Nessa sexta-feira (26), o YouTube informou à equipe da Causa Operária TV (COTV) que removeu 37 vídeos de seu canal e que desmonetizou não só a COTV, mas todos os canais identificados como “parceiros”: Rádio Causa Operária, Diário Causa Operária – DCO e Partido da Causa Operária – PCO.
Segundo o e-mail encaminhado pelo YouTube, ao qual este Diário teve acesso exclusivo, o motivo por trás desta ação seria uma suposta violação das diretrizes da plataforma: “nossa política contra organizações extremistas ou criminosas violentas, que faz parte de nossas Diretrizes da Comunidade, explica que não é permitido publicar no YouTube conteúdo que apoie, promova ou ajude organizações criminosas ou extremistas violentas”, afirma.
Com base nessa alegação, o YouTube informa, ainda, que identificou que “alguns vídeos publicados […] violam a política mencionada”, tomando, portanto, a decisão de remover determinados vídeos da COTV.
Em relação à monetização, a empresa diz o seguinte:
“[…] Se você gera receita no YouTube, a violação de nossas políticas, incluindo as Diretrizes da Comunidade, pode resultar na desativação permanente da monetização em uma ou todas as suas contas. Dessa forma, seus canais COTV – CausaOperariaTV, DCO – Diário Causa Operária, PCO – Partido da Causa Operária e Rádio Causa Operária foram removidos do Programa de Parcerias do YouTube (YPP) e não podem mais monetizar seus conteúdos em nossa plataforma”, informando, por fim, que a COTV pode “se inscrever para participar novamente do programa de parcerias em 90 dias“.
Em declaração a este Diário, a COTV denunciou que a justificativa fornecida pelo YouTube é uma farsa, ressaltando que se trata de um ato de censura por conta da defesa que o canal e sua rede fazem da luta do povo palestino. “A COTV, de maneira pública e aberta, se coloca na defesa intransigente da luta dos palestinos e de suas organizações armadas contra a ocupação fascista e o genocídio promovido pelo Estado de ‘Israel’”. Nesse sentido, explicou que, “para o YouTube, defender tal posição significa celebrar ‘organizações criminosas violentas’”.
“Há alguns meses, esta plataforma já havia demonetizado de maneira permanente o canal Cortes da COTV. Na ocasião, não deixamos de alertar: é questão de tempo para que medidas similares avançassem contra outros canais da nossa Rede e, especialmente, contra o principal deles, a COTV. A censura avança a passos largos”, denuncia a COTV.
O veículo de imprensa revolucionário, entretanto, deixou claro que as forças políticas que estão o atacando, nominalmente, o sionismo e o imperialismo, “não conseguirão chegar ao seu objetivo”. “A Rede COTV não se deterá diante de tais obstáculos”, diz, afirmando que “seguirá as trilhas da luta do povo palestino, passando por cima das manobras sujas dos inimigos”.
Demonstrando a continuação dessa luta, a COTV ainda indicou como os apoiadores do canal podem ajudá-la em um momento tão crítico como esse. Para tal, basta participar da campanha de membros do Catarse: “tornando-se Membro pelo Catarse, o assinante ajuda a Rede COTV a ficar menos exposta às restrições do YouTube, usufruindo dos mesmos benefícios”. Para contribuir, basta acessar a plataforma por meio deste link.
Ao mesmo tempo, o sítio virtual da Loja do Partido da Causa Operária (PCO) foi retirado do ar. Segundo disse um dos responsáveis pela Loja ao Diário Causa Operária (DCO), eles não foram avisados de absolutamente nenhuma restrição, tomando ciência da notícia por meio de terceiros. “Não estávamos sabendo de nada, não chegou para nós nenhum aviso, nenhuma mensagem, nada! Simplesmente saiu do ar”, afirmou.
“Trata-se de uma tentativa de sabotar toda a perspectiva que o Partido da Causa Operária [PCO] tem e que o movimento de denúncia do sionismo, de defesa da Palestina e da resistência armada palestina têm de se financiar. É uma tentativa de sabotar o financiamento de todo esse movimento, afinal, o que eles foram atacar? Justamente a Loja do PCO, algo que participa dessa luta”, afirmou o funcionário da Loja.
Ao entrar no sítio, o qual podia ser acessado por este link, o usuário se depara com o seguinte aviso:
Entretanto, a equipe responsável pela manutenção do sítio divulgou a imagem abaixo, que mostra que a Wix, plataforma na qual o sítio da Loja estava hospedado, informa que a restrição ocorreu por supostamente não cumprir “com os nossos Termos e Condições”. Cabe ressaltar que a Wix.com é uma empresa fundada em “Israel” que, até hoje, tem sua sede em Telavive.
A coordenação da Loja do PCO informou que entrará com um recurso para reverter o bloqueio. Entretanto, procurará novas formas de colocar o sítio no ar, o que deve ocorrer nos próximos dias. Novas informações serão publicadas neste Diário.
Durante a última Análise Política da Semana, o programa de análise política mais tradicional de toda a esquerda brasileira, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, procurou situar a censura sofrida pela COTV em meio aos acontecimentos atuais. Após relembrar o caso de Natália Pimenta, membro do Comitê Central Nacional do Partido que teve sua conta no X bloqueada, Pimenta afirmou que “esses dois acontecimentos que dizem respeito ao nosso partido não são fatos isolados”.
“Nesse momento, nos Estados Unidos, nós temos uma repressão numa escala realmente extraordinária sobre os estudantes norte-americanos […]
[…] Além dessa repressão generalizada, que está aumentando, temos a votação no congresso norte-americano que tomou a decisão de banir dos Estados Unidos o TikTok […]
[…] Mais um caso: vem se organizando já há algum tempo a chamada flotilha da liberdade, que é uma frota de pequenos barcos que está ancorada na Turquia, no Mar Negro, e que iria sair para furar o bloqueio e levar ajuda humanitária para Gaza. Eles anunciaram hoje que eles não vão poder sair imediatamente porque os barcos todos estavam navegando sob a bandeira da Guiné-Bissau, e o governo da Guiné-Bissau revogou a autorização para eles usarem a bandeira porque foi pressionando pelo sionismo […]
[…] Apareceram inúmeras notícias de que a repressão na França, na Itália e na Alemanha contra as manifestações a favor da Palestina se intensificaram. A polícia vai lá e ataca a manifestação, violentando abertamente e brutalmente o direito a manifestação”, disse.
Diante de todo esse quadro, o presidente do PCO concluiu que a situação de “Israel” é dramática e que isso, por sua vez, é a causa da repressão que está ocorrendo em todo o mundo:
“É uma coisa muito complexa, e a pressão internacional contra tudo isso é um fator decisivo. Se eles conseguissem colocar um véu sobre a Palestina e massacrar impunemente a população […], ficariam em uma situação mais confortável de mandar ajuda. Nós entramos aqui na fase do desespero do sionismo e do imperialismo. E eles organizaram, portanto, uma contraofensiva contra os povos, o protesto político, o direito de manifestação, a liberdade de expressão, todos os direitos democráticos.”
Os ataques contra o PCO seriam, portanto, uma ação organizada pelo sionismo, um ataque coordenado contra o Partido. Declaração feita por João Jorge Pimenta, apresentador da Análise Política da Semana deste sábado, corrobora ainda mais essa avaliação:
“É impressionante que tudo isso tenha acontecido em 48h. E o mais interessante é que uma conta com 50 seguidores, uma conta sionista, sabia do que tinha acontecido antes da gente porque ele falou que [o sítio da Loja do PCO] tinha sido bloqueado”, afirmou ao final do programa.
João Jorge faz referência ao tuíte abaixo, publicado antes que qualquer membro da organização da Loja soubesse que o sítio havia sido bloqueado:
Durante sua exposição, Rui Pimenta também argumentou sobre o que pode ter sido o gatilho para mais uma onda de ataques por parte do sionismo contra o PCO. Ele citou o caso do militante da organização trotskista que estava distribuindo materiais em defesa da Palestina durante uma sessão no Congresso Nacional utilizando uma camiseta do Hamas.
“É possível que esse ‘inferninho’ da direita tenha tido influência na decisão do Google, apesar de que a causa é o que eu falei antes: a repressão é generalizada em todos os lugares porque a situação é crítica”, disse. Para entender o caso, confira a reportagem abaixo:
Ao final de sua exposição sobre o caso, o presidente do PCO, além de deixar claro que essa censura não irá impedir a organização de defender o povo palestino, afirmou o seguinte:
“Moral da história: sabe aquela pessoa que falou que a censura era necessária para combater o fascismo? Ela estava errada. A censura é necessária para defender o fascismo, que é o que está acontecendo neste momento. Porque o que está acontecendo na Faixa de Gaza é o fascismo mais cruel, mais escancarado, mais brutal que já vimos nos últimos 30 anos.”
A equipe do Diário Causa Operária tentou entrar em contato com a Google exigindo um pronunciamento oficial acerca das ações tomadas contra a Rede Causa Operária TV e das alegações feitas por membros do PCO de que se trata de um ato de censura. Dias após o fechamento desta edição, o YouTube, por meio de uma pessoa identificada como Account Coordinator, encaminhou a seguinte mensagem:
“Confirmamos que os canais COTV – CausaOperariaTV, DCO – Diário Causa Operária, PCO – Partido da Causa Operária e Radio Causa Operária foram removidos do Programa de Parcerias por violar nossa Política contra organizações extremistas ou criminosas violentas, que faz parte de nossas Diretrizes da Comunidade, e não podem mais monetizar seus conteúdos em nossa plataforma.”
Este Diário também tentou contato com o Wix, mas sem sucesso.