O jornalista judeu norte-americano Jeremy Loffredo, colaborador do órgão investigativo The Grayzone, The Real News e outros, foi preso pela ditadura sionista enquanto se deslocava pelo território da Cisjordânia ocupada, sob a acusação de colocar em risco a segurança de “Israel” após informar os locais em que caíram os mísseis lançados pelo Irã no início do mês, após a Operação Promessa Cumprida, comprovando que os projéteis iranianos atingiram diversos alvos israelenses, incluindo a Base Aérea de Nevatim e a sede da Mossad, agência do criminoso serviço secreto israelense, em Telavive. Segundo a matéria American journalist disclosed secrets during Iran attack, police say do órgão sionista Ynet News, “as acusações contra ele incluem ajudar o inimigo em tempo de guerra e fornecer informações ao inimigo”, sem que o órgão informe, no entanto, que “inimigo” seria esse, uma vez que as informações colhidas pelo jornalista foram publicadas em um órgão de imprensa e levadas ao público em geral, como pode ser observado neste vĩdeo.
Além de Loffredo, outros jornalistas foram presos pela ditadura sionista, entre eles Andrey X, que em seu perfil oficial no X, produziu um relato sobre o episódio. Segundo X, a crise começou quando os soldados requisitaram os celulares dos jornalistas, que se recusaram a fazê-lo. Abaixo, o relato do jornalista:
“Em 8 de outubro de 2024, aproximadamente às 13h, um carro com cinco jornalistas (um jornalista americano, um jornalista palestino, um jornalista russo-israelense, um cinegrafista canadense-israelense e um fotógrafo israelense) foi parado em um posto de controle no norte da Cisjordânia. O posto de controle separa as Áreas C e B, e a lei de ocupação israelense permite que todos os jornalistas estejam em ambos os lados. Eles ficaram detidos por uma hora e meia em seu carro, enquanto a IOF [sigla em inglês para Forças de Ocupação de Israel] recolhia seus documentos. A IOF revistou o carro, mexendo em itens pessoais. Mais tarde, a fotógrafa descobriu que sua roupa íntima foi retirada da bolsa e colocada em cima dos pertences.
Os soldados então pediram ilegalmente que os jornalistas entregassem seus telefones e, quando eles se recusaram, os soldados apontaram uma arma para um dos jornalistas, bateram nele com as mãos e com o cano da arma, depois o arrastaram para fora do carro e o jogaram no concreto. Quando estava deitado no chão, apontaram duas armas para sua cabeça. O restante dos jornalistas saiu do carro e os militares o invadiram, confiscando telefones, câmeras e itens pessoais.
Os jornalistas foram orientados a se sentar ao sol, em um calor de 35°C, no acostamento da estrada. Depois de uma hora, o jornalista palestino começou a se sentir fraco e pediu que chamassem uma ambulância. Os soldados se recusaram e não deixaram ninguém ir para a sombra, gritando insultos e slogans nacionalistas israelenses. Depois de duas horas, os soldados algemaram e vendaram os olhos dos jornalistas. A fotógrafa israelense teve um ataque de pânico e começou a vomitar e, depois de declarar que era israelense, foi autorizada a permanecer sem a venda nos olhos. O jornalista palestino foi deixado ao sol por mais duas horas e depois foi liberado. Nesse meio tempo, os outros quatro jornalistas foram empilhados uns sobre os outros em um jipe militar e levados para uma base militar. Lá, eles foram mantidos com os olhos vendados e algemados no chão por duas horas, enquanto eram insultados e interrogados pelos soldados. Os soldados disseram à fotógrafa israelense que ela deveria ter sido estuprada pelo Hamas.
Os jornalistas foram interrogados a respeito de sua filiação política e trabalho, não tiveram o direito de ver um advogado, tiveram comida e água negadas até que muitos pedidos repetidos fossem feitos (os dois jornalistas do sexo masculino tiveram a comida totalmente negada). As duas jornalistas foram libertadas sem acusações às 23h. O jornalista russo-israelense foi libertado à meia-noite. O jornalista americano ficou preso por três dias e foi libertado na sexta-feira, 11 de outubro. O exército confiscou dois telefones e uma câmera que ainda não foram devolvidos.”
O relato na rede social foi publicado no dia da libertação de Loffredo, ocorrida também no dia 11. Em outra publicação sobre o assunto na mesma rede social, Andrey X mostrou fotos com as marcas das agressões e acrescentou que “essa não foi a primeira vez” que a brutalidade da ditadura sionista o atingiu:
“Essa não foi a primeira vez que fui agredido fisicamente pelas Forças de Ocupação Israelenses. Não será a última vez. Meus companheiros palestinos são atacados fisicamente, sequestrados e torturados pela IOF diariamente, sem nenhum recurso legal.”
Embora Loffredo tenha sido libertado no dia 11 de outubro, as acusações continuam pairando sobre ele, e suas ferramentas de trabalho, incluindo celulares e câmeras, ainda não foram devolvidas. O jornalista, que teve seu passaporte retido e está impedido de deixar ‘Israel’, tornou-se alvo de uma investigação em que a ditadura sionista o acusa de ter revelado informações sensíveis aos inimigos de ‘Israel’. Essas acusações, no entanto, são frágeis e foram contestadas por jornalistas israelenses que destacaram que as mesmas informações divulgadas por Loffredo haviam sido publicadas por outros veículos israelenses sem qualquer consequência legal.
Em artigo publicado por The Guardian, Seth Stern critica a prisão de Loffredo e questiona o real motivo por trás da detenção: “se a teoria de ‘Israel’ é que jornalistas compartilham ilegalmente informações com o inimigo sempre que o inimigo lê as notícias, isso poderia criminalizar uma quantidade enorme de reportagens”. Stern também destaca a hipocrisia do governo dos Estados Unidos, que alega defender a liberdade de imprensa, mas se mantém em silêncio diante das inúmeras violações cometidas por seu aliado israelense.
Já no The Grayzone, Wyatt Reed ressaltou como as alegações contra Loffredo desmoronaram após um jornalista israelense testemunhar que o vídeo completo de Loffredo foi aprovado pela censura militar israelense. Isso expôs a arbitrariedade das acusações. “As autoridades israelenses não conseguiram sustentar sua acusação de que ele teria auxiliado o inimigo”, concluiu Reed.
A prisão e a tortura de Loffredo são parte de uma estratégia sistemática da ditadura sionista para silenciar jornalistas e ocultar as atrocidades cometidas contra o povo palestino e seus apoiadores. Loffredo, assim como os inúmeros jornalistas palestinos que continuam presos sob o regime de detenção administrativa de “Israel” – uma prática que permite a prisão por tempo indefinido sem julgamento – sofreu as consequências de desafiar a propaganda oficial imposta pela ditadura israelense. Muitos desses jornalistas são mantidos em condições desumanas, sendo frequentemente torturados e privados de acesso a seus direitos mais básicos, como o direito a um advogado.
O tratamento desumano dispensado a Loffredo e seus colegas é mais uma demonstração de que “Israel” não é, nem nunca foi, um regime democrático. A realidade vivida pelos palestinos, e agora por jornalistas internacionais, expõe a verdadeira natureza fascista do regime sionista. A prisão arbitrária, a tortura física e psicológica e a constante violação dos direitos humanos, que afeta tanto palestinos quanto qualquer pessoa que ouse contar a verdade sobre o que acontece nos territórios ocupados, são práticas típicas de regimes autoritários, e ‘Israel’ não se diferencia disso.
Ao contrário do que tenta difundir a propaganda imperialista, “Israel” é uma ditadura fascista que se vale de táticas de repressão brutal para manter sua ocupação e sufocar qualquer tipo de oposição. Como destacou a matéria de Reed no The Grayzone, as ações da ditadura sionista revelam sua visão autoritária de que jornalistas críticos representam uma ameaça direta, e, portanto, são alvos legítimos de seu aparato de repressão. O caso de Loffredo apenas escancara essa realidade. Sob a fachada de “segurança nacional”, ‘Israel’ sistematicamente ataca a liberdade de imprensa e persegue aqueles que se recusam a se dobrar diante de suas mentiras.
O fato de outros jornalistas, como Matt Gutman da rede norte-americana ABC News, terem divulgado as mesmas informações sem serem presos apenas reforça que a detenção de Loffredo é motivada por seu papel desafiador e por sua posição como um crítico contundente da ocupação israelense. A repressão contra ele é um recado claro: qualquer jornalista que ousar expor as mentiras do regime sionista será alvo de violência e perseguição.
Enquanto isso, os órgãos de comunicação e os governos imperialistas que financiam e protegem “Israel” permanecem em silêncio ou cumprem apenas um papel simbólico de críticas brandas, como no caso do governo Biden, que não moveu uma ação concreta para proteger um cidadão norte-americano, apesar das violações flagrantes e criminosas de seus direitos. Nem poderia, uma vez que o imperialismo norte-americano é o principal apoiador da ditadura sionista, mantida para continuar sua escalada de violência e repressão contra jornalistas que divulguem a verdade, assim como o genocídio do povo palestino.
A prisão de Loffredo, assim como de dezenas de jornalistas palestinos, é uma prova clara de que a liberdade de expressão não existe sob o regime sionista. Em vez disso, o que prevalece é uma ditadura brutal que busca impor sua versão dos fatos à força, utilizando prisões e tortura como ferramentas para calar aqueles que ousam revelar a verdade.