No sábado, dia 1 de junho, o jornal sinoista The Jerusalem Post publicou uma coluna assinada por David Ben-Basat de título A imprensa está trabalhando contra Israel e a serviço do inimigo – opinião. A peça, que poderia ser uma fantasia, contudo, é apresentada como séria, e o autor descreve a imprensa sionista imperialista internacional, os órgãos de comunicação daqueles que providenciam armas ao regime de Telavive, como alinhada contra seu projeto de limpeza étnica da Palestina. Apesar do ridículo, é um exemplo característico da farsa sionista, que eles utilizam para buscar se apresentar como vítimas enquanto praticam um genocídio.
“A BBC também é famosa por sua hostilidade com relação a Israel, com as perguntas de entrevistadores evidenciando sua chocante ignorância e desinteresse pela verdade. A rede holandesa NPO, também, é antipática quanto à causa do Estado judaico.”
Ambos os países são parceiros do sionismo, e a BBC, maior das duas citadas neste ponto do artigo, utiliza a imprensa israelense e o governo nazissionista como referências principais para comentar sobre o massacre que ocorre na Palestina. Não há sequer menção a qualquer organização da resistência que não seja pejorativa, como o apontamento sobre os números de vítimas palestinas serem do “Ministério da Saúde do Hamas”, numa campanha para descredibilizá-los.
A questão é que para partidários da supremacia racial como os sionistas, nada que não o apoio integral a sua política e a todas as suas mentiras é aceito como apoio. Qualquer crítica, qualquer dúvida sobre as mentiras recorrentes do sionismo, que são históricas, numa verdadeira compulsão de falsificações que ultrapassa décadas em sequência, é vista como um ataque total e inaceitável. Afinal, os fatos e a história não são amigos do sionismo.
O tamanho da farsa chega ao ponto de não ser possível dar qualquer credibilidade ao que diz o autor. Por exemplo:
“Musaua, o canal de televisão da Autoridade Palestina (AP), junto aos livros escolares antissemitas da AP feitos pela UNRWA, é responsável por programar as crianças palestinas a odiar Israel e os judeus.
O Canal 14 recentemente apresentou dois vídeos atualmente transmitidos na televisão palestina. Em um, crianças palestinas de quatro e cinco anos gritam entusiasticamente em árabe: ‘Milhões de mártires estão indo para Jerusalém. É o nosso país, e os judeus são nossos cães, bateram em nossas portas como pedintes. Vida longa à Palestina! Morte à Israel!'”
É simplesmente impossível acreditar em qualquer destas palavras. A UNRWA é uma organização das Nações Unidas, que definiram e impuseram o Estado de “Israel” sobre a Palestina. Historicamente, a ONU sempre se alinhou ao imperialismo, constituindo-se numa ferramenta daquele, condenando energicamente seus inimigos, e diminuindo as atrocidades cometidas pelo próprio imperialismo, de muito maior escala e profundidade.
E seria necessário um programa dedicado a atacar “os judeus”, como “Israel” insiste em confundir com os sionistas, para que as crianças e a população palestina queiram o fim do Estado sionista? A ocupação constantemente em expansão, as violências cotidianas, o bloqueio econômico, o roubo de terras, não seriam estas as causas do ódio dos palestinos a “Israel”? Sem falar no momento de destaque “inicial” da ocupação, em 1948, em que 800.000 palestinos foram removidos e mortos de suas casas e terras. Para os sionistas, só mesmo uma grande conspiração para que os palestinos tenham ódio por uma comunidade tão amável quanto a israelense.
Outro ponto ainda vale ser mencionado. A Autoridade Palestina há décadas está no bolso do sionismo e do imperialismo, mantendo uma verdadeira ditadura na Cisjordânia, que governa. O governo de Mamoud Abbas é notoriamente alinhado ao sionismo, e atua contra a resistência palestina.
A pobre vítima sionista denuncia que a juventude palestina, esmagada, ao crescer entra no Hamas. Teria algo a ver com o que acabamos de discutir? Não de acordo com a coluna no The Jerusalem Post. Vejamos uma definição mais acabada da perseguição alardeada pelos sionistas contra si mesmos:
“Ainda em 2014, o jornalista Matti Friedman, um veterano da imprensa internacional, descreveu uma realidade em que ‘O mundo está obcecado com os judeus, e a eles culpam pelas coisas que deram errado no mundo.’
É interessante ver Friedman, que se define como ‘um liberal e um esquerdista,’ descrever uma realidade de imprensa na qual a censura palestina é realizada através de ameaças, com jornalistas incapazes de exercer seu próprio critério.”
Como se vê em todo o mundo, uma gigantesca campanha de censura cerca a questão Palestina, mas não pelo lado que afirma o colunista do The Jerusalem Post. Os EUA buscam fechar o TikTok, que não utiliza algoritmos para censurar publicações sobre o caso. Na Alemanha, Inglaterra, França, e uma série de outros países, a bandeira da Palestina está proibida, o quefie, lenço tradicional palestino, também, assim como a defesa da Palestina. Onde está a campanha palestina de censura além de na mente degenerada de arautos do nazissionismo como David Ben-Basat?
E que importa a definição que um sionista dá a si mesmo? Quantos não se dizem “sionistas de esquerda”, quando o fazem para escamotear sua política genocida de limpeza étnica, que julgam mais eficiente se realizada de maneira menos escancarada? Uma farsa completa.
O autor conclui sua peça afirmando que “o conflito tomou uma proporção completamente inflada”, e aponta que “o mundo não está respondendo aos eventos de fato neste país conforme ocorrem, mas à forma com que estão sendo retratados pela imprensa”.
De fato, a reação ao genocídio de um povo massacrado há um século, a uma limpeza étnica levada a cabo através de um bloqueio de água, comida, energia elétrica, destruição de infraestrutura sanitária e hospitalar, e mais que isso, através de um brutal bombardeio da população civil, deve estar desmedida. “Por que o mundo se importa com a Palestina?” Seria mais honesto que o The Jerusalem Post e seu capacho formulassem desta maneira.
“Por que se importar com uma sub-raça?” Finalmente, é isso que os sionistas, de direita e esquerda, não conseguem compreender, pois se vêem como a raça pura e superior no mundo.
O plano de construir seu Estado supremacista e expandi-lo, no entanto, está por um fio de ruir completamente, graças à força unificada da resistência palestina, árabe, e à pressão internacional que cresce em apoio ao povo palestino por todo o planeta.