O fundador da empresa de Internet russa Telegram, Pavel Durov, após ser assaltado em São Francisco, na Califórnia, EUA, por ladrões de rua, e depois de ser assediado pelos dois “partidos únicos” dos EUA, Democratas e Republicanos, joga a toalha e decide sair do país. Pavel Durov disse ao entrevistador Tucker Carlson, segundo a rede Sputnik, que desistiria de manter a empresa em “Frisco” (apelido carinhoso de São Francisco) e se mudaria para os Emirados Árabes Unidos, onde o ambiente de negócios é mais positivo e seguro para a sua empresa.
Os Democratas, através de seus representantes no Congresso, demandaram por carta ao Telegram todos os dados que envolveram a manifestação de 6 de janeiro no Capitólio, considerada por eles como um “levante”. Por seu lado os congressistas do Partido Republicano mandaram outra correspondência ao Telegram solicitando que os dados não fossem cedidos.
Os advogados do Telegram aconselharam Durov a ignorar ambas as demandas. Pavel Durov, como diz o ditado é macaco velho, não quer meter a mão na combuca da política norte-americana, ainda mais neste momento em que a chaleira começa a ferver.
Durov afirmou ainda que, quando ia aos EUA, costumava ser contatado por agentes federais dos EUA, que chegaram a assediar um de seus engenheiros para que ele colocasse “dispositivos de segurança” (chamados de “back door”) no Telegram, outro nome para espionagem dos cidadãos pelo Estado. O Telegram, ao fim e ao cabo, é uma empresa de comunicação, funcionando como um correio ou um telefone, dos tempos antigos. Os congressistas democratas norte-americanos parecem ter se esquecido completamente da cláusula constitucional que prevê a inviolabilidade da comunicação particular entre os cidadãos.
A discussão interminável, e aparentemente insolúvel sobre o caráter dos eventos de 6 de janeiro, quando manifestantes invadiram o Capitólio, inconformados com a suposta fraude eleitoral contra Trump, que deu a vitória na disputa presidencial ao democrata Biden, continua em aberto: seria uma tentativa de golpe ou de levante, ou seria uma manifestação legítima? Seria um ataque à democracia ou seria o exercício do direito legítimo dos cidadãos de protestar? Qualquer semelhança com o nosso 8 de janeiro não é mera coincidência.
Caso o 6 de janeiro seja considerado uma subversão da ordem constitucional, uma ameaça à democracia e um caso de segurança nacional, seria legítima a espionagem da comunicação entre os cidadãos revoltados? Para os Democratas este seria o caso. Para os Republicanos, o 6 de janeiro foi uma manifestação legítima e a espionagem dos cidadãos pelo Estado seria uma grave violação constitucional e uma ataque frontal à democracia.
Neste sufoco os dois partidos do país, o elefante e o burro, se esqueceram do escândalo de espionagem partidária de Watergate e agora partem para uma luta mortal pelo domínio da Casa Branca. Aqui os republicanos aparecem como os defensores da liberdade de expressão, isso porque são as vítimas.
A política da esquerda não deve ser apoiar nenhum dos dois partidos, mas sim o mais amplo direito democrático dos trabalhadores.