Na última sexta-feira (23), deputados da direita protocolaram uma representação no Tribunal Penal Internacional (TPI), o mesmo que condenou Vladimir Putin, contra o presidente Lula. O grupo de deputados usou de justificativa a declaração do presidente que comparou as ações de “Israel” na Faixa de Gaza com o nazismo alemão. Quem encabeça o pedido é o deputado federal bolsonarista Rodolfo Nogueira (PL), mas o documento foi assinado por 68 parlamentares. O bolsonarismo apela ao imperialismo para pressionar Lula.
Como de costume, na campanha sionista, as acusações contra Lula são de antissemitismo e discurso de ódio. Nas palavras do documento: “é inadmissível e irresponsável comparar situações incomparáveis” e também que as declarações de Lula “promovem uma narrativa que pode incitar a hostilidade, o ódio e a discriminação contra um povo e sua legítima defesa”. O documento, no entanto, não explica por que é diferente o genocídio realizado por europeus na Europa do genocídio realizado por europeus no Oriente Médio.
Ao mesmo tempo, o pedido utiliza o crime inventado de incitação a algo, que é, na verdade, um pretexto para a censura. Segundo a argumentação dos bolsonaristas, Lula é criminoso por supostamente incitar o ódio aos israelense. Já o Estado de “Israel”, que efetivamente mata centenas de palestinos todos os dias, não é criminoso. Aqui, também se escancara a farsa da defesa dos direitos democráticos feita pelos bolsonaristas. Para eles, a liberdade de expressão deve existir apenas para a direita.
Dentre os deputados que assinaram o documento estão: o próprio Rodolfo Nogueira (PL-MS); Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP); Ricardo Salles (PL-SP); Carla Zambelli (PL-SP); Sargento Fahur (PSD-PR); Marco Feliciano (PL-SP); Nikolas Ferreira (PL-MG); Bia Kicis (PL-DF); General Pazuello (PL-RJ); Carlos Jordy (PL-RJ); Kim Kataguiri (União-SP); Coronel Telhada (PP-SP). Ou seja, o núcleo duro do bolsonarismo.
Falsificações bolsonaristas típicas do sionismo
O documento está carregado dos típicos argumentos sionistas junto a falsificação das posições do presidente Lula. Ele afirma: “ademais, fica evidente a discordância consistente de Luiz Inácio Lula da Silva com a legítima existência do Estado de Israel, o que se configura como uma perseguição por razões de nacionalidade ao povo judeu”. Aqui, a farsa é dupla. Primeiro, Lula não é contra a existência do Estado de “Israel”, apesar de ser uma posição comum na esquerda. Segundo, ser contra o Estado de “Israel” não configura perseguição aos judeus. Maior prova disso são os milhões de judeus ortodoxos antissionistas no mundo inteiro.
Para os bolsonaristas, Lula teria cometido um crime contra a humanidade. Nas suas palavras: “conforme estabelecido no Artigo 7º, alínea ‘h’, do Estatuto de Roma, um ‘crime contra a humanidade’ inclui atos como perseguição de um grupo por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais e religiosos. Tais atos, quando cometidos no quadro de um ataque generalizado ou sistemático contra um grupo ou coletividade, constituem violações graves do direito internacional humanitário”. O argumento fica ainda mais absurdo: estão afirmando que uma declaração de alguns segundos é um crime contra a humanidade. Trata-se, mais uma vez, da estratégia do sionismo, que afirma que qualquer crítica a “Israel” equivale a defender o nazismo. O próprio governo de “Israel”, em suas redes sociais, afirmou que Lula era “negacionista do Holocausto”.
Ao fim, os deputados bolsossionistas pedem a condenação do presidente Lula: “após o regular processamento, que a ação penal seja julgada PROCEDENTE, para o fim de CONDENAR nas penas que este Tribunal entender cabíveis o senhor Luiz Inácio Lula da Silva por crime de perseguição de um povo por motivos políticos, nacionais, étnicos, culturais e religiosos”. É um festival de absurdo vindo de um grupo que defende, por exemplo, a Ucrânia, onde há nazistas de verdade; e que defendem “Israel”, que é um país que de fato se baseia na limpeza étnica do povo palestino. A direita troglodita quer usar a lei da mesma forma que o STF, e maneira totalmente arbitrária.
Brasil deve sair do TPI
O caso é positivo para levantar a questão do próprio Tribunal Penal Internacional. Este não é o mesmo tribunal que condenou “Israel”, ou seja, a Corte Internacional de Justiça (CIJ). É um tribunal em que diversos países de grande importância não participam, tais quais os EUA, a Rússia e a China. É um tribunal que está completamente a serviço do imperialismo, que condenou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas que nem coloca em questão a condenação de Netaniahu. No ano passado, ficou claro a utilidade do TPI quando Putin foi impedido de participar da cúpula dos BRICS na África do Sul.
Mas esse ano já há um enfrentamento marcado entre o governo Lula e o TPI. A Cúpula do G20 em novembro deveria ter a participação de Putin. Mas, pelas regras do TPI, o Brasil deveria prendê-lo caso ele pisasse em solo nacional. Essa campanha bolsonarista, na verdade, pode ser muito bem aproveitada pelo presidente. Lula deveria, ao mesmo tempo, retirar o Brasil do TPI e cortar todas as relações do país com o Estado de “Israel”.
