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Guerra na Palestina

Dilúvio de al-Aqsa, seis meses de vitórias do Hamas

O Estado de "Israel" quer esconder sua derrota no sangue do povo palestino, mas a verdade é que a resistência palestina nunca esteve tão forte, e "Israel" tão fraco

No dia 7 de outubro de 2023, o Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, decidiu dar um basta. Após mais de 100 anos de opressão do imperialismo e do sionismo, após a Faixa de Gaza ter sido transformada em um campo de concentração, da Cisjordânia estar passando pelo mesmo processo, um heroico partido, o partido mais popular da Palestina, decidiu agir. As vitórias políticas foram gigantescas. O Estado de “Israel” se encontra em sua maior crise histórica, os palestinos nunca estiveram tão próximos de conquistar um Estado.

A operação do Hamas consistiu em impor uma derrota militar humilhante a “Israel” que se configuraria em uma derrota política. Algo em que obtiveram muito sucesso. Impressionando a todos, inclusive as outras organizações da resistência palestina, o Hamas lançou uma operação por terra, água e mar no entorno na Faixa de Gaza. O alvo eram todo o aparato militar israelense que cerca a Faixa de Gaza. São diversas bases militares e de inteligência, torres de vigilância, um grande contingente de tropas e todos foram pegos de surpresa.

Os sionistas imediatamente iniciaram uma propaganda para apagar esse gigantesco feito e acusar o Hamas de terrorismo. Eles afirmam que os combatentes das brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, atacaram civis israelenses com o objetivo de realizar um grande massacre de tipo terrorista. Por isso, o grande número de mortos na festa Rave Supor Nova e no Kibutz Beeri. Isso é uma farsa, esses não foram os alvos do Hamas, os combatentes acabaram se deparando com esses locais de grande concentração de civis.

Foi “Israel” quem causou o massacre ao adotar a sua “doutrina Hanibal”. Essa é uma tese israelense de que é melhor usar uma violência brutal e garantir a morte de todos os combatentes palestinos, mesmo que isso implique na morte de civis. Foi assim que tanques israelenses atacaram o Kibutz Beeri e helicópteros Apache atacaram a festa rave. O massacre foi realizado pelo próprio Estado de “Israel” e depois foi utilizado para encobrir a realidade.

O que o Hamas conseguiu no dia 7 de outubro foi destruir completamente o sistema de defesa de inteligência israelense, tomaram uma base militar inteira, atacaram por mar e por ar sem que os israelenses tivessem se preparado. O Domo de Ferro, sistema de defesa antiaéreo, antes considerado todo-poderoso, foi furado com facilidade. Todo o aparto de defesa contra a resistência palestina foi superado. Isso significa que o Hamas venceu a batalha militar, e demonstrou que a resistência pode infligir duros ataque a “Israel”. Esse inclusive foi o primeiro ataque militar em território israelense desde sua fundação. Uma virada gigantesca na luta política dos palestinos.

Mas se o dia 7 de outubro foi uma vitória por si só, os 6 meses que prosseguiram foram de um sucesso político gigantesco para a resistência palestina.

Seis meses de dilúvio

O que faz muitos observadores, que não analisam a luta política, considerarem que os palestinos estão perdendo é o tamanho do massacre realizado por “Israel”. Foram mais de 40 mil assassinados, somando o número oficial de mortes e desaparecidos. No entanto, isso não deve ser o critério para se analisar as vitórias políticas. Por esse critério, os argelinos e os vietnamitas estariam perdendo a guerra contra a França e os EUA, mas, mesmo com milhões de mortos, eles venceram. É uma característica das guerras de libertação nacional contra o imperialismo, a enorme brutalidade e morticínio, tanto nos movimentos que vencem quanto os derrotados. Mas então por que o Hamas está vencendo?

Em seu discurso de convocação do dia internacional de Jerusalém, o principal líder do Hesbolá, Hassan Nasseralá, colocou essa questão em termos muito acertados: “alguns desmotivadores em nossa região e em nosso mundo árabe e islâmico, e alguns hipócritas, focam na magnitude dos sacrifícios e ignoram a magnitude das conquistas”. E as conquistas são gigantescas.

A primeira foi citada acima, o mito Estado de “Israel” como força indestrutível no Oriente Médio caiu por terra. Após 6 meses de guerra sua imagem só piorou, o exército sionista não teve nenhuma vitória militar, não capturou sequer um prisioneiro, não assassinou comandantes do Hamas em Gaza, não conseguiu destruir a estrutura militar do Hamas e da resistência. Pelo contrário, os seis meses de guerra estimularam o crescimento da resistência. Em todo mundo árabe, dezenas, senão centenas de milhares, aderiram à resistência nos últimos meses.

O segundo impacto direto foi na política do Oriente Médio. O grande avanço do imperialismo era nos chamados processos de normalização, isto é, estabelecer relações totais com “Israel”. Eles garantiram o Egito em 1979 com os acordos de Camp David, depois a Jordânia em 1995 com Uadi Araba. A partir de 2020, começou o processo com os reinos do Golfo Pérsico, os Acordos Abrãao, assim Barém e Emirados Árabes Unidos normalizaram relações. Mas a grande vitória do sionismo seria a Arábia Saudita, maior base do imperialismo no Oriente Médio, fora “Israel”. Esse acordo caiu totalmente por terra, é impossível para qualquer país árabe agir abertamente a favor de “Israel” agora.

E para além disso, o Dilúvio de al-Aqsa sacudiu totalmente a política dos países árabes. No Egito e na Jordânia o governo pode cair a qualquer momento. No Iêmen, o governo nacionalista está mais forte que nunca. No Iraque, os EUA por pouco não foram expulsos do país. Isso abala também todas as monarquias, o rei do Cuaite chegou a suspender o parlamento. Todas as forças reacionárias capituladores ao sionismo se enfraqueceram, todas as forças revolucionárias que querem destruir o sionismo se fortaleceram.

Outra vitória, foi esse fenômeno na escala mundial. O povo do mundo inteiro está com a Palestina, principalmente nos países imperialistas, em que os governos são sionistas, a mobilização foi gigantesca. Houve uma gigantesca evolução política também nesses países. A política de um Estado, ou seja, fim do Estado de “Israel” agora é extremamente popular. O reconhecimento do Hamas como organização de libertação legitima também é enorme. O movimento é tão forte que acuou os governos imperialistas. A vitória do Hamas é tão gigantesca que a guerra pode derrubar o próprio governo Joe Biden, principal baluarte do imperialismo mundial. Na Inglaterra o impacto também é gigantesco e pode acabar com o sistema do bipartidarismo imperialista.

Por fim, a própria crise israelense é colossal, o fato de a guerra não ter acabado até agora é demonstração dessa crise, o fim da guerra levaria a todas as contradições internas de “Israel” a explodirem. O país está totalmente dividido, a extrema-direita de tipo nazista está mais forte que nunca, mais de um milhão de judeus Haredi (ultraortodoxos) estão ameaçando deixar o país, pois estão sendo obrigados a lutar na guerra, os dois milhões de palestinos que vivem dentro de “Israel” estão na iminência de um levante. A oposição a Netaniahu nas ruas é gigantesca e nenhuma dessas crises tem sinais de que diminuirá.

Essa é a magnitude da vitória do Hamas, como afirmou Nasseralá. Nunca antes na história da Palestina, a resistência esteve em uma posição de tanta força. Nunca antes, “Israel” esteve tão fraco. O que está faltando agora é a derrota militar total de “Israel” em Gaza. Quando isso acontecer, as vitórias políticas dos palestinos serão claras para todos os trabalhadores do mundo.

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