2022 que aponta as regiões da Terra onde o calor pode impossibilitar a sobrevivência humana em 50 anos.” (Brasil pode ficar inabitável em 50 anos, diz relatório da Nasa, Aline Gouveia, 23/7/2024).

Ocorre que campanha acabou caindo no ridículo por ser demasiadamente catastrófica. Logo surgiram outras matérias para dizer que “não era bem isso o que o estudo dizia”. Foi o caso do Estado de S. Paulo (Nasa prevê que Brasil ficará inabitável? Não é isso que diz o estudo; entenda, Pedro Pannunzio, 23/7/2024), o portal de notícias G1 (Brasil vai ficar inabitável até 2070 por causa do calor? Especialistas dizem que estudo da Nasa não diz isso e que dado foi distorcido, Casemiro, 25/7/2024) e o portal Terra (Brasil vai ficar ‘inabitável’ em 50 anos por causa do calor? Entenda o que realmente diz a Nasa, Beatriz Araujo, 24/7/2024),

A supracitada matéria do G1 dá mais contornos à defesa do estudo, dizendo:

“Circula nas redes sociais a afirmação equivocada de que um estudo da Nasa aponta que o Brasil ficará inabitável dentro de um prazo de 50 anos por causa das altas temperaturas. É fato que o mundo está mais quente e o país também está vivendo as consequências, mas o estudo não diz isso”, diz, acrescentando ainda que “o trabalho faz alertas importantes sobre o aumento de eventos com temperaturas e umidade além do suportável para as pessoas. No entanto, não cita o Brasil, não tem dados relevantes sobre a América Latina, e muito menos diz que esses locais ficariam inabitáveis em determinado período”.

Ocorre que o G1 está errado. O artigo (que pode ser consultado no original, em inglês aqui),diz taxativamente:

“Enquanto a temperatura de bulbo úmido estiver bem abaixo da temperatura da pele, o corpo pode liberar calor para o ambiente por meio da radiação e da transpiração. Mas quando a temperatura de bulbo úmido se aproxima da temperatura central, você perde a capacidade de se resfriar. Isso desencadeia mudanças em seu corpo. Você se desidrata. Seus órgãos ficam estressados, especialmente o coração. O sangue corre para a pele para tentar liberar o calor, deixando os órgãos internos famintos. Os resultados podem ser mortais.

‘Quando a temperatura de bulbo úmido ultrapassa 35 graus Celsius (95 graus Fahrenheit), nenhuma quantidade de suor ou outro comportamento adaptativo é suficiente para baixar o corpo para uma temperatura operacional segura’, disse Raymond. ‘Na maioria das vezes, isso não é um problema, pois a temperatura de bulbo úmido geralmente está de 5 a 10 graus Celsius abaixo da temperatura corporal, mesmo em locais quentes e úmidos’.”

Mais, contrariando a loucura dita pelo G1, o artigo diz também quais são as áreas mais ameaçadas, conforme citado no primeiro parágrafo. Os locais, por sinal, são o ponto alto de toda a discussão e reveladores da verdadeira política por trás do alarmismo em torno do “aquecimento global”.

Não é nada além de um golpe, o que tampouco é algo atual. Rapidamente, a internet recuperou uma propaganda datada de 1985 onde o então presidente da EMBRAPA Luiz Carlos Pinheiro Machado, dizia, à uma plateia da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que, “em 2010, a Amazônia será uma imensidão de areia”. Veja abaixo:

Que esquerdistas caiam no truque e sequer se atentem para o fato de o estudo vir justamente de um órgão ligado às forças armadas norte-americanas, é um assombro, mas indica claramente o grau de subordinação desses setores ao imperialismo, o que coloca na ordem do dia a necessidade de uma esquerda independente dos golpistas, inimigos do povo brasileiro e de toda a humanidade.

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