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América Latina

Esquerda lavajatista defende golpe em Cuba ‘pela democracia’

CST saiu em ataque aberto contra o governo cubano, a favor de manifestações do povo que estaria cansado de corrupção, um filme já visto no Brasil

No artigo Cuba: Fome e crise de eletricidade desencadeiam novos protestos, publicado em seu próprio sítio, a Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (CST), grupo que, até o ano de 2023, integrava o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), chama uma campanha aberta contra o governo cubano, pela sua derrubada.

Diz o artigo:

“Milhares de cubanos saíram às ruas nos maiores protestos desde os que ocorreram a 11 de julho de 2021; após o início da implementação de um plano de ajuste que o governo de partido único de Cuba chamou de ‘Tarea de Ordenamiento’ (Tarefa de Ordenamento). Durante 2022 e 2023 também houve protestos em algumas zonas do país, mas sem o alcance dos registados há uma semana.”

Acontece que os protestos de 2021 foram notoriamente uma campanha golpista promovida pelo imperialismo, o que está ilustrado na foto de capa deste artigo, que retrata um ato de “cubanos exilados” em Miami, nos EUA, em apoio aos protestos em Cuba. Tais “cubanos” são referidos pelos verdadeiros cubanos como gusanos, ou vermes. Nela, se lê o termo anticomunista escrito na bandeira de Cuba, o que torna evidente o caráter de tal campanha em 2021. A menção a ela não se dá por acaso, há uma continuidade entre ambos os protestos, que constituem uma mesma campanha contrarrevolucionária. Sigamos para os argumentos apresentados pela CST, supostamente de base econômica.

“Aos gritos de ‘corrente e comida’, centenas de mulheres com os seus filhos saíram para as ruas de Santiago, fartas da falta de alimentos nos armazéns e dos longos períodos sem eletricidade. Progressivamente, muitos jovens e outras pessoas das comunidades juntaram-se a elas”.

Não é mistério a razão para a escassez em Cuba. Um bloqueio que já ultrapassa os 60 anos sufoca economicamente a ilha, parca em recursos, sendo levado às últimas consequências pelo imperialismo norte-americano. O objetivo do bloqueio é precisamente suscitar protestos como os exaltados pela CST, protestos dos trabalhadores contra o seu próprio governo.

Outro ponto interessante se dá no caráter desses protestos, encabeçados por “mulheres e seus filhos”. Comovente, por certo, mas não o bastante para enganar um marxista. Ora, onde está a vanguarda da classe trabalhadora, a classe operária organizada? Não está atacando o governo, nem tomando parte na farsa propagandeada pela CST, o que nos permite ter ainda mais claros os interesses por trás de tais manifestações.

A CST segue na campanha golpista do imperialismo, e caracteriza o governo do Estado operário como um governo neoliberal de qualquer tipo:

“Nas últimas semanas, a crise de eletricidade, que já era um problema endémico em Cuba, agravou-se, exacerbada com uma grave escassez de alimentos, medicamentos e outros bens de primeira necessidade. No caso da eletricidade, a situação complicou-se devido à falta de combustível para abastecer as centrais termoeléctricas, provocando apagões de 8 a 10 horas em quase toda a ilha. A tudo isto acresce uma inflação galopante, que destruiu o poder de compra do povo cubano.”

Ao invés de demonstrar a necessidade de solidariedade internacional, de intensificar a campanha contra o bloqueio econômico, para a CST — e para os EUA, para o imperialismo —, o que está colocado é uma campanha imediata contra o governo. Para justificá-la, a CST se utiliza da confusão na área econômica, pouco dominada na sociedade, e comumente utilizada pelo imperialismo para enganar os trabalhadores e, principalmente, a pequena burguesia esquerdista:

“O sistema elétrico de Cuba está em colapso há anos […] não só como consequência do bloqueio imperialista, mas principalmente devido à falta de investimento e manutenção, uma vez que o regime cubano privilegiou a construção de hotéis de luxo e o investimento no turismo ao serviço de negócios com multinacionais, em detrimento dos serviços públicos e dos salários dos trabalhadores” (grifos nossos).

Novamente, ao leitor desatento, a argumentação é comovente. Novamente, o leitor é induzido ao erro pela CST, que se rebaixa ao nível dos gusanos. A economia em Cuba é em grande parte movida pelo turismo, ou seja, é uma exigência das condições que estão colocadas para o país um foco do investimento na área, afinal é daí que vem a arrecadação, portanto, os fundos para investir inclusive na infraestrutura.

Mais que isso, com quem se daria a organização do setor, senão com multinacionais? Haverá pequenas empresas de bairro com quem o governo poderia negociar o trajeto de grandes cruzeiros, por exemplo? Ou a menção a multinacionais seria apenas parte do jogo de cena da CST — e, por que não, do imperialismo?

Direitos humanos: contra a defesa da classe operária

Completamente imersa na campanha imperialista, a CST adota outro ponto rotineiramente empregado por aquele contra todo país, seja um Estado operário ou não, que lhe faça frente, a acusação do autoritarismo, da repressão:

“Em resposta aos protestos, o governo colocou a cidade de Havana sob custódia policial como medida preventiva contra a possibilidade de o protesto se estender à capital. Cortou também a ligação à Internet, o que não impediu a divulgação de imagens e vídeos dos protestos.”

Concordando ou não com o método empregado, a posição do governo se deu para se defender da ofensiva desatada pelo imperialismo, como fica demonstrado na publicação feita pela Embaixada dos EUA em Cuba logo após o início dos protestos, reproduzido abaixo:

“Estamos cientes de relatos de protestos pacíficos em Santiago, Bayamo, Granma, e em outros locais em Cuba, de cidadãos protestando contra a falta de alimentos e eletricidade. Apelamos ao governo cubano para que respeite os direitos humanos de manifestantes e encaminhe as necessidades legítimas do povo cubano” (@USEmbCuba).

O povo está cansado de não ser governado pelo imperialismo

A CST até cita o presidente cubano, Miguel Díaz Canel, também em tweet:

“Várias pessoas manifestaram a sua insatisfação com a situação do serviço de eletricidade e com a distribuição de alimentos. Isso está sendo explorado pelos inimigos da Revolução para fins desestabilizadores” (@DiazCanelB).

Mas para atacá-lo:

“Isto é completamente falso e está longe da realidade. A verdade é que os protestos são uma expressão genuína do cansaço do povo cubano face à fome, aos preços elevados dos bens de primeira necessidade, às enormes carências e à repressão do governo de partido único.

“O regime cubano também atribui frequentemente a culpa dos males sociais e econômicos que afligem o povo ao bloqueio imposto pelo imperialismo norte-americano desde a década de 1960. Este bloqueio criminoso teve consequências graves na economia do país, mas não é a única causa dos problemas [grifo nosso] que Cuba enfrenta.”

No que parece a manchete de qualquer jornal burguês golpista, dispara a CST: “o povo está cansado!” E cansado de quê? Ora, se o bloqueio econômico não é o ponto central, qual será?

“A causa fundamental da agitação social e dos protestos que tiveram lugar tem a ver com o fato de, há mais de 30 anos, o regime cubano abrir a economia ao investimento privados estrangeiros, especialmente às grandes transnacionais do turismo e de outros setores, restaurando assim a exploração capitalista em Cuba.”

A velha política utilizada pelo imperialismo para lidar com seus desafetos políticos, porém com um giro esquerdista, mas inconfundivelmente é ela: a campanha contra a corrupção. Uma farsa golpista. O bloqueio de mais de 60 anos é ignorado pela CST como fator econômico. O grupo, em sua sanha golpista de capachos do imperialismo, chega ao cúmulo do absurdo em seus argumentos.

Elencam ainda o fato de haver empresas de capital misto em Cuba, sem descrever em nada o fato, para afirmar que seria um regime capitalista qualquer — a razão para a manutenção do bloqueio, então, qual seria?

Para finalizar sua peça pró-imperialista de cobertura esquerdista, a CST afirma que o governo cubano está implementando um programa de austeridade, com aumentos de preços e de impostos. A proporção do programa não é demonstrada, a situação econômica da ilha sequer é mencionada, e o quanto de fato isso afeta na vida do trabalhador cubano, também não é mencionado. Ou seja, apresentam números que, sem informações de contexto, significam, se não nada, quase nada. É, porém, a mesma técnica do imperialismo, de utilizar os números e a economia de maneira enganosa, para ludibriar a compreensão da população. Para a CST:

“Isto não é mais do que um típico ajustamento capitalista, semelhante aos aplicados noutros países da América Latina.”

A afirmação é tão fora da realidade que nos faz perguntar se a CST de fato é uma organização brasileira, ou se está localizada junto aos gusanos, no estado norte-americano da Flórida. Comparar os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, no Brasil, ou Maurício Macri e Javier Milei, na Argentina, entre tantos outros, ao governo de Cuba, é um tapa na cara de todo trabalhador latino-americano, massacrado por governos fantoches do imperialismo.

“Como socialistas revolucionários, que sempre estiveram na linha da frente contra o bloqueio dos EUA e contra qualquer tipo de agressão contra Cuba”, afirma a CST, seria preciso “acabar com o regime de partido único e alcançar o verdadeiro socialismo, com democracia”, em Cuba. Trata-se de uma mentira escatológica, como pode ser observado pela própria consideração feita pelo grupo, que ao invés de focar sua atenção na tentativa de genocídio do povo cubano realizado pelos EUA, forma uma frente única com o imperialismo pela derrubada do governo cubano.

Fosse a agressão imperialista contra Cuba uma preocupação honesta da CST, o grupo não usaria as consequências do bloqueio para atacar o regime cubano. Dado a impossibilidade de atacar Cuba frontalmente – como faz a direita – sem se desmoralizar completamente no campo da esquerda, a organização pequeno-burguesa abusa de uma retórica esquerdista para defender uma política profundamente pró-imperialista, o que não é uma novidade.  

Após terem apoiado no Brasil o golpe de 2016 e a operação Lava Jato, que destruíram a economia nacional, sabemos que a democracia da CST, tal qual a de Miami, é vinculada ao Partido Democrata e alimentada com dólares e com o sangue da classe operária.

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