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Segurança Pública

A polícia é do Bolsonaro, não importa o que diga a esquerda

Jornalista elogia operação policial “civilizatória” na recaptura de fugitivos de penitenciária, mas a prisão nunca combateu as injustiças sociais

Massacre na favela

A matéria “Na segurança pública, esquerda 2 x 0 extrema-direita; mas é preciso informar o resultado às pessoas”, assinada por Bepe Damasco e publicada no Brasil 247 na última sexta-feira (5), mostra como a esquerda está completamente capturada pela direita, principalmente no que tange à segurança pública.

Estamos mesmo vencendo o jogo contra a extrema direita? Para começar, como sugere o título, Bepe Damasco acha que é necessário informar o resultado às pessoas, pois bem, a grande imprensa já está tratado do assunto e o que se lê é que o governo gastou R$ 6 milhões para recapturar os dois fugitivos de Mossoró. Portanto, estamos jogando e perdendo no campo do adversário.

A coisa não anda bem, a prova disso é que o início do texto não passa de uma posição defensiva, como podemos ler em seus dois parágrafos iniciais:

“Imagina o provável saldo de mortos e feridos, se a operação de recaptura dos fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró fosse conduzida pela PM de Tarcísio de Freitas? 

E se Bolsonaro fosse reeleito? Alguém duvida que as investigações sobre o assassinato de Marielle e Anderson seriam definitivamente atiradas na lata do lixo, depois de sabotadas durante os quatro anos de mandato do capitão fascista?”.

O autor da matéria, com isso que acabamos de ver, está nos dizendo que a coisa poderia ser pior, e isso não é positivo, embora ele afirme que “O governo federal marcou dois golaços em uma área sensível, como a segurança pública, que lidera o ranking de preocupação dos brasileiros, conforme atestam todas as pesquisas”.

Propaganda

Bepe Damasco acredita que o governo deva fazer muito alarido sobre o ‘grande feito’. Ele pede “atenção para o dito popular de que ‘não basta pôr o ovo, é preciso cacarejar’”. E emenda: “Aí que mora o perigo. Será a comunicação do governo capaz de capitalizar os dois episódios exitosos junto à população?

Pelo que temos visto até agora, há motivos de sobra para dúvidas quanto à capacidade do governo explorar positivamente suas ações e realizações”.

O senhor Damasco deveria antes se perguntar quanto o governo federal tem gasto com a imprensa independente e quanto tem ido de dinheiro público para os bolsos, por exemplo, da Rede Globo.

O próprio partido de Lula, o PT, nunca se interessou de fato em ter uma imprensa, o que o torna presa fácil para a direita, que seguidamente faz campanhas contra o partido, como vimos no caso do Mensalão, da Operação Lava Jato, dentre muitas.

Bandeira da direita

A segurança pública sempre foi um dos carros-chefe da propaganda da direita. Qualquer político do PSDB, PL, etc., promete combater o crime. A esquerda não pode defender as mesmas propostas e tentar se diferenciar dizendo que “é preciso comparar a matança generalizada de ‘suspeitos’, por parte dos governos estaduais bolsonaristas, com a operação de recaptura dos fugitivos de Mossoró, em uma operação de inteligência na qual não foi disparado um tiro sequer”.

Por algum motivo, Bepe Damasco acredita que agora a esquerda tem uma polícia para chamar de sua; se esquece que as polícias são verdadeiros redutos bolsonaristas. Ainda assim, ele pensa que “É necessário mostrar para as pessoas que há luz no fim do túnel no combate à criminalidade alarmante, com base no modelo adotado na prisão dos criminosos de Mossoró, com integração das polícias, compartilhamento de informações, inteligência investigativa, uso de tecnologias e unidade entre as forças de segurança nacionais e estaduais”.

A esquerda nunca acreditou que o combate à criminalidade seja uma questão de polícia. A população é atirada na criminalidade por conta das desigualdades sociais. Hoje, principalmente após o identitarismo acossar boa parte da esquerda, o que mais se tem visto são pessoas pedindo a criação de crimes novos como, gordofobia, homofobia etc., ou mesmo o agravamento para o aumento de penas. Uma “injúria racial” no Brasil foi equiparada a um homicídio.

O “combate ao crime” ultrapassou todos os limites e chegou até mesmo às ideias. Uma simples opinião se tornou crime, ainda que a Constituição reze que “ é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Em nome do “combate ao crime”, instituições como o STF têm sido elevados a posição de defensores da democracia. Mesmo após ter aprisionado pessoas sem provas ou julgado pessoas por ‘crimes coletivos’. Os manifestantes presos na invasão da Praça dos Três Poderes foram julgados pela última instância judicial, não têm como recorrer. Não tiveram, portanto, amplo direito à defesa, indispensável em qualquer democracia.

Quem ganha com a opressão?

Bepe Damasco, elogiando a captura de fugitivos “sem um único tiro”, argumenta que “Quanto mais adeptos ganha o discurso de que “Bandido bom e bandido morto”, mais os milicianos abocanham nacos importantes do Estado brasileiro”. No entanto, a direita está abocanhando tudo porque a esquerda também só fala em colocar pessoas na cadeia. A luta política foi posta de lado e o Judiciário é quem deve resolver tudo.

O ambiente está tão repressivo que no ato deste 8 de março setores da esquerda chamaram a polícia para impedir que as militantes do PCO falassem no carro de som.

O texto de Damasco apoia a polícia, com a ressalva de que mate menos. Para ele, a classe trabalhadora também apoiaria a polícia, pois, segundo diz, “essas pessoas aterrorizadas, em sua imensa maioria trabalhadores que só querem um mínimo de tranquilidade para ir e vir e criar seus filhos, podem perfeitamente apoiar políticas de segurança que reduzam de forma significativa o nível de conflagração e derramamento de sangue atuais, desde que se mostrem eficientes e lhes tragam um pouco de paz”.

Parece que Damasco nunca andou pelos bairros do País. A população simplesmente odeia a polícia, pois é vítima de todo tipo de violência e abusos. O pior é que, falando das ações policiais – menos letais –, o jornalista finaliza dizendo que “Está aí um desafio civilizatório que vale a pensa ser enfrentado”.

O que há de “civilizatório” em se colocar pessoas atrás das grades. Principalmente sabendo que as cadeias estão abarrotadas de pessoas vindas das classes trabalhadoras? Se, para Bepe Damasco, o governo marcou dois gols no quesito segurança pública, lamentamos informar que foram gols contra.

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